Corrupção no futebol pode suspender campeonato italiano por dois anos

Primeiro-ministro, Mario Monti, sugere a interrupção do esporte e desperta críticas severas do presidente do Palermo, Maurizio Zamperini: "Ele quer massacrar e destruir a Itália"

Corrupção no futebol pode suspender campeonato italiano por dois anos
Corrupção no futebol pode suspender campeonato italiano por dois anos (Foto: Reuters_Divulgação)


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247 - O primeiro-ministro italiano, Mario Monti, acogitou a necessidade de suspender o futebol "por dois ou três anos" no país por causa do novo escândalo de manipulação de resultados. "Uma suspensão total deste jogo não seria benéfica para a maturidade dos nossos cidadãos?", questionou Monti. "Eu não estou fazendo uma proposta de governo, mas expondo um desejo que eu, apaixonado por futebol há muito tempo, sinto no meu coração", acrescentou.

Na segunda-feira, novos desenvolvimentos do 'Calcioscommese', o nome conferido ao escândalo de corrupção e combinação de resultados no futebol, chegou mesmo a tirar um jogador do Euro 2012. Por toda a Itália, foram detidos 50 suspeitos, entre eles Stefano Mari, capitão da Lazio de Roma, e Domenico Criscito, defesa do Zenit que teve de abandonar o estágio da selecção italiana – que não jogará mais com a seleção do País no evento europeu.

Em entrevista coletiva, o procurador Roberto di Martino, de Cremona, disse que Mari, da Lazio, recebeu 600 mil euros antes da partida entre Lecce e Lazio, vencida pelo clube romano por 4 a 2 no dia 22 de maio de 2011. O resultado final beneficiou os apostadores, segundo Di Martino com um ganho de dois milhões de euros.

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Esta não foi a primeira vez que o futebol italiano se envolveu em um caso de corrupção como esse (Veja abaixo, na matéria do Globo). Mas desta vez, as palavras de Monti surpreendem pelo seu teor e por virem da figura mais importante de Itália.

O presidente do Palermo, Maurizio Zamperini, reagiu: a única coisa vergonhosa no país foi o Monti a atrever-se a dizer o que disse. Zamperini chegou mesmo a dizer que o primeiro-ministro transalpino «quer massacrar e destruir a Itália».

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Relembre alguns casos que ficaram marcados na história do futebol.

No futebol italiano:

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TOTONERO 1980:
O caso:
Descoberto pela polícia italiana em março de 1980, consistia na venda de resultados de partidas das Séries A e B da Itália em troca de dinheiro. O escândalo envolveu Milan, Lazio, Perugia, Bologna e Avellino, da Série A, e mais Taranto e Palermo, da Série B.
O resultado:
Milan e Lazio foram rebaixados para a Série B. Avelino, Bologna, Perugia, Palermo e Taranto começaram a temporada seguinte com menos cinco pontos em suas respectivas divisões. O presidente do Milan, Felice Colombo, foi banido do esporte enquanto o do Bologna, Tommaso Fabretti, foi suspenso por um ano. Dezoito jogadores também foram punidos com suspensões que variaram de três meses a seis anos. Entre eles Cláudio Pellegrini (Avellino - seis anos), Massino Cacciatori (Lazio - cinco anos), Enrico Albertosi (Milan - quatro anos), Bruno Giordano (Lazio), Lionello Manfredonia (Lazio), Carlo Petrini (Bologna) e Guido Magherini (Palermo), que pegaram três anos e seis meses. Além de Paolo Rossi (Perugia), cuja pena de três anos foi reduzida para dois, lhe dando a chance de disputar e ser um jogador decisivo na Copa da Espanha, em 1982.

TOTONERO 1986:
O caso:
Seis anos depois, um novo escândalo abalou a Itália. Mais uma vez descoberto pela polícia italiana, o escândalo envolveu resultados arranjados em troca de dinheiro de nove clubes das Séries A, B, C1 e C2 do Calcio. A armação de resultados aconteceu entre 1984 e 1986.
O resultado:
O Lanerossi Vicenza foi excluído da Série A na temporada seguinte, enquanto Perugia e Cavese foram rebaixados para a quarta divisão com menos dois e menos cinco pontos, respectivamente. Udinese (-9 na Série A), Cagliari (-5 na Série B), Lazio (-5 na Série B), Triestina (-1 na Série B e -4 na Série B no ano seguinte), Palermo (-5 na Série B) e Foggia (-5 na Série C1) foram punidos com a perda de pontos. Dezessete dirigentes e treinadores e outros 34 jogadores foram punidos com suspensões que variaram de um mês a cinco anos.

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CALCIOPOLI OU MOGGIOPOLI:
O caso:
Descoberto em maio de 2006, o escândalo envolveu Juventus, Milan, Fiorentina, Lazio e Reggina, que foram acusados de manipular fraudulentamente resultados de jogos selecionando árbitros que lhe seriam favoráveis para as partidas. O escândalo veio à tona depois que foram divulgadas gravações do presidente da Juventus, Luciano Moggi, tentando influenciar na escolha dos árbitros para as partidas do seu time.
O resultado:
A Juventus teve os títulos de 2005 e 2006 cassados, foi rebaixada para a Série B e começou o campeonato do ano seguinte com menos nove pontos. Milan, Fiorentina, Lazio e Reggina se mantiveram na Série A, mas começaram a competição do ano seguinte com menos oito, 15, três e 11 pontos respectivamente. Outros 19 dirigentes e árbitros foram punidos com suspensões de três meses a cinco anos do futebol. Entre eles, os dirigentes Luciano Moggi (Juventus - cinco anos), Adriano Galiani (Milan - cinco meses) e os árbitros Massino De Santis (quatro anos), Pierluigi Pairetto (três anos e meio) e Gianluca Paparesta (três meses).

CALCIOSCOMMESSE:
O caso:
Descoberto no ano passado, o escândalo levou à prisão de 16 pessoas acusadas de participar de manipulação de jogos da Série B e de divisões inferiores. Entre os detidos estavam o ex-atacante do Lazio e da seleção italiana Giuseppe Signori, assim como os ex-jogadores da Fiorentina Mauro Bressa e da Sampdoria Stefano Bettarini e o capitão da Atalanta, Cristiano Doni. Também foram detidos Vittorio Micolucci e Vincenzo Sommese, do Ascoli, então na Série B, e donos de agências de apostas.
O resultado:
Acusados de envolvimento no escândalo, nove clubes perderam pontos para a temporada 2011-12: Atalanta (-6 na Série A), Ascoli (-6 na Série B), Benevento (-9), Cremonese (-6), Esperia Viareggio (-1), Piacenza (-04), Reggiana (-2), Spezia Calcio (-1), Taranto (-1). O Alessandria Calcio perdeu todos os pontos na terceira divisão e foi rebaixado para a quarta divisão, assim como o Ravenna. Verona (20 mil euros), Sassuolo (20 mil euros), Ascoli (50 mil euros), Cremonese (30 mil euros), Piacenza (50 mil euros), Calcio Portogruaro Summaga (20 mil euros), Ravenna (50 mil euros) e Virtus Entella (15 mil euros) foram multados.
Doni e Bressan foram banidos do futebol por três anos e seis meses. Signori foi banido por cinco anos. Outras 16 pessoas receberam suspensões que variam de um a cinco anos.
Desdobramentos:

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As investigações da polícia sobre o caso, geraram novos desdobramentos com a prisão, em dezembro, de Doni e outros ex-jogadores como Luigi Sartor, Alessandro Zamperini, Nicola Santoni, Carlo Gervasoni e Filippo Carobbio. Graças a denúncia do zagueiro do Gubbio, Simone Farina, os policiais desvenderam um complexo sistema de apostas envolvendo pessoas de Cingapura, do leste europeu e da Itália com interesse em manipular resultados em toda a Europa. Nesta segunda, em mais um passo nas investigações, a polícia prendeu 19 pessoas acusadas de manipulação de resultados na Itália.

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