'Democracia é fruto de uma luta histórica travada por brasileiros e brasileiras', diz Lewandowski sobre o 8/1

247 - O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, fez uma reflexão profunda sobre os riscos enfrentados pela democracia brasileira, destacando que as ameaças ao Estado Democrático de Direito não se iniciaram com os eventos de 8 de janeiro, mas foram um processo gradual, alimentado por desinformação e polarização. 

“O ataque à nossa democracia não começou ali no 8 de janeiro. O processo foi mais sutil, gradual. Passamos a viver um clima de desinformação crescente, alimentado por ataques à eficiência das urnas eletrônicas, ao próprio processo eleitoral e, por conseguinte, à nossa Justiça Eleitoral”, disse Lewandowski durante evento em memória dos atos golpistas de 8 de janeiro, realizado em Brasília, nesta quarta-feira (8). 

O ministro ressaltou o papel central da Justiça Eleitoral e do processo democrático, afirmando que o aumento do discurso de ódio e das notícias falsas, principalmente nas redes sociais, contribuiu para a criação de uma narrativa divisiva no país, onde se fortaleceu a ideia de “nós contra eles”. Esse cenário, de acordo com Lewandowski, gerou um nacionalismo exacerbado e anacrônico que se disfarçou de luta contra a corrupção e de defesa da segurança nacional, mas que, na verdade, abriu espaço para práticas que atacam os fundamentos da democracia.

Ele também lembrou da história política do Brasil, destacando que “tentativas de conspiração não foram exceções” e que períodos de turbulência institucional, com pretextos insólitos, causaram longos períodos de exceção no país. Lewandowski fez uma analogia com a Constituição de 1988, que, segundo ele, busca prevenir essas distorções e preservar o Estado Democrático de Direito: “Foi assim que há 36 anos os deputados constituintes buscaram dar um fim a esta insidiosa patologia política, com os remédios previstos em nosso principal marco regulatório, que é a Constituição Federal.”

O ministro destacou que, embora a Constituição tenha sido criada para garantir direitos fundamentais, a democracia não deve ser vista como um valor imutável ou garantido para sempre. Para Lewandowski, ela “não é um valor dado, uma benesse de tempos tranquilos. A democracia não foi uma concessão, não surgiu por milagre. Ela é fruto de uma luta histórica travada por brasileiros e brasileiras que se opuseram a décadas de autoritarismo.” Nesse sentido, ele citou a célebre advertência de Thomas Jefferson, ex-presidente dos Estados Unidos, de que “o preço da liberdade é a eterna vigilância.”

Lewandowski fez um apelo à população e às autoridades para que a democracia brasileira seja preservada com firmeza e unidade. “A verdadeira essência da democracia, que estabelecemos a duras penas no país, está em nossa capacidade de desenvolver e manter uma sociedade mais justa, igualitária, fraterna e mais solidária, como previu o constituinte de 1988.” O ministro enfatizou que o país deve continuar vigilante contra qualquer ameaça ao regime democrático, sempre com confiança de que, com coragem e unidade, será possível transmitir uma democracia forte e vibrante para as futuras gerações.

“Não podemos permitir que as lições do passado se percam. Cada ameaça que surge contra o regime democrático deve ser um lembrete do valor inestimável que ele representa e da importância da luta cotidiana de todos nós para sua preservação. Longa vida à democracia brasileira!” concluiu.