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    Lula Miranda

    Poeta, cronista e economista. Além de colunista do 247, publica artigos em veículos da chamada imprensa alternativa, tais como Carta Maior, Caros Amigos, Observatório da Imprensa e Fazendo Média

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    Os políticos, a República e a velha cortesã

    Alguns políticos se perverteram. Trocaram a ideologia e os ideários partidários pela remuneração de um troca-troca de favores às escondidas, no submundo da política e dos negócios. Alguns, desgraçadamente, tornaram-se uma espécie de "político de programa", e se deitaram com os violadores da República. Não há "Santo" nesse bordel

    Working Title/Artist: Auguste Rodin: Old Courtesan, or She Who was Once the Helmet-Maker's Wife, 1855 Department: ESDA Culture/Period/Location: HB/TOA Date Code: Working Date: mma digital photo #131207 (Foto: Lula Miranda)

    Alguns políticos se perverteram. Trocaram a ideologia e os ideários partidários pela remuneração de um troca-troca de favores às escondidas, no submundo da política e dos negócios.

    Alguns, desgraçadamente, tornaram-se uma espécie de "político de programa", e se deitaram com os violadores da República. Não há "Santo" nesse bordel.

    Terceirização, ajuste, privatização, criminosos, propinas, alcaguetas, delatores... Este é o deplorável léxico da nossa ruína.

    Quem diria?! Os nossos caciques políticos e respeitáveis empresários frequentavam, com insuspeita moral e desenvoltura, o baixo meretrício da República. E nós nem sabíamos. Ou fazíamos de conta não saber.

    O amor, assim como o espírito público, é “coisa” que não se vende. Não tem preço.

    Porém, nesse mundo de tribunais, contas e ajustes, Tribunais de Contas e de faz de contas; pobres de nós, nem nos dávamos conta. Ou fazíamos de conta não saber?

    Em carcomidos palácios, sob o manto da hipocrisia, em meio a acordos silentes e espúrios de putas velhas e novos (e velhos) ladrões de colarinho branco-encardido, a coisa pública foi violada, reiteradas vezes. E o povo, a ética e a moral, vilipendiados.

    Se Ulysses Guimarães nos ensinava, lá pelos tempos idos de 1980, que o poder era "afrodisíaco", os medíocres políticos dos dias de vacuidade em que vivemos corromperam o seu nobre conceito (e valores) e comprometeram irremediavelmente o tesão republicano, ao associar o Viagra do poder a uma propina “brochante”.

    Boa parte dos ditos 'caciques' da política brasileira, os chamados oligarcas ou coronéis (cordatos, na pseudomodernidade), devem acabar na prisão, ao fim e a cabo da Operação Lava Jato. Ao menos é o que deseja a maior parte dos brasileiros. Ao menos é o que se espera do Judiciário: que a Justiça seja feita, que o exemplo (paradigmático) seja dado.

    E que assim seja punida, exemplarmente, de uma vez por todas essa rapinagem espúria e essa pouca vergonha, que se convencionou chamar de “patrimonialismo”, na política (velha) liderada por "vistosos" e empedernidos senhores caquéticos.

    Portanto, aqui segue à guisa de conselho ou sugestão: não nos deixemos abater pela incredulidade, pelo cinismo, pela perplexidade ou pelo desalento.

    Não nos deixemos abater pelo promíscuo consórcio que se origina da falta de ideias e ideais de uns, mancomunada com a usura de outros.
    Não nos deixemos abater pelo opróbrio; pela vileza.

    A política velha é como a velha cortesã: prenhe de malícia, falsa nobreza e decadência.

    Sigamos em frente. Por vezes, aos trancos e barrancos.

    Sigamos adiante. Impávidos, com a necessária coragem e galhardia.

    E que nessa terra, ora devastada, sejam lançadas as promissoras sementes de uma nova política.

    Que os espíritos, ora incrédulos, sejam novamente seduzidos pela utopia.

    E que se possa fertilizar e fecundar a cabeça dos jovens, e preparar o terreno para essa tão desejada política nova, de fato republicana, humanista e democrática.

    Que nos livremos, de uma vez por todas, dos canalhas. Dos capatazes dessa lavoura arcaica e vil.

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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