Para crescer, é preciso preservar empregos e salários
É necessário deixar muito claro para os empresários que a preservação dos empregos e dos salários significa sustentar a demanda interna, elemento essencial para mobilizar a própria atividade das empresas
Em 2014, apesar dos índices de inflação terem ficado mais próximos do teto da meta e do desaquecimento do mercado de trabalho, as negociações feitas pelo movimento sindical foram essenciais para o resultado positivo das campanhas salariais.
A análise dos resultados de acordos e convenções feitas pelo Dieese em 716 negociações de vários setores econômicos, categorias e regiões mostra que 92% das negociações resultaram em aumentos salariais - 6% conseguiram repor a inflação do período entre as datas-base e apenas 2% não conseguiram alcançar a reposição integral da inflação.
A média dos aumentos salariais foi de 1,39%, superior ao observado no ano anterior, quando ficou em 1,22%, e é um dos três melhores resultados da série histórica do levantamento. Cerca de 60% dos aumentos salariais estão na faixa entre 1% e 3%.
O contexto atual é de mais adversidade. Por um lado, porque os choques de oferta, a crise da água e elétrica, a desvalorização cambial, entre outros, pressionam os custos das empresas e a inflação. De outro lado, a performance do mercado de trabalho indica queda na geração de postos de trabalho e desemprego em alguns setores. Neste cenário, a estratégia sindical deverá comportar a indicação de prioridades que combinem a proteção dos empregos e dos salários.
Haverá dificuldades, que podem ser prolongadas, o que exige clareza nas estratégias. Na luta mais ampla e geral, será preciso pressionar por uma política econômica que promova a mais rápida transição possível para uma trajetória de crescimento econômico. Por outro viés, é necessário deixar muito claro para os empresários que a preservação dos empregos e dos salários significa sustentar a demanda interna, elemento essencial para mobilizar a própria atividade das empresas, bem como sustentar um patamar de crescimento econômico.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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