Errado e errático

A fixação freudiana de Dilma e Lula no “conteúdo nacional” muitas vezes contrasta com a necessidade de produzir a custos mais baixos e com melhor qualidade



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O governo brasileiro, que não tem coragem de promover um ajuste fiscal verdadeiro, que lhe permitiria baixar juros sustentavelmente, envereda por caminho errado e errático. Errado, porque supõe poder enfrentar a perda crescente de competitividade da indústria brasileira com medidas protecionistas, barreiras à importação e reservas de mercado; imita Geisel, que plantou a semente do erro nos anos 70 do século passado. E errático porque vai e volta, parece desorientado, adota medidas contraditórias entre elas.

Samba de uma nota só. A palavra de ordem do Planalto é condenar o “tsunami monetário” provocado pela liquidez jogada no mercado por EUA, Zona Euro, Inglaterra e Japão, que buscam saídas para suas próprias crises. O excesso de dinheiro procura a remuneração elevada que países como o Brasil lhe oferecem e aí o dólar se deprecia relativamente diante do real.

Para quem deseja fazer turismo no exterior, ótimo. Para as indústrias exportadoras, péssimo, claro, pois real apreciado equivale a menores possibilidades de colocação de nossas mercadorias no mercado externo.

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A equipe econômica brasileira, então, parte para renegociar o acordo automotivo com o México e sinaliza com medidas atrasadas como a velha e cansada reserva de mercado, que tanto atrasou nossa indústria de informática, no período Geisel/Figueiredo. Isso só levou ao atraso tecnológico, a preços mais altos e, portanto, a prejuízos incalculáveis para o país e para o consumidor.

As medidas paliativas do Ministério da Fazenda não resolvem o problema. O dólar sobe num dia e cai no outro.

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A verdadeira solução está em promover, de uma vez por todas, verdadeira reforma tributária e efetiva modernização da legislação trabalhista. A reforma política também é inadiável: a visível falência da articulação do Planalto está conduzindo o país para a ingovernabilidade. Alguém escreveu, aliás, que a Presidente não gosta e nem entende de política e seus articuladores podem até gostar, porém do assunto não entendem.

A fixação freudiana de Dilma e Lula no “conteúdo nacional” muitas vezes contrasta com a necessidade de produzir a custos mais baixos e com melhor qualidade. O objetivo deveria ser aumentar a produtividade sistêmica da economia: onde estão os investimentos nessa infraestrutura falida, que onera brutalmente o custo Brasil? Onde estão os investimentos sistemáticos em formação de mão de obra qualificada e em inovação?

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O BNDES mesmo, ao invés de se dedicar a financiar a (re)construção da infraestrutura, dedica-se a projetos menos relevantes, que interessam mais a certos e (bem) escolhidos setores empresariais que ao futuro da economia. Esse banco oficial precisa ser repensado, porque ele também tem regredido conceitualmente aos anos 70.

Câmbio é coisa séria, sim. Mario Henrique Simonsen dizia que “a inflação aleija e o câmbio mata”. Mas a culpa do drama cambial brasileiro está menos nos “tsunamis” retóricos da Presidente Dilma e mais na incapacidade que temos demonstrado de prosseguir reformando o Brasil.

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Na inércia, perderemos a guerra, sem dúvida nenhuma. 

Arthur Virgílio é diplomata e foi líder do PSDB no Senado

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