Paulinho ao 247: “Nem sei quem é Daniel Dantas”

Presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) rebate acusação de que estaria defendendo os interesses do empresário, controlador da Santos Brasil, ao pedir mudanças na MP dos Portos; segundo ele, a medida é que foi criada para beneficiar nomes como o de Eike Batista; deputado diz que governo "não cedeu em nada" em reunião realizada nesta quinta-feira e avisa que, para defender trabalhadores, pode se aliar "até com o capeta"

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Gisele Federicce _247 – Numa luta para convencer o governo a fazer alterações na Medida Provisória 595, que altera o marco regulatório dos portos, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP) negou que esteja defendendo os interesses do empresário Daniel Dantas, um dos controladores da Santos Brasil, que administra o terminal de contêineres de Santos. "Eu não sei nem quem é Daniel Dantas", disse ele, em entrevista ao 247. Na avaliação do presidente da Força Sindical, a medida é que foi criada para favorecer grandes empresários, como Eike Batista e o ex-senador Gilberto Miranda – cujos interesses foram revelados durante a Operação Porto Seguro, da Polícia Federal. "Isso está muito claro", disse.

Notas publicadas na coluna de Ilimar Franco, do jornal O Globo, informam que portuários se queixaram a ministros sobre o fato de seus sindicatos, em especial a Força, estarem atuando alinhados com os empresários. O Planalto teria detectado então que Paulinho da Força estaria operando a favor de Dantas. "Parte da estratégia do Planalto é tentar denegrir as pessoas", defendeu-se o deputado, a respeito da informação. Em nota, Danta também negou qualquer relação com a Força Sindical.

O líder sindical disse, no entanto, que não há qualquer vergonha em estar do lado de empresários se os interesses deles forem a favor dos trabalhadores. "Se a causa deles for a mesma, estaremos juntos. Nos aliamos até com o capeta se for para defender o interesse dos trabalhadores", afirma. O governo, enquanto isso, resiste em fazer alterações no texto da MP, especialmente no que se refere à possibilidade de terceirização de cargas e à relicitação de portos públicos arrendados ao setor privado antes de 1993.

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Segundo Paulinho, na reunião realizada nesta quinta-feira com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, o governo "não cedeu em nada". Nova reunião foi marcada para esta sexta-feira com o ministro do Trabalho, Brizola Neto, e a presidente Dilma Rousseff antecipou para o início de março um encontro com os líderes dos principais sindicatos a fim de esclarecer o plano anunciado pelo governo para o setor – que injetará investimento de R$ 54,2 bilhões até 2017. O próximo passo, segundo o deputado, é acompanhar o andamento da medida no Congresso.

Greve pode ocorrer em março

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A conversa de Dilma com os representantes dos trabalhadores visa também evitar uma possível paralisação dos portos, o que poderia acarretar prejuízo ao País. Segundo o deputado, a decisão se haverá greve ou não só será tomada na próxima semana, durante uma plenária marcada para acontecer entre terça e quinta-feira em Brasília. Porém, o trabalho de panfletagem para a conscientização dos trabalhadores, conta ele, começa já na segunda-feira, em Santos. Caso seja aprovada pelos sindicatos, a greve deve começar em 18 de março.

Alterações na MP

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Para Paulinho, a MP dos Portos pode "destruir o sistema portuário" brasileiro, além de tornar "precárias" as condições de trabalho nesses terminais. O setor cairá, segundo ele, nas mãos de grandes donos de navios e de operadores internacionais, que passarão a determinar preços e controlar a demanda de mercadorias. "A Dilma está entregando os portos brasileiros para as grandes empresas. Em nenhum lugar do planeta é assim", declarou Paulinho, na semana passada. O governo admite que possa fazer algumas mudanças na MP, mas nada que comprometa a proposta principal nem que atenda a interesses dos empresários.

Entenda o que muda

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Um dos controladores da Santos Brasil, que administra o terminal de contêineres de Santos, o maior do País, o empresário Daniel Dantas, do grupo Opportunity, possui interesses antagônicos aos de grandes grupos privados. No seu caso, trata-se de uma concessão, adquirida no processo de privatização, diferentes de companhias como Odebrecht e EBX, de Eike Batista, que pretendem operar portos públicos em São Paulo e no Rio de Janeiro, sem ter adquirido concessões.

Pela lei atual, terminais privados, como os da Odebrecht e de Eike, só poderiam operar carga própria – e não de terceiros (o que seria privilégio dos terminais públicos, concedidos à iniciativa privada). Depois da MP, não haveria mais distinção. Assim como Paulinho, o Opportunity afirmou ao 247, por meio de sua assessoria de imprensa, que jamais manteve qualquer relação com a Força Sindical do deputado (leia mais).

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