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    João Negrão

    João Negrão é jornalista em Brasília e edita o Blog do João Negrão

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    Vaga no STF: Por que Lula ao menos não ouve os movimentos negro e de mulheres

    Lula tem a exclusividade de indicação de nomes para instâncias do Judiciário da mesma forma que ele tem exclusividade para escolher ministros de seu governo

    Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (Foto: GIANLUIGI GUERCIA/Pool via REUTERS)

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    Os que estão defendendo que o presidente Lula indique ao Supremo Tribunal Federal (STF) um dos nomes que estão à frente na bolsa de apostas - advogado-geral da União, Jorge Messias; e o presidente do
    Tribunal de Contas da União (TCU), Bruno Dantas – argumentam que a
    escolha é exclusiva do petista. E que ele não pode errar como teria
    ocorrido com Joaquim Barbosa, o até então único ministro negro do
    Supremo.

    Nem nunca imaginariam que Lula iria errar com um Dias Toffoli da vida.
    Parecem que esquecem o quão nefasto Toffoli foi para o PT e para o
    próprio Lula. Um vacilão da pior espécie, um pusilâmine em essência.
    Foi aquele, que entre outras atrocidades, proibiu Lula de conceder
    entrevista enquanto estava preso e titubeou ao permitir o comparecimento ao velório do neto e do irmão, que neste caso aliás, a
    decisão chegou depois do sepultamento.

    De Toffoli, o ministro branco, os defensores da indicação de
    candidatos brancos ninguém se lembra. Advogado do PT. Como o advogado de Lula. Fico aqui lembrando de uma frase atribuída a Lênin sobre os advogados: “Nem do partido”. E olha que ele, o líder da revolução soviética, era advogado.

    Cristiano Zanin chegou ao Supremo levando a esperança de todos que
    desejam a vitória da civilização sobre a barbárie. E logo se aliou aos
    defensores da barbárie. Só não avançou mais porque aí a sua
    consciência teria, ela própria, ultrapassado os limites da
    irracionalidade. O marco temporal o estabeleceu no marco entre a
    civilização e a barbárie e não o estabeleceu de vez como um cavalo de
    Tróia. Aguardemos.

    Vamos focar em dois pontos. O primeiro: qual é a desconfiança em
    relação à indicação de uma mulher negra para o Supremo? Segundo: a
    indicação de nome para o STF, para outros tribunais superiores e a
    segunda instância federal é exclusividade de Lula.

    Vamos à primeira questão. Se há nos quadros da advocacia, dos
    juristas, da academia, na magistratura (em órgãos do Judiciários em
    primeira e segunda instâncias) e no Ministério Público mulheres negras
    desenvolvendo seus trabalhos com competência, qual o risco do ponto de vista técnico? Se há mulheres negras com militância progressista,
    humanista e democrata, qual o risco político?

    A segunda situação. Lula tem a exclusividade de indicação de nomes
    para instâncias do Judiciário da mesma forma que ele tem exclusividade para escolher ministros de seu governo, ainda que ele tenha que substituir nomes competentes técnica e politicamente por gente da pior espécie do Centrão.

    Agora uma pergunta final: por que Lula ouviu setores do lobby nas
    cercanias do Judiciário, do PT e de grupos de juristas, todos exclusivamente brancos, e não se dá ao trabalho de ouvir os  movimentos negro e de mulheres?

    * Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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