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    Polícia Federal faz buscas e apreensões em investigação sobre venda de sentenças em MT

    Operação envolve desembargadores afastados e conexões com disputas judiciais avaliadas em R$ 100 milhões

    (Foto: Divulgação/PF)
    Laís Gouveia avatar
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    247 - A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (20) mais uma etapa da investigação sobre um esquema de venda de sentenças judiciais no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). A operação, autorizada pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), cumpre mandados de busca e apreensão em endereços ligados a um desembargador investigado. As informações foram apuradas pelo G1.

    O caso ganhou repercussão em agosto, quando os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho foram afastados de suas funções no TJMT por suspeita de envolvimento em vendas de decisões judiciais. Ambos passaram a ser monitorados por tornozeleira eletrônica e tiveram bens bloqueados após mandados de busca e apreensão cumpridos em novembro, durante a Operação Sisamnes, em Cuiabá.

    Segundo a Polícia Federal, o esquema envolvia organização criminosa, corrupção, exploração de prestígio e vazamento de informações sigilosas. O lobista Andreson Gonçalves, apontado como intermediário das negociações ilegais, foi preso na mesma operação.

    A conexão com o assassinato de Roberto Zampieri
    As investigações revelaram que o advogado Roberto Zampieri, morto em dezembro de 2022, era peça central no esquema. De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Zampieri mantinha uma relação próxima com os desembargadores afastados, facilitando acordos financeiros para influenciar decisões judiciais.

    O advogado foi assassinado com 10 tiros dentro de seu carro, em frente ao escritório onde trabalhava. “O atirador aguardava o advogado na frente do escritório”, afirmou o delegado Nilson Farias, da Polícia Civil. Ele destacou que Zampieri usava um veículo blindado há mais de cinco anos, sugerindo que já temia represálias.

    Conforme apurações da polícia, o mandante do crime teria sido Aníbal, envolvido em uma disputa por duas fazendas em Paranatinga, avaliadas em cerca de R$ 100 milhões. A perda das propriedades na Justiça e a desconfiança de uma possível aproximação de Zampieri com o desembargador responsável pelo caso motivaram o homicídio.

    A resposta do TJMT e os desdobramentos
    Em nota, o Tribunal de Justiça de Mato Grosso afirmou estar ciente do caso e disposto a colaborar com as investigações. A PF também apura o possível envolvimento de outros atores no esquema de venda de sentenças e exploração de informações confidenciais.

    O caso reforça a complexidade das relações entre o poder público e interesses privados em Mato Grosso, evidenciando uma rede de corrupção que ultrapassa o Judiciário e alcança o crime organizado.

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