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Nordeste

PSB incentiva candidatura de Dani Portela na tentativa de barrar Túlio Gadêlha na disputa à Prefeitura do Recife

Aliados de João Campos articulam para que Dani Portela seja a escolhida da federação Rede/PSOL. O PSOL, por sua vez, reafirma sua independência e nega ser "linha auxiliar" do PSB

Dani Portela e Tulio Gadelha (Foto: Reprodução | Agência Câmara)
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247 - Na cúpula do Palácio Capibaribe, sede da Prefeitura do Recife, considera-se fundamental para o resultado eleitoral imaginado pelos aliados do prefeito João Campos (PSB) a confirmação da candidatura da deputada estadual Dani Portela (PSOL) como representante da federação Rede/PSOL nas eleições de outubro. Isso porque o PSOL na capital pernambucana tem se mantido entre a postura neutra e até de aliada da gestão socialista no Recife: os membros do partido não questionam a gestão Campos. Na Assembleia Legislativa, Dani Portela é liderada – no bloco de partidos PSB/PSOL/Republicanos – pelo deputado estadual do PSB Rodrigo Farias, ex-chefe de gabinete do ex-prefeito do Recife Geraldo Julio (PSB).

Dani Portela disputa com o deputado federal Túlio Gadêlha (Rede) a indicação da federação, que já decidiu que terá representante nas eleições majoritárias da capital pernambucana. Enquanto a deputada estadual tem mantido o controle dos correligionários locais, Túlio aposta na articulação nacional, já que a federação escolheu nomes do PSOL em outras eleições majoritárias no Estado de Pernambuco, sendo mais forte o argumento de rotatividade – agora seria a vez da Rede. “A candidatura de Dani é muito tranquila para João Campos porque PSOL e PSB são formalmente e na prática aliados de primeira hora na Alepe, inclusive há uma relação pessoal da deputada com o prefeito João Campos, com direito a publicações redes sociais quando o prefeito a visitou após o parto do seu filho, Jorge, em fevereiro desse ano. Ele fez questão de publicar e mostrar a sintonia. A ideia é ela não atrapalhar o prefeito, focando em associações com o governo federal e trazendo pautas contra o governo estadual”, afirmou uma fonte da federação.

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No Instagram, João Campos publicou foto com Dani Portela, possível adversária, no dia 27 de fevereiro deste ano com a seguinte legenda: “Saiba que você (se referindo ao filho da deputada) tem uma mãe guerreira e muito orgulhosa com sua chegada”. Nas redes social da parlamentar do PSOL, de 237 postagens no feed da sua conta no Instagram em 2024, há apenas duas menções à situação cidade do Recife, enquanto há mais de 30 pautando questões do governo estadual, inclusive com críticas contundentes direcionadas à gestora estadual. Outros assuntos mais expostos por Dani Portela dizem respeito a pautas nacionais, defesas do governo federal e críticas ao bolsonarismo.

Na Câmara do Recife, o PSOL ocupa duas cadeiras, através do vereador Ivan Moraes e da vereadora Elaine Pretas Juntas. Embora menos governistas que a maioria, os dois também têm poupado a gestão municipal de críticas mais sistemáticas. Ivan Moraes não será candidato à reeleição e a chapa do PSOL conta com nomes alinhados à gestão do PSB, como as pré-candidatas Carol Vergolino e Jô Cavalcanti, também mais centradas nas críticas à gestão estadual e na defesa do governo Lula. 

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“A estratégia do PSB é minar a fala de Túlio, que teve boa votação no Recife e permeia assuntos que miram a esquerda e os jovens, como sustentabilidade, mobilidade, direitos sociais, enquanto garante com Dani Portela uma candidatura auxiliar à gestão municipal”, acrescentou uma fonte da Câmara do Recife. Túlio Gadêlha, por sua vez, pode se aproveitar da insistência de Tábata Amaral (PSB) em disputar a eleição de São Paulo, dividindo os votos da esquerda na capital paulista, que já também tem Guilherme Boulos (PSOL) como candidato. Se o PSB insiste em Tábata em São Paulo, contra o PSOL, haveria de se haver uma reação da federação no terreno principal dos socialistas, o Recife. A reação atenderia pelo nome de Túlio.

ATUALIZAÇÃO [19h20]: Após a publicação da presente matéria, o pré-candidato Túlio Gadêlha compartilhou o texto em suas redes sociais e comentou que "não é a primeira vez" que o PSB "tenta tirá-lo da disputa de Recife", apontando que em 2020 "entregaram a vice ao PDT em um acordo para que ele não disputasse aquela eleição". O parlamentar ainda acrescentou: "agora, tentam fazer isso com o PSOL".

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O PSOL, por sua vez, se manifestou por meio de nota oficial negando que atue como "linha auxiliar" do PSB na cidade. O partido afirma que "se coloca como oposição no Recife desde a eleição de Geraldo Júlio em 2012" e que a "independência e autonomia são pilares fundamentais" de sua construção programática e ideológica no estado de Pernambuco. Confira a nota oficial do PSOL na íntegra abaixo:

NOTA OFICIAL -  PSOL PERNAMBUCO

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Em resposta à matéria publicada na última segunda-feira (6) pelo Portal 247 e postada nas redes sociais do deputado federal Túlio Gadelha (Rede Sustentabilidade), o PSOL Pernambuco vem a público externar o seu repúdio às afirmações divulgadas. O partido e as suas lideranças foram acusados de serem uma suposta "linha auxiliar" do PSB no Recife. Consideramos a alegação não só injusta, como também infundada, atentando contra os nossos princípios ideológicos como partido socialista. É imperativo negritarmos a nossa posição e defendermos as nossas bandeiras de atuação política!

O Partido Socialismo e Liberdade em Pernambuco tem e faz História. Fazemos oposição programática e de esquerda aos governos do PSB desde 2006. Somos a única força política e partidária com representação parlamentar que sempre se posicionou na oposição aos governos estaduais de Eduardo Campos e Paulo Câmara. Nossa independência e autonomia são pilares fundamentais de nossa construção programática e ideológica no estado de Pernambuco. Em 2014, quando elegemos nosso primeiro parlamentar estadual, mantivemos nossa atuação de fiscalização e oposição na ALEPE durante o primeiro governo de Paulo Câmara. Em 2018, com a eleição das Juntas Codeputadas, primeira mandata coletiva a ter uma cadeira na ALEPE, qualificamos nossa oposição programática e de esquerda ao governo do PSB.   

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No Recife, o PSOL se coloca na oposição desde a eleição de Geraldo Júlio em 2012. Em 2016, quando elegemos Ivan Moraes, nosso primeiro vereador na capital, atuamos de forma contundente na oposição de esquerda. Temos e sempre tivemos uma atuação qualificada e com recorte político distinto das oposições que ao longo do tempo foram rompendo com o PSB e se localizaram na direita e na extrema-direita. Essa posição política e parlamentar se mantém até hoje em nossa bancada através das representações da vereadora Elaine Cristina e do vereador Ivan Moraes, passando pela importante atuação de Dani Portela, que foi a vereadora mais votada do Recife em 2020 numa eleição polarizada contra o governo do PSB. Cabe ressaltar, também, que Dani, atual Deputada Estadual, foi o nome da esquerda nas eleições estaduais de 2018, nas quais o PSOL fez história. Mesmo com recursos muito escassos, Dani foi a terceira candidata mais votada no pleito, com uma candidatura propositiva e crítica às gestões do PSB.

Entendemos que, em um cenário político diversificado e dinâmico, é comum que diferentes grupos e partidos compartilhem pontos de vista semelhantes em determinadas questões. A construção da frente ampla em 2022 para derrotar o fascismo a nível nacional nos colocou em palanques unitários. A oposição ao governo de Raquel Lyra também nos impõe essa unidade na ALEPE.  No entanto, isso não implica em uma relação de subordinação ou dependência. A convergência de ideias em certos temas não significa uma adesão incondicional. 

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Reiteramos nosso compromisso com a nossa História de construção política e partidária independente no estado de Pernambuco e em Recife. E por isso não nos furtamos a fazer desde a nossa maior expressão de democracia interna, nossa Conferência Municipal, a escolha por Dani Portela como pré-candidata à Prefeitura desta cidade. Entendemos que é hora de o Recife ter uma mulher negra prefeita, assim como também é imprescindível garantir a nossa bancada na Câmara, em busca da ampliação, tendo, nesse espaço majoritariamente branco e masculino, mais mulheres negras, pessoas LGBTQIAPN+ e com deficiência.

Por fim, pedimos que as discussões políticas sejam pautadas pelo respeito mútuo e pela busca da verdade. É somente através do debate construtivo e da cooperação que podemos avançar enquanto entes federados.

Recife, 07/05/2024

Direção Estadual do PSOL Pernambuco

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