Servidores articulam paralisação nacional em protesto contra a reforma administrativa
Centrais sindicais e trabalhadores do setor público articulam uma paralisação nacional contra o projeto de reforma administrativa em tramitação na Câmara dos Deputados
Rede Brasil Atual - Centrais sindicais e trabalhadores do setor público de todo o país protestaram nesta terça-feira (3), em Brasília, contra a “reforma” administrativa em tramitação na Câmara. A manifestação foi um “esquenta” para o próximo dia 18, data em que centrais, servidores das três esferas de governo e trabalhadores de distintas categorias prometem uma greve nacional contra a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 32/2020, que trata do tema.
De acordo com as entidades e trabalhadores, a proposta, se aprovada, será um ataque ao serviço público em todos os níveis, e colocará o setor à disposição de interesses privados. Em entrevista ao repórter Cosmo Silva, da Rádio Brasil Atual, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, destacou que esta será a primeira vez que as esferas municipal, estadual e federal se somarão simultaneamente a uma paralisação nacional. Além dos servidores, as centrais também organizam a participação de trabalhadores de outras categorias para a realização de atos, panfletagem e carreatas no dia 18.
O presidente da CUT explica que a luta em defesa do serviço público é para todas as categorias. Segundo ele, “assim como outras pautas, a PEC da ‘reforma’ afetará toda a classe trabalhadora”.
Destruição dos serviços públicos
“A reforma administrativa que não é reforma administrativa, na verdade, é desmontar os serviços públicos no país. E as categorias que já retornaram ou estão retornando também farão grandes manifestações, então, tem o apoio de outras categorias. (…) Se for bem sucedido, como tenho certeza que será, uma nova paralisação será marcada. Vamos em uma crescente até chegar em uma grande greve nacional porque os motivos existem”, afirma Sérgio.
A proposta do governo Bolsonaro acabou ganhando também o apelido de “PEC da Rachadinha”, por acabar com a obrigatoriedade de concurso público. O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de São Paulo (Sindsep), Sérgio Antiqueira, avalia que o objetivo do governo é ter mais de 200 mil cargos de livre nomeação por escolha política para “aparelhar” a máquina pública.
“É uma proposta vergonhosa feita pelo Bolsonaro e (o ministro da Economia) Paulo Guedes que pretende acabar com os serviços públicos, com a política voltada para a população, com aquilo que é a entrega do direito que está na Constituição Federal. A PEC acaba com esse Estado que garante o direito à educação, à saúde, à segurança e à assistência social. Ela deixa de garantir na ponta a prestação do serviço público”, observa o presidente do Sindsep.
Contra as privatizações
Sérgio Nobre acrescenta que, ao acabar com o concurso público e a estabilidade do servidor, o governo e seus aliados querem que “depois das eleições os partidos coloquem seu padrinhos, cabos eleitorais, dentro da máquina pública. Na verdade, é disso que se trata, de destruir qualquer possibilidade de carreira e de ter serviço público de qualidade no Brasil. Serviços públicos são vitais em especial para a população mais pobre”, aponta.
O dirigente da CUT observa que a pandemia de covid-19 evidenciou a importância do Sistema Único de Saúde (SUS). A saúde pública, porém, também fica ameaçada com a PEC da “reforma” administrativa. “A maioria dos servidores públicos, até 90%, ganha de dois a três salários mínimos. É que as pessoas são levadas ao engano, porque há determinadas carreiras, como Ministério Público, Supremo Tribunal Federal (STF), que têm salários gigantescos. Mas não é a maioria do povo. Vai em um posto de saúde para ver e pergunta quanto ganha um atendente, um professor na escola pública”, garante.
Chamado de Dia Nacional de Mobilização, a greve de 18 de agosto também terá em pauta a luta contra as privatizações. Os trabalhadores planejam denunciar os prejuízos e os riscos iminentes com a entrega de riquezas e patrimônios públicos ao capital privado. Os organizadores da paralisação reforçam que as empresas públicas como a Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Correios e Eletrobras são estratégicas para o desenvolvimento do país.
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