De volta a Veja, Sabino escreve sobre Mainardi

No seu primeiro texto depois da volta ao jornalismo, ex-redator-chefe da revista resenha novo livro de Diogo que aborda um drama pessoal: a paralisia cerebral do filho; autor revela porque se mudou do Rio para Veneza: José Dirceu, segundo Mainardi, emporcalha os quadros do pintor Tintoretto

De volta a Veja, Sabino escreve sobre Mainardi
De volta a Veja, Sabino escreve sobre Mainardi (Foto: Edição/247 )


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247 – Depois de uma saída turbulenta da revista Veja, em que o diretor Eurípedes Alcântara anunciou o seu abandono do jornalismo, e de uma passagem-relâmpago, de apenas 17 dias, pela assessoria de imprensa CDN, o polêmico jornalista Mario Sabino voltou ao batente. Na própria Veja, onde passou a ser correspondente em Paris.

Seu primeiro texto trata do novo livro de um personagem que, juntamente com Sabino, ajudou a moldar a imagem de Veja nos últimos anos: Diogo Mainardi. Trata-se do romance “A Queda – as memórias de um pai em 424 passos”, em que o ex-colunista de Veja – o “mais lido”, segundo Sabino, entre 1999 e 2010 – fala de um drama pessoal: a paralisia cerebral de seu filho mais velho, Tito Mainardi, atribuída pelo autor a um erro médico num hospital de Veneza.

Mainardi falou a Sabino sobre como a doença do filho mudou sua vida. “O nascimento de Tito me fez deixar os romances de lado, porque mudou o narrador. Em meus romances, eu era o narrador onisciente, que comandava o destino de um bando de personagens idiotas. Depois de Tito, eu me tornei o personagem idiota, e meu destino passou a ser narrado por um menininho de pernas tortas que nem sabia falar. Morreu a minha soberba autoral e, sem ela, era impensável continuar a escrever romances. Dito de outra maneira: eu sempre imaginei que saberia manter um razoável controle sobre os fatos da minha vida. Tito me mostrou, porém, que eu nunca controlei porcaria nenhuma, e que a única possibilidade de livre arbítrio ao meu alcance estava na leitura dos fatos, e não nos fatos em si.”

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Segundo Sabino, o livro de Mainardi é “magnífico em sua humanidade”. Mas a resenha não passa ao largo da política. Mainardi também fala ao amigo Sabino sobre o fim de sua coluna em Veja e a mudança do Rio de Janeiro para Veneza. “Sou incapaz de pensar num José Dirceu e, ao mesmo tempo, num Tintoretto. O José Dirceu emporcalha o Tintoretto”, disse Diogo.

A frase, parágrafos depois, é encampada pelo próprio Sabino. “Diogo só poderia escrever esse livro em Veneza, ainda que José Dirceu não emporcalhasse Tintoretto. Foi nessa cidade sem paralelo, que coroa a vaidade do pensamento e da arte, que Diogo se refugiou para escrever seus quatro romances. Foi nessa cidade diferente de todas as outras que ele conheceu a sua queda particular – e, nela, reconheceu as nossas aspirações evanescentes que insistem em sobreviver em quaisquer latitudes.”

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Exilados em Veneza e Paris, Mainardi e Sabino já não dão mais o tom agressivo que marcou a revista Veja nos últimos anos. Mas ainda não se libertaram de seus fantasmas, de suas obsessões nem do sonho de virem a ser reconhecidos, um dia, como grandes escritores. O que ainda, apesar dos elogios trocados, não conseguiram.

 

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