Com o fantasma do golpe, Dilma acena com um golpe
Dilma acena com o fantasma do golpe. Que golpe? Onde estão as forças armadas? Estão quietas nos quarteis. Onde estão os interesses empresariais? Os grandes, nos últimos anos, mamaram nas tetas do governo

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Dilma afirma que a oposição usa denúncias na Petrobrás para dar um “golpe” no país.
Isso me faz recordar o início da década de 1960. Com a renúncia de Janio Quadros deu-se, após o veto militar para a sua posse e o acordo/conciliação para a mudança do sistema de governo (de presidencialista para parlamentarista) a posse na presidência do país do então vice presidente João Goulart. Pouco tempo depois Jango, como era conhecido o presidente, conseguiu a aprovação de emenda constitucional que faria o presidencialismo retornar como sistema de governo. Passou a ser presidente com todos os poderes do cargo.
O seu período de governo foi muito tenso e tumultuado, com manifestações sindicais e populares pelas chamadas “reformas de base”, um conjunto de medidas que, de fato, permitiriam um sistema capitalista mais moderno, necessário ao desenvolvimento das forças produtivas. A oposição considerava essas reformas como sendo medidas socializantes, o prenúncio do comunismo, o fantasma para assustar a população, e acusava Jango de pretender dar um golpe para se manter no poder. Com essa bandeira as forças reacionárias da sociedade, com apoio de amplos setores empresariais, da maioria da imprensa e da cúpula das forças armadas deram, elas sim, um golpe, depuseram o presidente e implantaram uma ditadura militar/civil que durou cerca de 20 anos.
Dilma acena com o fantasma do golpe. Que golpe? Onde estão as forças armadas? Estão quietas nos quarteis. Onde estão os interesses empresariais? Os grandes, nos últimos anos, mamaram nas tetas do governo e enriqueceram às custas de grandes negócios financiados pelo aparelho público. Onde estão os sindicatos? Totalmente tomados e neutralizados pelo partido no poder que alimenta os seus dirigentes com benesses e cargos públicos muito bem remunerados.
Dilma cita as denúncias que hoje remoem as entranhas da Petrobrás. São “denúncias” ou informações trazidas à luz por dirigentes da própria empresa, levados a fazê-las em face das investigações dos órgãos do Estado brasileiro com legitimidade para realiza-las?
A incoerência, a total confusão mental da presidente, não lhe permite ver que ao mesmo tempo que, nos programas eleitorais e entrevistas nesse período eleitoral, gosta de repetir que a “sua” polícia federal e o “seu” ministério público são os responsáveis por tirar a sujeira de debaixo do tapete, ela acusa a oposição de usar dessas revelações, feitas por gente de sua própria gang, para articular um “golpe” no país.
E que golpe? Como e com quem?
A oposição lutou em várias eleições para derrotar, democraticamente, esse partido que levou o país a uma situação de calamidade moral, política e econômica. E continua lutando, agora, em 2014, também nas urnas, para que o povo brasileiro se veja livre da quadrilha que tomou conta do país. Lula diz que está “de saco cheio” com as denúncias. Na verdade é o povo que está “de saco cheio” dele.
Quando Dilma levanta o perigo do golpe da oposição, me faz lembrar o período de 1964. Lá se acusava Jango de articular um golpe na democracia mas deu-se um outro golpe, em tese, para evita-lo, vindo dos acusadores. Agora ela faz o mesmo, ainda que em posição diferente, no comando do governo. Será que passa em sua cabeça um movimento de massas, dirigido pelo PT, para evitar que a oposição dê o “golpe”? Ela vai considerar um “golpe” a eleição de Aécio Neves? Está acenando com um “contra golpe”?
Se assim pensa, vai dar com os burros n’água.
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