Parabéns, dona Regina. Parabéns
"O que eu vi e ouviu, o que milhões de brasileiros viram e ouviram na entrevista ao canal CNN oscila entre o desequilíbrio, a bizarrice, o primarismo, o ridículo", escreve o jornalista Eric Nepomuceno
Por Eric Nepomuceno, para o Jornalistas pela Democracia
Quando Roberto Rego Pinheiro, aquele que se faz chamar Roberto Alvim, foi fulminado do cargo de secretário especial de Cultura, eu disse o que agora repito: foi uma atitude absolutamente injusta de Jair Messias.
O defenestrado tinha todas as qualidades necessárias para fazer com as artes e a cultura do Brasil o que Jair Messias e os seguidores do ex astrólogo que agora se autonomeou filósofo Olavo de Carvalho determinou: executar uma sentença de morte.
O único pecado do Rego Pinheiro que quer ser Alvim foi ter sido decente e assumir a verdadeira face do governo: um elogio ao nazismo.
Para o lugar dele alguém sugeriu a Jair Messias o nome da ex atriz e atual criadora de gado (bem, pelo que eu sei, na verdade bois e vacas são do marido dela...) Regina Duarte.
Depois de dois longos e intermináveis meses de absoluta inércia, dona Regina finalmente aceitou falar. Dos meios de comunicação alinhados com o governo, ela escolheu o pior, a CNN Brasil.
Pior por quê? Porque abre algum espaço para o jornalismo profissional.
Dona Regina, em comparação com seu antecessor, perde – e como perde! – em informação, em compreensão do que são as artes e a cultura no Brasil, perde, e que valha a redundância, em cultura e inteligência.
Mesmo sem a sofisticação intelectual do Rego Pinheiro que quer ser Alvim, sem noção de nada além das fronteiras das novelas, a verdade é que ela dá plena continuidade aos planos do governo de Jair Messias para o setor.
Ele atuava com plena consciência do que fazia. Já sua tosca sucessora não tem ideia alguma e justamente por isso não faz nada.
A ação de um foi substituída pela absoluta inércia de dona Regina. Os resultados são idênticos.
O que eu vi e ouviu, o que milhões de brasileiros viram e ouviram na entrevista ao canal CNN oscila entre o desequilíbrio, a bizarrice, o primarismo, o ridículo.
Um detalhe, porém, me surpreendeu. A falta de maiores qualidades intelectuais, ou de qualquer qualidade intelectual, era conhecida. Seu reacionarismo, que desde a campanha de José Serra deixou de poder ser considerado conservadorismo, também.
Mas manter silêncio, ou tentar de maneira grotesca evitar o tema da ditadura e da tortura, superou qualquer uma das piores expectativas em relação à integridade e ao caráter de dona Regina.
Houve, no meio artístico, quem defendesse o direito dela de integrar o pior e mais aberrante governo da história da República. Na verdade, ela não fazia mais do que juntar-se aos seus iguais.
Agora, ela revelou toda a imensidão da sua nulidade. Parabéns, dona Regina. Parabéns.
Ah, sim, é verdade: ela recebeu elogios do general Villas-Bôas, aquele que, quando na ativa, ameaçou um Supremo Tribunal Federal coalhado de poltrões.
O general padece de uma doença cruel, degenerativa e sem volta nem cura. Perdi dois amigos para esse mesmo mal.
E posso assegurar que ele pode alterar o comportamento.
O caráter, não. O caráter continua o mesmo de sempre.
* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.
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