Todo-poderoso JB decidirá se Dirceu falou ao celular
Mais uma pitada de surrealismo no processo que envolve o pedido de trabalho de José Dirceu: o juiz Bruno Ribeiro, filho de um dirigente do PSDB no Distrito Federal, resolveu que Joaquim Barbosa, presidente do Supremo Tribunal Federal, é que decidirá se o ex-ministro José Dirceu merece ser punido por, supostamente, ter falado ao celular, conforme denúncia da Folha de S. Paulo, negada pelos fatos e desmentida por uma sindicância interna do sistema prisional; foi neste caso que Barbosa revogou decisão anterior do ministro Ricardo Lewandowski, criando mal-estar inédito no STF; perseguição salta aos olhos e chama a atenção de juristas, como Celso Bandeira de Mello

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
O juiz Bruno André Silva Ribeiro, da Vara de Execuções Penais (VEP) do Distrito Federal, decidiu hoje (17) que a palavra final sobre a sindicância instaurada para apurar se o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu usou celular dentro do Complexo Penitenciário da Papuda, onde está preso, será do Supremo Tribunal Federal (STF). De acordo com o juiz, caberá ao Supremo decidir o caso, mesmo com o processo sendo conduzido pela VEP. A questão deverá ser analisada pelo presidente da Corte, ministro Joaquim Barbosa, relator da Ação Penal 470, o processo do mensalão. Dirceu cumpre pena de sete anos e 11 meses em regime semiaberto.
Após a audiência marcada para o dia 25 deste mês, às 14h, na qual Dirceu vai prestar depoimento no processo de sindicância, o magistrado vai pedir que o Ministério Público apresente manifestação e encaminhar o processo disciplinar ao STF. Caberá ao Supremo decidir sobre o arquivamento do processo ou punição do ex-ministro.
“Com as manifestações, extraia-se cópia da documentação pertinente e do respectivo termo de audiência, certifique-se e junte-se aos autos da execução, remetendo-se os originais ao Supremo Tribunal Federal para deliberação acerca do arquivamento ou, em caso contrário, da punição ao preso, com seus consectários legais (regressão ao regime fechado, perda dos dias remidos e definição de nova data-base para benefícios)”, decidiu o juiz.
Segundo reportagem do jornal Folha de S.Paulo, publicada no dia 17 de janeiro, Dirceu conversou por telefone celular com James Correia, secretário da Indústria, Comércio e Mineração da Bahia. Segundo a reportagem, a conversa ocorreu com intermediação de uma terceira pessoa que visitou Dirceu. Na ocasião, a defesa do ex-ministro negou que a conversa tenha ocorrido, mas a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal abriu processo administrativo para investigar o caso.
O processo de sindicância envolvendo o ex-ministro foi arquivado pela direção do presídio, mas a VEP determinou que a apuração fosse reaberta porque as partes envolvidas, como Dirceu e agentes penitenciários, não foram ouvidas. A decisão fez com que o pedido de trabalho externo fosse suspenso. Dirceu recebeu proposta para trabalhar no escritório do advogado José Gerardo Grossi, atuando na pesquisa de jurisprudência de processos e ajudando na parte administrativa. A jornada iria das 8h às 18h e ele teria uma hora de almoço.
No entanto, em ofício enviado à VEP, o Centro de Internamento e Reeducação, parte do presídio destinada a presos em regime semiaberto, informou que arquivou o caso porque não havia necessidade de apuração da suposta falta grave cometida. O diretor da unidade prisional concluiu que o fato era “inverídico”. Ao tomar conhecimento da medida, a Justiça determinou que a investigação fosse concluída e que os depoimentos do ex-ministro e dos agentes penitenciários, tomados.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247