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    Mauro Lopes

    Mauro Lopes é jornalista, editor do Brasil 247 e apresentador do Giro das 11 na TV 247. Fundador do canal Paz e Bem, de espiritualidade aberta e plural.

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    Estudo revela que eleitorado de extrema direita na Europa é o que mais se identifica com Putin

    Identidade dos eleitores de extrema direita com Putin é três vezes maior que a do eleitorado dos demais partidos em nove países europeus, indica pesquisa

    Le Pen e Putin (Foto: Reuters)

    Por Mauro Lopes

    O Pew Research Center, centro de pesquisas respeitado mundialmente, realiza periodicamente a pesquisa Atitudes Globais, em 16 países. A mais recente, de 2021 apresentou dados muito relevantes sobre a base de apoio e simpatia a Putin na Europa. O estudo deu base a um artigo do professor Alexandre Afonso, da Universidade de Leiden (Holanda), “A popularidade de Vladimir Putin entre os eleitores de extrema direita na Europa Ocidental”.

    A indagação do artigo é sobre a correspondência (ou não) das relações de proximidade e identidade dos líderes da extrema direita europeia com Putin em suas bases eleitorais. Como relata Alonso, “sabemos que vários partidos de extrema direita radical na Europa Ocidental desenvolveram ligações substanciais com o governo russo ao longo dos anos”. Ele menciona as ligações de alguns partido com Putin, a começar do Reagrupamento Nacional (Rassemblement National) de Marine Le Pen, que em 2014 obteve um empréstimo de nove milhões de euros com um banco russo ligado ao Kremlin para suas campanhas eleitorais. Ele menciona também Matteo Salvini da Itália, que fez um acordo em 2018 para receber dinheiro dos russos para sua Liga Norte,e frequenta o Kremlin com regularidade.  

    As perguntas que se fez o professor Alonso foram “Agora, se sabemos que as elites desses partidos gostavam muito de Vladimir Putin, quão popular ele tem sido entre os eleitores desses partidos? Os eleitores de partidos de direita radical também são mais propensos a expressar confiança em Putin do que outros eleitores?”

     E usou a pesquisa do Pew Research Center para identificar as tendências de identidade do eleitorado europeu  com Putin. É uma pesquisa pré-guerra, então será preciso esperar a próxima rodada do instituto para ver se haverá impacto nessas tendências.

    A pesquisa, explica o professor, “contém dados sobre identificação partidária, por isso é possível comparar eleitores de partidos de extrema-direita com os de outros partidos. Nesta análise, incluí nove países da Europa Ocidental com partidos de extrema direital: Bélgica (Vlaams Belang), França (Rassemblement National), Alemanha (Alternative für Deutschland), Grécia (EL & LAOS), Itália (Lega e Fratelli d'Italia), Holanda (PVV e FvD), Espanha (Vox), Suécia (SD) e Reino Unido (Ukip e Reform Party)”

    A questão que mede a confiança em Vladimir Putin foi formulada na pesquisa da seguinte forma: “Agora vou ler uma lista de líderes políticos. Para cada um, diga-me quanta confiança você tem em cada líder para fazer a coisa certa em relação aos assuntos mundiais – muita confiança, alguma confiança, pouca confiança ou nenhuma confiança”.  Os líderes incluíam Xi Jinping, Angela Merkel, Emmanuel Macron, Joe Biden e Vladimir Putin. 

    O trabalho de Alonso foi recodificar “os entrevistados em dois grupos (eleitores de partidos de direita radical versus outros entrevistados)”, da mesma maneira, recodificou “a confiança em Putin como uma variável binária (indivíduos que expressam “alguma” ou “muita confiança” em Putin recebem 1, outros 0). 

    Veja os resultados abaixo. “O gráfico mostra as estimativas da proporção de eleitores que expressam confiança em Vladimir Putin (estes são intervalos de confiança de 95%)”.

    tabela 1

    A conclusão do professor: “Para todos os países, os eleitores de direita radical são quase três vezes mais propensos do que outros eleitores a expressar confiança em Vladimir Putin. Olhando especificamente para países, na Bélgica, Alemanha, Itália, Holanda, Espanha e Suécia, os eleitores de partidos de extrema direita expressam opiniões mais positivas sobre Vladimir Putin, em média, do que os eleitores de outros partidos, enquanto na Grécia, França e Reino Unido isso não pode ser comprovado usando padrões de significância convencionais. A diferença entre eleitores de extrema direita e da direita não radical é especialmente forte na Alemanha, onde os eleitores da AfD são os mais putinófilos de todos os países analisados: entre 72% e 97% dos eleitores da AfD expressam confiança em Putin enquanto essa parcela varia de 25% a 31% entre os eleitores alemães de outros partidos. A diferença também é significativa na Itália, onde os eleitores da Liga Norte e Fratelli d'Italia eram muito mais propensos do que o eleitor italiano médio a expressar algum nível de confiança em Putin. Não podemos dizer que este seja o caso do Reino Unido, mas o número de eleitores de direita radical na amostra (Reform Party e UKIP) é muito pequeno (15 indivíduos). Também não podemos apoiar esta afirmação com base nos dados da França; o intervalo de confiança é bastante grande. Observe o nível geralmente alto de confiança em Vladimir Putin na Grécia em todo o espectro político”. 

    Veja agora o gráfico sobre a evolução da confiança em Putin ao longo do espectro político-ideológico. Do lado mais à esquerda, os eleitores de extrema esquerda. A linhas caminham para a esquerda, centro-esquerda, centro, centro-direita, direita e até a extrema direita, com três gradações, apoio mínimo, médio e máximo:

    tabela 2

    Alonso explica assim o gráfico: “O gráfico abaixo mostra as margens preditivas de uma regressão logística executada em 9 países (9.099 indivíduos), controlando os efeitos fixos de gênero, idade e país. Podemos ver que os indivíduos que se colocam na extrema esquerda do espectro político tendem a ter níveis mais altos de confiança em Putin do que o centro-esquerda, mas o apoio aumenta essencialmente à medida que se avança para a direita do espectro político. Os indivíduos com maior probabilidade de expressar confiança em Vladimir Putin eram os da extrema direita, em 2021”.

     

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    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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