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Moisés Mendes

Moisés Mendes é jornalista, autor de “Todos querem ser Mujica” (Editora Diadorim). Foi editor especial e colunista de Zero hora, de Porto Alegre.

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O recado de Silvinei Vasques para Bolsonaro

Cansado, o policial rodoviário dá a entender que sabe de coisas escondidas pelo ex-chefe, escreve o colunista Moisés Mendes

Jair Bolsonaro e o diretor da PRF, Silvinei Vasques (Foto: REUTERS/Ricardo Moraes | Reprodução/Instagram)
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Há uma frustração não revelada entre os envolvidos nas investigações do golpismo, das muambas das arábias, dos cartões das vacinas e de outras falcatruas. Falta o ressentimento capaz de expelir ódios, acusações e provas.

Faltam os ressentimentos reservado e explícito, como esse agora manifestado por Silvinei Vasques, ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal. Os advogados de Vasques enviaram à Folha o recado que deveria ser lido por Bolsonaro. 

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Contaram ao jornal que pediram ao STF a revogação da prisão do policial com o argumento de que Bolsonaro, ex-chefe dele, está solto. A defesa cita o pretexto de Alexandre de Moraes, de que Vasques poderia influenciar testemunhas e destruir provas, e dá a cutucada:

"Se o argumento fosse válido, a Polícia Federal teria pedido a prisão do ex-presidente da República pelo mesmo fundamento. Isso porque, se o requerente (Vasques) poderia influenciar no ânimo de alguma testemunha, mesmo sendo pobre e um mero servidor público aposentado, com muito mais razão poderia o ex-presidente."

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Por que os advogados divulgaram o argumento, se nada conseguiram no STF com mais um pedido de revogação da prisão para o cliente na cadeia há oito meses? 

Tornaram público o detalhe do pedido para que Bolsonaro fique sabendo do choro e da raiva do policial: por que eu estou aqui no inferno e você, que era o chefe, anda por aí ostentando amizade com Deus ao lado de Malafaia?

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Mas ainda parece insuficiente para obter algum resultado e inspirar outros ressentidos. PF, Ministério Público e Supremo esperavam contar com maior colaboração de cúmplices de Bolsonaro que se consideram desprezados. Sempre foi assim em casos que envolvem muita gente em uma facção com várias ramificações. 

Não há até agora quase nada nessa direção, além da colaboração de Mauro Cid, que parece depender de maior amarração. Fabrício Queiroz chegou a simular o vazamento de áudios com ameaças à família: ou me socorrem ou eu conto tudo.

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O empresário Paulo Marinho também sugeriu que sabia coisas que um dos inventores da candidatura de Bolsonaro em 2018, Gustavo Bebianno, dizia saber. Mas as ameaças ficaram só no aviso.

Todos os que se sentiram abandonados e sugeriram ter informações sobre Bolsonaro estão mais fracos do que ele. Os calados não têm como tentar atingir um sujeito ainda com força política.

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É o que ajuda a explicar a escassez de manifestações ressentidas, ditas ou não em voz alta, com pistas que poderiam ajudar em investigações arrastadas. 

Com dezenas de investigados nas muitas frentes que envolvem Bolsonaro, o núcleo do governo, a família e os amigos, eram esperados desabafos e delações que reforçassem o trabalho do sistema de Justiça. 

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Mas Bolsonaro não tomba e isso inibe os que poderiam, por despeito e por abandono, erguer o dedo contra ele. Mesmo que Silvinei Vasques, avesso a uma delação formal até agora, insinue que tem menos provas a destruir do que Bolsonaro.

Falta chegar, pela fragilização e pelo cansaço do ressentido, ao que ele possa de fato ter, se continuar desamparado pelos antigos chefes que desgraçaram sua vida.

Contaram que Bebianno, citado por Marinho, e o miliciano Adriano da Nóbrega sabiam coisas que outros nunca souberam. Mas os dois estão mortos.

Os vivos que podem saber são cuidadosos, porque não têm público para subir num trio elétrico com Malafaia. Não têm base popular, não têm votos e nem pastores. 

Não contam com a proteção de milicianos. Não dispõem de um Deus com o poder do que protege Bolsonaro. Os ressentidos quietos têm em comum a desproteção e o medo.

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