Entre o meme e a notícia

Internet repercute reao do jornalista Carlos Nascimento popularidade do comercial sobre "Luza do Canad"; "Ou os problemas brasileiros esto todos resolvidos ou nos tornamos perfeitos idiotas", disse o ncora do SBT; afinal, quando vdeos e mensagens virais - os memes - viram notcia?

Entre o meme e a notícia
Entre o meme e a notícia (Foto: Felipe L. Gonçalves/Edição/247)


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Diego Iraheta _247 - O editorial do jornalista Carlos Nascimento, âncora do Jornal do SBT, é o segundo vídeo brasileiro mais “viralizante” deste início de 2012. A crítica dele, exibida na madrugada desta sexta-feira, 20, foi justamente uma resposta ao viral número 1 de 2012 – o comercial da “Luíza do Canadá”. “Luíza já voltou do Canadá, e nós já fomos mais inteligentes”, cravou o apresentador, repreendendo principalmente a imprensa pelo destaque dado à web celebridade, na boca e na tela de milhões de internautas.

Nascimento também criticou a atenção dada a outro tema “fútil” – o estupro que não é estupro, por ter sido “negado pelos protagonistas”. O episódio envolvendo cena controversa de Daniel e Monique sob o edredom foi amplamente noticiado, com direito a diversas análises aqui no 247. É importante ressaltar que, como no caso Luíza, o buzz do BBB 12 também começou nas redes. Viraram Trending Topics no Twitter as suspeitas de estupro, as opiniões de jornalistas e feministas, a ação da polícia ao Projac e as sucessivas tentativas de maquiagem da TV Globo.

Sem dúvida, a reação de Nascimento é válida. Memes como o de Luíza extrapolam para o offline, viram discussão em mesa de bar e até melô musical. Sufocam os impacientes e até os pacientes. Entretanto, o desabafo do jornalista do SBT revela muito sobre a mudança por que passa o jornalismo na era digital.

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Ao longo do século 20, notícia era considerada um produto árido. Jornal é coisa séria. Tinha espaços e períodos do dia específico para se informar. No café da manhã, com as editorias favoritas do jornal. No carro, na rádio, de manhã cedo. Na sala, à noite, assistindo TV. Hoje, as informações pulam na sua tela – no computador, celular, note, tablet – o tempo inteiro. Vêm do Google, das redes sociais, do chat.

Notícias imiscuem-se com fofocas, conversas com amigos, novidades de fulano anônimo, de sicrano famoso. Antes, as pessoas eram famosas por 15 minutos. Hoje, são famosas para seus 15 seguidores – conforme jargão acadêmico na área de mídias digitais. Nesse cenário multiconcentrado de assuntos relevantes, frufrus insignificantes, bastidores de política, bastidores de celebridades, o que é notícia?

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Notícia é informação, uma commodity por excelência. Presta-se ao interesse público, aos tais “problemas brasileiros” a que Nascimento se referiu. Mas pode também ser uma resposta ao interesse DO público. Então, se os internautas estão falando, se os tuiteiros estão levando para os TTs, se os vlogueiros estão compartilhando, aquele tema é de interesse deles, do público. Memes tornam-se, assim, notícia.

Muitas vezes, os virais são bobagem? Sim, são. Mas não surpreende o Jornal Hoje repercutir com toda a baladação a Luíza do Canadá. Faz anos que o telejornal, antes apresentado por Carlos Nascimento, dá destaque a receitas de bolo, baladas de jovens, dicas de moda. Assim como boa parte dos veículos de comunicação, o JH abre espaço para debater os “problemas brasileiros”, questões de política e economia, e coisas mais leves também.

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Em um mundo cibernético povoado por públicos digitais, vídeos, fotos e papos que agradam – ou não – têm, sim, potencial de notícia. Talvez o excesso de atenção dado a esses memes (inclusive aqui no 247) possa ser revisto. Mas a pergunta é: não é isso que as pessoas querem ler ou assistir?

Hein, Nascimento?

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