Executado chefe do Doi-Codi na época do Riocentro

Júlio Miguel Molina Dias foi morto com 15 tiros, em Porto Alegre; classificado como assalto, o crime tem marcas de execução bárbara e ocorreu no momento em que a Comissão da Verdade começa a desvendar fatos importantes do período ditatorial; Molina era o chefe da repressão na época do atentado armado pelos militares no Dia do Trabalhador, no Rio de Janeiro

Executado chefe do Doi-Codi na época do Riocentro
Executado chefe do Doi-Codi na época do Riocentro


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Rádio Guaíba - O coronel reformado do Exército assassinado na noite de ontem, na Capital comandava o Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI), em 1981, ano do Atentado do Riocentro. O órgão de repressão no período da ditadura militar foi apontado como sendo responsável pelo episódio. Júlio Miguel Molina Dias, de 78 anos, foi morto em uma suposta tentativa de assalto, no bairro Chácara das Pedras. 

De acordo com o integrante do Movimento Justiça e Direitos Humanos, o Coronel Molina, natural de São Borja, não teve o nome incluído no Arquivo de Repressores e Torturadores Brasileiros. Jair Krischke, lembrou no entanto, que outro coronel, Dickson Grael, atribuiu ao gaúcho a responsabilidade do atentado no Rio de Janeiro. 

Grael foi convidado para fazer o Inquérito Policial Militar sobre o ataque frustrado. Ao prometer investigar a fundo, foi afastado, destacou Krischke. Anos depois, lançou o livro A Sombra da Impunidade, acusando o Doi-Codi pelo ataque. O coronel gaúcho foi ouvido por um procurador militar que tentou, sem sucesso, reabrir o caso, em 1999.

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O crime

O militar foi morto quando ao chegar em casa em um Citroën C4, na rua Professor Ulisses Cabral. A Polícia Civil abriu inquérito sobre o caso. Krischke garante que a Comissão da Verdade – criada para investigar violações dos direitos humanos no período da ditadura – "está apavorando aqueles que atuaram no período". Sobre a motivação do crime, sugere que pode ser atribuído "a velhos 'companheiros' diante da possibilidade de esse coronel falar qualquer tipo de inconveniência... e pode ser também um simples assalto".

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O atentado

Na noite de 30 de abril de 1981, uma bomba explodiu do lado de fora do Riocentro, na Barra da Tijuca, zona Oeste do Rio de Janeiro, durante um show em comemoração ao Dia do Trabalhador. O sargento Guilherme do Rosário morreu enquando manuseava uma bomba. Com ele estava o capitão Wilson Dias Machado, que ficou ferido. A ideia, segundo opositores do Regime Militar, era provocar uma explosão e atribuir o episódio a "subersivos".

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O Exército nunca confirmou o envolvimento no atentado. Na época, o governo culpou os radicais de esquerda pelo ataque. Cerca de 20 mil pessoas acompanhavam a apresentação de nomes como Elba Ramalho, Ivone Lara, Gonzaguinha, Moraes Moreira e Beth Carvalho.

Abaixo, o noticiário da Zero Hora que também aponta para execução:

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morte do coronel do Exército reformado Júlio Miguel Molinas Dias, 78 anos, na noite de quinta-feira, começa a ser investigada pela Polícia Civil. Molinas Dias era comandante do Destacamento de Operações Internas do Exército no Rio (DOI) durante o Caso Riocentro. Em 30 de abril de 1981, um sargento morreu quando carregava uma bomba que explodiu perto do local onde se realizaria uma concentração de artistas e políticos em protesto contra o regime militar.

De acordo com o chefe de Polícia, Ranolfo Vieira Jr., são trabalhadas duas hipóteses: homicídio (execução) ou latrocínio (roubo seguido de morte).

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Para o delegado Cléber Ferreira, diretor em exercício do Departamento de Polícia Metropolitana, chama atenção a quantidade de tiros disparados contra Dias — de 10 a 15 — e os diferentes calibres, que seriam de três tipos de armas. O fato levanta maiores suspeitas ao crime de execução, acredita a polícia.

— Estamos trabalhando com o objetivo de esclarecer o caso. Se for roubo de carro, já existe a determinação ao diretor do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) para cada vez mais concentrar esforços naquela região. Na nossa ótica, são fundamentais ações do Deic para reduzir os índices de roubo e furto de veículos na Capital — afirma Ranolfo.

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Gaúcho de São Borja, o coronel foi morto a tiros quando chegava em casa na Rua Professor Ulisses Cabral, no bairro Chácara das Pedras. Segundo a Polícia Civil, ele teria reagido após um carro vermelho ter cortado a frente do veículo em que estava. Não foi encontrada arma com a vítima, que foi alvejada com pelo menos seis tiros.

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