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    Menosprezo pelo Censo "é muito ameaçador para a área de pesquisa", diz ex-presidente do IBGE

    Em debate promovido pela Fundação Perseu Abramo, especialistas debateram sobre o adiamento do Censo, "uma referência muito importante para diversas áreas"

    Wasmália Bivar (Foto: Divulgação/IBGE | Elza Fiúza/Agência Brasil)
    Guilherme Levorato avatar
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    Fundação Perseu Abramo - O Pauta Brasil desta quarta-feira, 26 de maio, recebeu especialistas no assunto, Eduardo Pereira Nunes, Wasmália Bivar e Maurício Moura, com mediação de Jordana Dias Pereira, mestra em Sociologia, coordenadora Núcleo de Opinião Pública, Pesquisa e Estudos (Noppe/FPA), que alertou para o “apagão da pesquisa” sem o levantamento nacional promovido pelo Censo do IBGE.

    O Censo está previsto na Constituição Federal de 1988. Os recenseadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a cada década, passam em todos os domicílios do país e entrevistam representantes de cada família brasileira. Ao longo de mais de 140 anos de história, o Censo produziu retratos da população e se constituiu como a principal fonte de informações sobre suas condições sociodemográficas.

    Eduardo Pereira Nunes é economista, foi presidente do IBGE de 2002 a 2011. Ele reafirmou a importância do Censo: “a pandemia, o crescimento da pobreza e da desigualdade, que afetou moradia, alimentação, renda e emprego da população precisa ser revelado pelo Censo, para mostrar a realidade de hoje e comparar com 2010 e mostrar em que direção o país avançou ou retrocedeu e a necessidade de políticas públicas para corrigir os desvios da nossa sociedade”.

    Eduardo diferencia as condições de países ricos na realização do Censo, “e o salto do IBGE, que criou condições para um Censo georreferenciado, com as dificuldades inerentes às desigualdades sociais do Brasil”. Para ele, com condições tão adversas, inclusive com dificuldades de acesso à internet, fica difícil realizar o levantamento à distância.

    Wasmália Bivar é economista e mestra pela PUC-RJ, primeira mulher presidente do IBGE, entre 2011 e 2016. Atualmente, é professora do Departamento de Economia da PUC-Rio e da Escola Nacional de Ciências Estatísticas do IBGE e defendeu a organização da sociedade em defesa da realização do Censo. “Temos que exercer todos os recursos para que o IBGE possa encaminhar essa operação gigantesca, seu processo inicial é muito antes da operação em si”.

    Ela explicou que o Censo já vinha com seus valores subestimados para acompanhar um país do tamanho do Brasil. “O Censo é uma referência, muito importante para diversas áreas, é muito ameaçador para a área de pesquisa. E é preocupante o quadro de funcionários hoje no IBGE, com muitas aposentadorias. Chegamos ao limite do suportável”, disse.

    Wasmália afirmou que “esse Censo é essencial neste momento em especial porque todas as outras áreas de conhecimento precisam das estimativas corretas da população. Muitas áreas de estudo e pesquisa estarão comprometidas sem a realização do Censo”. Também demonstrou preocupação com a reforma administrativa e o possível fim da estabilidade do funcionalismo público.

    Maurício Moura é economista, PhD em Economia e Política do Setor Público. É professor visitante na George Washington University e fundador e presidente do Instituto de Pesquisa Ideia. Para ele é “óbvio que precisamos realizar o Censo, ele é importante e não é caro. O que vemos no mundo é a forma de coleta, que mesclam o online com presencial. O Brasil é referência em coleta de dados. Essa discussão é um passo atrás”.

    Maurício alertou que no mundo há um debate sobre a politização destes levantamentos, e defendeu que não sejam feitas economias na sua realização, assim como a implementação de métodos novos para realizar a amostragem.

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