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    Dom Orvandil

    Bispo Primaz da Igreja Católica Anglicana, Editor e apresentador do Site e do Canal Cartas Proféticas

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    Evangélicos votarão em Lula!

    O ex-presidente sobe nas pesquisas não como messias, mas como o homem inebriado pelo amor aos trabalhadores, aos pobres

    Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: Pilar Olivares/REUTERS)

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    No dia 09 de setembro deste 2022 o ex-presidente Lula se reuniu com pastores, pastoras e lideranças evangélicas do Rio de Janeiro.

    A ofensiva do ex-presidente é  contradição ao massacre que o fascismo, a serviço do neoliberalismo,  exerce sobre  os evangélicas e sobre as igrejas de modo geral.

    O massacre se dá com o sequestro de Deus, que o movimento do capiroto descarnou e jogou para “acima de tudo”, como bandeira para esconder a barbárie em forma de genocídio, do esmagamento da ciência como movimento negacionista,  como devastação da dignidade da classe trabalhadora,  demolição do meio ambiente e do Brasil vivo.

    O “deus acima de tudo” propalado por Jair Bolsonaro nada mais é do que a arrogância roubada da classe dominante numa tentativa de divinização da injustiça e das mentiras.

    O modus operandi do criminoso no governo lança mãos de símbolos carregados de sacralização. Foi por essa razão o banho no Rio Jordão, lugar sagrado como cena do batismo do Messias verdadeiro. Tal gesto objetivava “encantar” as correntes cristãs entorno do messias tupiniquim. As orações com imposições de mãos sobre a cabeça e a barriga do delinquente e rei fake news, peregrinando de templo em templo,  fazem parte da tática de fidelizar os crentes, verdadeiros rebanhos manipulados pelos donos das empresas denominacionais. Na mesma perspectiva são as glossolalias – aqueles gruídos vazios de linguagem também chamados ignorantemente de língua do Espirito Santo – usados em “cultos” em locais laicos e públicos como o Palácio do Planalto, Palácio da Alvorada e Congresso Nacional por dona Micheque Rachadinha, com o objetivo de impressionar fanáticos das congregações ditas evangélicas.

    O ápice dessa enganação subiu ao ponto de muitos crentes, verdadeiros seguidores de pastores e de bispos abastecidos com dízimos gordos,  muito mais do que de Jesus, conceberem que Jair Bolsonaro é não somente o mito, mas o novo messias. Portanto, mantê-lo na presidência é possibilitar a salvação do Brasil. A oração da dona Micheque, também conhecida como folha de alface, para que Deus tenha misericórdia e salve essa nação é a demonstração de que isto só pode acontecer com a reeleição do miliciano da casa de vidro.

    O uso da famosa “teologia do cagaço”, afirmando e reafirmando repetidas vezes que Lula representa a ameaça de fechamento de igrejas, da imposição do ateísmo e da dominação comunista – num ambiente de analfabetismo político crasso – cumpre o objetivo de puxar os votos dos incautos amedrontados.

    A ignorância e a má fé sobre os governos sociais democratas de Lula e Dilma até aqui favoreceram certa alavancagem obscurantista e medrosa eleitoral. Porém, o comportamento delinquente, desrespeitoso, abusivo, pornográfico, a corrupção e, sobretudo, a política genocida no uso da covid 19 como arma de extermínio e os deboches sobre as pessoas contaminados e o luto de milhões de família pelas perdas de seus familiares funcionaram como contradição que ajudou a corroer a farsa do mito e do messias.

    Historicamente os messias e mitos – tirando Jesus de Nazaré que agiu por fora das religiões oficiais e dominantes – são arrogantes e demonstram respirar ares não naturais, sentados em tronos armados e de mentiras. Jair Bolsonaro saiu da Câmara d@s Deputad@s para presidência percorrendo esses caminhos arenosos de messianato, eivados de estupidez e ódio, aproveitando-se de uma crise capitalista monstruosa, que ataca e ameaça a vida em todas as suas formas.

    Em contradição a ele e a todo o aparato falso montado entorno dele se re-levanta Lula.

    De onde vem o ex-presidente? Sua origem é operária de quem experimentou o governo, virando o Estado ao povo mais extremamente excluído, tanto quanto permitiu a estreiteza de sua base ideológica. Depois enfrentou o poderio imperialista e a burguesia nacional no uso do Congresso Nacional, do judiciário e da mídia – incluamos as igrejas aqui – numa fúria sem igual contra seus direitos e inocência, grudando-o na prisão, novamente, sob a mais grave canalhice que um patriota ilustre poderia enfrentar.

    De lá Lula saiu altivo colado à missão de liderar este país na libertação dos pesados e insuportáveis fardos da degringola neoliberal, fascista, miliciana e fundamentalista.

    O ex-presidente sobe nas pesquisas não como messias, mas como o homem inebriado pelo amor aos trabalhadores, aos pobres, ao desenvolvimento sustentável e à aliança do Brasil com os povos.

    Com essa disposição nada messiânica, mas de duros desafios, Lula se dirige também às igrejas. Reconhecido de sua história sofrida afirmou aos pastores, às pastoras e às lideranças  em São Gonçalo, RJ, no dia 09,  que “se tem um brasileiro que não precisa provar que acredita em Deus, esse brasileiro sou eu. Eu não teria chegado aonde cheguei se não fosse a mão de Deus dirigindo meus passos. Tenho certeza que lá de cima ele vai dizer: Lula, cuida deste povo aqui”. E, interessante, em contradição ao fracassado messianismo glossolálico, histérico e arrogante imperante no atual governo, que debocha das pessoas contaminadas e chama de maricas as pessoas que temeram morrer atacadas  pelo coronavirus, fazendo do Estado antro religioso, Lula afirmou que “aprendi que o Estado não deve ter religião, não deve ter igreja, mas deve garantir o funcionamento e a liberdade de muitas igrejas.”

    Em duas frases três verdades que devemos considerar e cobrar: o Deus que está lá em cima fala porque não está acima de tudo e de todos; a fala de Deus é com referência ao cuidado do povo, principalmente dos pobres e de que o Estado é laico e não propriedade de religião alguma, muito menos de pastores e de padres corruptos e autoritários.

    Mas o mais importante nesta obra de Lula ao se aproximar das igrejas. 1. Resgatar a honestidade com instituições que sejam sérias e não com puxadinhos de ladrões e lobos vestidos de peles de ovelhas; 2. Os eleitores nas igrejas não vivem em outro mundo como em redomas, mas são membros da mesma sociedade brasileira, são trabalhadores que precisam ser libertos dos preconceitos e do ódio; 3. A afirmação da verdade sobre a liberdade religiosa num país diverso na relação respeitosa e inter-religiosa.

    Abraços proféticos e revolucionários,

    Dom Orvandil.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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