Casuísmo pode melar julgamento da AP 470

Aos poucos, fica clara a manobra para manipular o quórum do STF. Primeiro, o fatiamento que permitiria o voto parcial de Cezar Peluso.  Depois, o risco de “empate” anunciado por Joaquim Barbosa. Agora, o Globo antecipa voto integral de Peluso, subvertendo a ordem do julgamento

Casuísmo pode melar julgamento da AP 470
Casuísmo pode melar julgamento da AP 470 (Foto: STF/Divulgação_Divulgação)


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247 – O “julgamento do século” no Supremo Tribunal Federal corre o risco de ficar marcado pelo casuísmo. Diz o regimento da corte que ministros se aposentam compulsoriamente aos 70 anos, o que, no caso de Cezar Peluso, ocorre no dia 3 de setembro.

Como ele é tido como voto contrário aos réus, o presidente da corte, Carlos Ayres Britto, apressou o julgamento para que o voto de Peluso não fosse perdido. Em seguida, na primeira grande polêmica do julgamento, Joaquim Barbosa decidiu fatiar o seu voto, colocando alguns réus em julgamento antes de outros – ele já pediu a condenação de João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara dos Deputados, e Henrique Pizzolato, ex-diretor do Banco do Brasil, além de Marcos Valério, Cristiano Paz e Ramon Holerbach, da agência DNA.

Neste rito, Peluso votaria em alguns casos, sempre na ordem estabelecida pelo tribunal. Depois de Barbosa, viriam os votos do revisor, Ricardo Lewandovski e dos demais ministros por ordem de antiguidade – os mais recentes na corte votariam primeiro. Apenas o presidente ficaria por último.

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Portanto, votariam Barbosa, Lewandovski e depois Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli, Cármen Lúcia, Cezar Peluso, Gilmar Mendes, Marco Aurélio, Celso de Mello e Ayres Britto.

Agora, mais uma manobra casuística ameaça colocar em risco todo o julgamento. Cezar Peluso não seria mais o sétimo a votar – mas o terceiro. E também não votaria fatiadamente. Ele leria todo o seu voto, garantindo assim uma contagem a mais pela condenação, antes que outros ministros se manifestem – e sem que possa recuar, depois, diante dos argumentos dos colegas.

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Roberto Gurgel foi cauteloso. Disse que se Peluso não puder votar em tudo, que vote ao menos em parte. Joaquim Barbosa, ao contrário, quer o voto integral do colega, que sabe ser pró-condenação. “Você tem que pensar o seguinte: o ministro Peluso participou de tudo nesse processo. Tudo, desde o início. Ele está muito habilitado. Enquanto for ministro, ele tem total legitimidade para participar desse processo”, disse ele.

O jornal O Globo, em sua manchete desta quarta-feira, foi explícito. Peluso poderá dar o voto integral para evitar o risco de empate. E desde quando já se conhece o placar? E mesmo que se soubesse o resultado, desde quando isso justifica uma mudança nas regras de um julgamento tão importante?

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