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    Daniele Barbosa Bezerra

    Doutora em Educação (UFC), professora, pesquisadora de gêneros biográficos e memorialísticos, contista e cronista.

    35 artigos

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    A posse poesia

    O povo brasileiro assistiu a tudo surpreso e emocionado, pois nesse instante sentiu que havia tomado posse dos rumos do país, escreve Daniele Bezerra

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante cerimônia de posse, no Palácio do Planalto. (Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

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    Por Daniele Bezerra

    Há muito tempo que eu não chorava de alegria. Nos últimos anos as lágrimas banharam o meu rosto pela desesperança, pelo medo do futuro, pela falta de perspectivas, pela dor da perda de parentes e amigos, vítimas da Covid19 e do Covard17. Ontem foi diferente. As lágrimas escorriam na minha face e nos rostos daqueles que estavam perto de mim, pela emoção de nos reconhecermos protagonistas da posse, em meio ao protocolo de evento, cujos símbolos se transmutaram em poesia e se fizeram presentes do início ao fim do evento.  

    A começar por aquele mar vermelho composto por pessoas de todas as regiões do Brasil, onde os sotaques, as culturas, as peles, os credos se misturavam harmonicamente para inundar a paisagem de Brasília e seu modelo de avião que divide os seus habitantes em classes, a executiva e a econômica. Ali naquele mar de gente não havia espaço para a segmentação. Era o Brasil puro na sua essência, a imagem do país que queremos e que o presidente eleito sinalizou durante sua posse poesia.

    Eis que surge o gigante. Um homem baixinho, velho, de cabelos brancos e com uma disposição invejável, acompanhado por sua jovem bem amada, vestida com bordados em palha, artesanato típico do nordeste brasileiro; pelo seu vice e sua elegante esposa. Contrariando a todos que temiam por sua segurança, desfilou de carro e peito abertos, revelando a persistência em querer ser feliz do seu povo, que sempre encarou o viver com enorme resiliência. Atendeu, talvez, inconscientemente, ao pedido de sua mãe, D. Lindu, imortalizada em seus gestos e palavras: “Teima filho, teima”. Enquanto o Rolls Royce desfilava, o mar vermelho se movimentava em ondas, querendo acompanhar o movimento do seu comandante.  

    A subida à rampa do Palácio do Planalto, movimento por demais esperado pelo seu povo, foi motivo de muita preocupação de sua equipe de segurança, tendo em vista as inúmeras ameaças de morte que o líder dos trabalhadores recebeu dos terroristas bolsonaristas. O Fabiano Trompetista tocou o jingle do Lula com o seu parceiro, o Trompete. Fui uma das vozes que encamparam uma campanha para a sua participação na posse do nosso presidente. Afinal, Fabiano e seu instrumento, foram um alento de esperança quando estávamos no fundo de um poço sem molas. Enquanto a mídia conservadora, em tempos de Lavajatismo, humilhava o Gigante, surgia o músico nas transmissões de rua, ao vivo, lembrando ao mundo que o Lula não poderia ser esquecido.    

    Inusitadamente, sobem a rampa com o presidente eleito, um menino negro, Francisco Carlos do Nascimento; Raoni, líder indígena; Ivan Baron, influencer da comunidade PCD (Pessoas com Deficiência); Murilo Jesus, professor; Wesley Rodrigues, metalúrgico; Aline Sousa, catadora de recicláveis; dois apoiadores da Vigília Lula Livre, Jucimara dos Santos e Flávio Pereira; além da cadelinha Resistência, que vivia nas ruas improvisadas da Vigília Lula Livre e que foi adotada pela primeira dama, quando ela visitava o presidente no calabouço da república de Curitiba. O povo brasileiro assistiu a tudo surpreso e emocionado, pois nesse instante sentiu que havia tomado posse dos rumos do país.  

    O coroamento desse momento aconteceu quando a faixa presidencial passou pelas mãos desses representantes do povo, até chegar as de Aline Sousa que, cuidadosamente, entregou ao presidente eleito, como se lhe dissesse: “O povo a retirou do lixo bolsonarista, eu reciclei e agora é tua, presidente Lula!”. Pura poesia.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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