Aécio do Oiapoque ao Chuí

Senador mineiro e mais provável candidato dos tucanos à sucessão de Dilma tem agenda de campanha política, com compromissos em todas as regiões brasileiras; desafio é tornar-se conhecido em outros estados além de Minas, único caminho para ter chances contra uma presidente com altos índices de aprovação

Aécio do Oiapoque ao Chuí
Aécio do Oiapoque ao Chuí (Foto: Edição/247)


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Minas 247 - Provável candidato do PSDB à presidência da República daqui a dois anos, o ex-governador e atual senador de Minas Gerais Aécio Neves já mantém uma rotina de campanha política. Nos últimos meses, ele rodou todas as regiões brasileiras, em eventos diversos.

Um levantamento feito pela jornalista Nara Alves, do portal iG, mostra que Aécio percorreu 13 estados brasileiros, sem contar Minas Gerais, nos últimos oito meses. Participou de encontros partidários, fóruns, convenções, lançamentos… O Congresso Nacional do PSDB Mulher, por exemplo, não foi aberto por uma liderança tucana do gênero feminino, mas pelo senador mineiro.

O périplo, claro, está diretamente relacionado à provável candidatura presidencial em 2014. Especialistas no assunto são unânimes em apontar como maior ponto fraco do tucano o fato de não ser muito conhecido fora do Sudeste brasileiro, destacadamente fora de Minas Gerais. Como nunca foi candidato majoritário a cargo nacional, Aécio Neves é um nome pouco reconhecido em regiões eleitoralmente importantes como o Nordeste - não é à toa que a região foi uma das mais visitadas no período. Atacando esse ponto fraco, o tucano acredita que, enfim, se colocará como candidato inevitável do PSDB, enfraquecendo o discursos dos serristas no partido. 

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Leia abaixo a reportagem de Nara Alves para o portal iG

O senador Aécio Neves (MG) decidiu que chegou a hora de sacudir o poleiro dos tucanos. Enquanto candidatos e partidos se concentram na definição das chapas para as eleições 2012, ele viaja o Brasil de olho na corrida de 2014. Em campanha pela indicação do PSDB como candidato à sucessão de Dilma Rousseff, o ex-governador de Minas aproveita a folga parlamentar para lançar-se em voo solo. Em apenas oito meses, ele já percorreu 13 Estados, além de Minas Gerais, agitando encontros, fóruns, convenções, lançamentos ou qualquer evento que reúna lideranças locais de seu partido.

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As visitas a dois Estados da região Sul (Rio Grande do Sul e Paraná), três do Sudeste (São Paulo, Rio de Janeiro e, naturalmente Minas), três do Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul), dois do Norte (Acre e Pará) e três do Nordeste (Pernambuco, Rio Grande do Norte e Bahia) mostram que o ex-governador está em campanha do Oiapoque ao Chuí. A próxima parada deverá ser no Maranhão.

Oficialmente, as viagens fazem parte da mobilização do PSDB para promover debates sobre uma nova agenda para o País. Na prática, o senador costura sua indicação como presidenciável tucano. A estratégia da direção do partido é convocar, para o início do próximo ano, as prévias que indicarão o nome oficial do PSDB. Assim, Aécio se livraria de um confronto direto com o ex-governador José Serra. “Se Serra ganhar a disputa pela prefeitura de São Paulo, terá que se preocupar com o governo e não poderá entrar numa disputa interna do PSDB”, prevê um cacique tucano. “Se ele perder, não terá condições de ser candidato à Presidência.”

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A peregrinação do senador é patrocinada pela Executiva Nacional da legenda, que faz de Aécio a maior estrela dos eventos da sigla. Reunindo centenas de lideranças por onde passa, ele beija, abraça, distribui autógrafos e fotografa ao lado de pré-candidatos a prefeituras e câmaras municipais. Fala sobre a importância da união do partido e pede "o apoio que lhe falta" para consolidar sua candidatura.

No Congresso Nacional do PSDB Mulher, no Recife, por exemplo, a abertura não foi feita por uma mulher, mas sim por Aécio, que aproveitou para pedir apoio. "Se couber a mim, pela decisão do partido, essa responsabilidade (de ser candidato à Presidência), e se em determinado momento da caminhada as dificuldades parecerem intransponíveis, eu tenho certeza que eu vou olhar para o lado e vou encontrar no olhar, no sorriso e no abraço da mulher tucana, a força que me falta para superar os obstáculos e levar o PSDB à vitória", discursou, em meio ao frenesi das tucanas. 

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Quando não está em Brasília ou em viagens para outros Estados, o parlamentar se divide entre Belo Horizonte e o Rio de Janeiro, onde tem um apartamento e uma vida social agitada. Na capital mineira, Aécio participou em maio do encontro estadual do PSDB, do 29º Congresso Mineiro dos Municípios e da Expominas, onde homenageou o empresário Eike Batista, mineiro nascido em Governador Valadares. Em março, esteve no encontro com presidentes de partidos aliados, em Belo Horizonte.

Até o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, presidente nacional do PSD, esteve em Minas Gerais com Aécio. No dia 2 de maio, os dois conversaram durante uma festa na casa do deputado federal Marcos Montes Cordeiro (PSD-MG), em Uberaba. A festa antecedeu a abertura da 78ª edição da Expozebu, onde Aécio discutiu demandas da agropecuária brasileira.

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Na capital paulista, durante o 1º Congresso Sindical do partido, que contou com a presença de Serra, o senador mineiro foi aclamado no microfone pelo próprio presidente estadual do PSDB-SP, deputado Pedro Tobias, como candidato tucano à Presidência. No evento, realizado em 27 de abril, odesconforto entre Aécio e Serra ficou evidente. Na véspera, o senador havia declarado não descartar a hipótese de o pré-candidato à Prefeitura vir a disputar a Presidência em 2014.

Meses antes, em 18 de janeiro, Aécio esteve em São Paulo e, na ocasião, enfatizou a importância de uma aliança com o governador paulista. "Temos que estar aqui, sempre muito sintonizados com o governador Geraldo Alckmin, que é uma das mais expressivas, e decisivas, lideranças do PSDB", disse. Alckmin parece estar correspondendo, já que Pedro Tobias, que aclamou Aécio diante de Serra, fala quase diariamente com o governador de São Paulo.

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Outro governador que recebe afagos do senador, mas nos bastidores, é Sérgio Cabral (PMDB), do Rio de Janeiro. Como o iG apurou, sob influência do senador, a maioria dos integrantes tucanos naCPI do Cachoeira ajudou a derrubar o requerimento de convocação de Cabral em 30 de maio. Foi uma articulação que tem um pé no passado e outro no futuro. Aécio e Cabral fazem parte da mesma geração de políticos e são amigos de longa data. Para o futuro, está um ainda discreto desejo de Aécio de seduzir o PMDB, partido do vice-presidente da República, Michel Temer. Nos vários cenários com os quais o grupo de Aécio trabalha para 2014 existe um cenário no qual esse acordo seria sacramentado com a indicação de Eduardo Paes, o atual prefeito do Rio e aliado de Cabral, a vice da chapa PSDB-PMDB.

Em Pernambuco, além de abrir o Congresso Nacional do PSDB Mulher, no último dia 18 de maio, o mineiro também se reuniu com o governador Eduardo Campos, presidente nacional do PSB, no Palácio das Princesas, junto com o presidente nacional do PSDB, Sérgio Guerra, e outras lideranças locais. Essa foi sua terceira viagem como senador ao Nordeste e ela se insere no outro cenário com o qual Aécio trabalha para 2014: uma grande aliança com o PSB, um sonho que alimenta, desde a frustrada tentativa de ser candidato em 2010.

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Aécio esteve, em 10 de fevereiro, em Natal, no Rio Grande do Norte, onde foi recebido pela governadora Rosalba Ciarlini (DEM) e pelo presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia. O tucano também se encontrou com cerca de 400 líderes comunitários e participou de um encontro promovido pelo Instituto Teotônio Vilela.

Dois meses antes disso, o ex-governador de Minas foi a Salvador e ao município Dias D’Ávila, na Bahia. Na capital baiana, o senador se encontrou em um hotel com 250 lideranças empresariais e políticas, como ex-ministro Geddel Vieira Lima (PMDB) e o deputado ACM Neto (DEM).

Na região Norte, ele se reuniu no dia 31 de maio com lideranças políticas em Belém e, em seguida, foi conhecer o município de Paragominas, reconhecido por sua gestão sustentável e administrado pelo PSDB.

No dia 22 de março, Aécio também esteve na região Norte, no Acre, onde se reuniu novamente com lideranças locais de diversos partidos e defendeu uma política de investimentos dirigida à Amazônia por parte do governo federal.

Em Goiânia, o senador participou no dia 16 de dezembro de 2011, ao lado do governador tucano Marconi Perillo, do Congresso da Juventude do PSDB, que reuniu 1000 jovens tucanos. O evento ocorreu antes de estourar o escândalo envolvendo o governador e o contraventor Carlos Cachoeira, que resultou na instalação da CPI do Cachoeira no Congresso. No evento em dezembro, Aécio reforçou o discurso de que é preciso defender o legado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e destacou as privatizações na telefonia e na siderurgia.

Na região Centro-Oeste, Aécio Neves também esteve em Mato Grosso e em Mato Grosso do Sul. Em Cuiabá (MT), o senador participou de um debate sobre gestão pública com líderes empresariais e políticos. Em Campo Grande (MS), ele também se reuniu com lideranças políticas para falar da “importância das eleições municipais deste ano para intensificar o debate sobre os problemas e as mudanças necessárias ao País”, segundo sua assessoria.

A agenda do parlamentar no Sul do País casa com a realização de grandes eventos ligados a comércio e agronegócio. Convidado, Aécio compareceu no último dia 7 de fevereiro à feira agropecuária Show Rural Coopavel, em Cascavel, no Paraná.

Meses antes, em 19 de dezembro de 2011, Aécio já havia estado na capital paranaense, ao lado do governador tucano Beto Richa, para receber a mais alta comenda do governo do Estado, a Grã Cruz da “Ordem Estadual do Pinheiro”.

Em 11 de novembro de 2011, a parada foi em Porto Alegre e Gramado, no Rio Grande do Sul. Na capital gaúcha, ele participou de um encontro com lideranças políticas e, em seguida, seguiu para a 42ª Convenção Estadual Lojista, em Gramado. Estiveram no mesmo evento a senadora Ana Amélia (PP), os deputados federais Marchezan Júnior (PSDB) e Onix Lorenzoni (DEM), o presidente do PPS da capital gaúcha, deputado estadual Paulo Odone, e o senador Pedro Simon (PMDB), além de prefeitos, vereadores, e muitos pré-candidatos.

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