Russos alcançam mundo desconhecido no Polo Sul

Cientistas russos acabam de penetrar no lago subglacial Vostok, na Antrtica. Imenso reservatrio de gua temperada, no seu interior podem existir formas de vida totalmente desconhecidas

Russos alcançam mundo desconhecido no Polo Sul
Russos alcançam mundo desconhecido no Polo Sul (Foto: Divulgação)


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“Ontem, segunda-feira, 6 de fevereiro, a uma profundidade de 3768 metros, na Estação Vostok na Antártica, nossos cientistas completaram a perfuração e alcançaram o nível do lago subglacial”, anunciou o comunicado oficial russo. Depois de 40 anos de trabalho contínuo, esses pesquisadores conseguiram chegar, com uma broca de 13 centímetros de diâmetro, às portas de um mundo onde ninguém jamais esteve: o maior lago subglacial do Polo Sul.

O lago Vostok é um imenso reservatório de água temperada, sepultado há vinte milhões de anos. Seu comprimento é de 250 quilômetros, com 50 quilômetros de largura e um quilômetro de profundidade. Tão grande quanto o lago Ontário, ele está localizado a 3,7 quilômetros abaixo da superfície. Sobre ele, está uma camada de 3,7 quilômetros de gelo maciço, acumulada graças às precipitações de neve ocorridas durante milhões de anos.

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Lá, no coração da Antártica, os pesquisadores do pequeno posto científico russo que há décadas se dedica ao projeto não escondem sua alegria: o Vostok permaneceu isolado do resto do planeta e dos raios do Sol per centenas de milhares de anos, provavelmente por mais de um milhão de anos. Trata-se de um lago real, contendo água líquida. Nesse ambiente podem ter se desenvolvido formas de vida inteiramente desconhecidas.

Neste momento, os pesquisadores da Base Vostok enfrentam a ameaça da chegada do inverno antártico. Procuram assim terminar o mais rapidamente possível os trabalhos que permitirão a coleta de quantidades de água do lago Vostok. Ele é um dos cerca 400 lagos subglaciais antárticos até agora descobertos.

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Ingleses e americanos na corrida

O trabalho dos russos começou há 40 anos, mas este ano o desafio para que seja completado é maior do que nunca. À região chegaram esquadrões de outros pesquisadores com os mesmos objetivos, provenientes dos Estados Unidos e da Inglaterra. Eles estão instalando sofisticadas aparelhagens nas imediações de outros lagos antárticos, e suas perfurações terão início na próxima primavera do hemisfério sul, entre setembro e outubro.

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A curiosidade do mundo científico é enorme: a bacia do lago Vostok pode se revelar um verdadeiro endoplaneta, um mundo desconhecido e autônomo no interior do planeta Terra. Segundo algumas hipóteses (todas sujeitas a avaliação, porém muito sugestivas), nessa bacia subterrânea o ciclo da água poderia ser completo. Ou seja, essa caverna poderia hospedar fenômenos meteorológicos de todo tipo, chuva e temporais e importantes deslocamentos de massas de ar. Sem falar em formas complexas de vida.

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Os lagos antárticos são numerosos, e o Vostok é um dos maiores. A água que ele contem pode ser velha de mais de um milhão de anos; nela poderia existir uma vida que evoluiu em ambientes muito frios, os mesmos ambientes que poderíamos encontrar em mundos extraterrestres. “Acredito que lá poderemos encontrar organismos únicos”, declarou John Priscu, microbiologista da Universidade de Montana e um veterano das pesquisas na Antártica. Priscu também trabalha como consultor nas atuais pesquisas conduzidas pelos russos. Ele é o último cientista estrangeiro que teve acesso aos dados dos seus colegas russos. As autoridades russas determinaram que a partir de agora todas as atividades desenvolvidas na base permaneçam secretas.

A estação glacial Vostok

Frio de 89 graus abaixo de zero

O que parece certo é que o trabalho desenvolvido pelos russos não terá interrupção: se quiserem atingir o objetivo (recolhimento de uma quantidade de água do Vostok) antes de se retirar eles dispõem apenas de mais algumas semanas. A temperatura no local já atingiu 40 graus negativos e, nas próximas semanas, com a aproximação do outono, poderão ser tão baixas a ponto de impedir a aterrissagem e posterior decolagem de qualquer avião. Foi exatamente nessa região que, em julho de 1983, foi registrada uma temperatura de 89 graus negativos.

Esses lagos subglaciais permanecem líquidos pelo fato de estarem isolados das temperaturas extremas reinantes na superfície do continente. Interessam aos cientistas pelo fato de que podem abrigar formas de vida (sobretudo bactérias e outros micróbios) não encontráveis em nenhum outro lugar da Terra. Tratar-se-ia de seres acostumados, durante milhões de anos, a viver em condições extremas: baixas temperaturas, escuridão, pressão elevada e nutrientes escassos. Além disso, naquelas profundidades poderão ser encontrados traços das antigas mudanças climáticas ocorridas na Terra.

Os resultados aparecerão na próxima primavera

O importante é que agora todos os problemas parecem ter sido superados. Assim que a água, devido à pressão, subir pelo canal aberto pelo perfurador, ela irá se acumular num reservatório alto cerca de um metro. Assim que isso acontecer, a água acumulada permanecerá congelada durante o inverno. Entre a primavera e o início do verão, quando as equipes de cientistas russos retornarem, ela será descongelada e os estudiosos poderão ter uma primeira ideia não apenas de seus dados físico-químicos, porém também das características da eventual flora e fauna que povoa o lago Vostok.

Vídeo: O mistério do lago Vostok

 

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