Caiado faz uso político do processo de venda da Celg
Senador, com apoio do deputado federal Daniel Vilela (PMDB), lidera campanha para barrar venda da empresa de energia, que já foi autorizada pelo governo federal; Ronaldo Caiado atropela até mesmo a orientação do DEM, seu partido, que é a favor das privatizações; companhia contesta veementemente informações divulgadas por Caiado de que o Estado teria que bancar o passivo da Celg após a venda; governo estadual pretende arrecadar R$ 5 bilhões com venda e recursos seriam investidos em obras de infraestrutura; por trás da volúpia de Caiado em defender a Celg está a intenção de se confrontar com Marconi Perillo e evitar que o governo seja abastecido com recursos da venda; senador pensa em ser candidato ao governo em 2018

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Goiás 247 - Com apoio do deputado federal Daniel Vilela (PMDB), o senador Ronaldo Caiado (DEM) encampou uma campanha política que tem como objetivo inviabilizar a recuperação econômico-financeira da Celg Distribuição. Sob o pretexto de que é contrário à venda da empresa – já autorizada pelo governo federal – o senador vem atuando contra a desdolarização da dívida da companhia com Itaipu.
Caiado vai até mesmo contra a orientação do DEM, que é a favor das privatizações, para manter firme seu propósito de enfrenta ro governador Marconi Perillo (PSDB). Daniel e o senador trabalharam ostensivamente para retirar emenda que reduziria em R$ 400 milhões a dívida da Celg. Com uma mãozinha da senadora Gleisi Hoffmann (PT), os dois tiveram êxito.
Na avaliação do senador, a privatização da Celg D, que renderia à administração estadual 49% do valor da venda, avaliado em R$ 10 bilhões, seria a pá de cal nas pretensões da dobradinha DEM-PMDB de voltar ao poder em 2018. O governo de Goiás pretende aplicar os recursos de uma eventual privatização em obras de infraestrutura, programas de fomento à economia e no abatimento das dívidas herdadas dos governos do PMDB.
Caiado passou a disseminar uma série de informações sobre a situação financeira da empresa, que são contestas pela companhia. Entre elas, a de que a Procuradoria Geral do Estado de Goiás (PGE) calcula que o passivo que o governo estadual terá de assumir em caso de privatização estaria estimado entre R$ 3 bilhões a R$ 5 bilhões. A direção da Celg D desmentiu categoricamente o senador, mostrando, tecnicamente, justamente o contrário. Segundo a Celg, não qualquer parecer da PGE acerca do tema.
"Não há nenhuma diligência jurídica feita pela PGE. Os dados disponíveis pela CelgPar indicam um resultado favorável ao Estado (ativo contencioso maior que passivo contencioso)", afirma a Celg Par, proprietária de 49% das ações da empresa – os outros 51% são da Eletrobras. "O dado de R$ 3 bilhões a R$ 5 bilhões não tem lastro contábil, que registra, a esse título, uma provisão de R$ 550 milhões. Já pelo lado do ativo, a expectativa do Estado é de receber R$ 2,8 bilhões", afirmou.
Reportagens de dois jornais desmascaram Caiado
Na semana passada, a ofensiva política do senador Ronaldo Caiado contra a Celg D sofreu um duro golpe: reportagem do jornal Valor Econômico publicada na sexta-feira afirmou que a grave crise financeira em que a estatal mergulhou, e da qual começou a sair no mandato passado do governador Marconi Perillo (2011-2014), é de responsabilidade das administrações de Maguito Vilela (1995-1998) e Alcides Rodrigues (2007-2010). A edição de ontem do jornal Diário da Manhã contextualizou: Aliado de Alcides e de Maguito, Caiado é agora o líder da ofensiva da oposição para quebrar a Celg D.
Segundo o Valor, "a situação financeira da Celg D se deteriorou" em função da privatização da Usina de Cachoeira Dourada e da defasagem tarifária em função das dívidas acumuladas com o setor elétrico – que ocorreram, respectivamente, nas gestões de Maguito e Alcides. "A situação financeira da Celg D, considerada uma das empresas mais ineficientes do setor, se deteriorou basicamente por dois motivos", afirma o texto do Valor.
Veja o que Ronaldo Caiado afirma sobre a Celg D e as verdadeiras informações:
FEDERALIZAÇÃO
Caiado: Não houve clareza de informações durante as negociações do governo.
Celg D: A imprensa acompanhou todo o processo, com centenas de matérias divulgadas. Além disso, tanto o Ministério Público Federal, quanto o Estadual foram informados de todos os passos das negociações, com farta documentação.
PASSIVO
Caiado: A Procuradoria Geral do Estado calcula que o passivo que Goiás tem de assumir por conta da venda da Celg é de R$ 3 a R$ 5 bilhões.
Celg D: Não há nenhuma diligência jurídica feita pela PGE. Os dados disponíveis pela CelgPar indicam um resultado favorável ao Estado (ativo contencioso maior que passivo contencioso). O dado de 3 a 5 bilhões não tem lastro contábil, que registra, a esse título, uma provisão de R$ 550 milhões. Já pelo lado do ativo, a expectativa do Estado é de receber R$ 2,8 bilhões.
DÍVIDA COM A CAIXA
Caiado: O Estado assumiu uma dívida com a CEF de R$ 3 bilhões, como parte do acerto para que a Eletrobras aceitasse a Celg.
Celg D: Houve, na realidade, uma troca de dívida muito vantajosa para o Estado. O Estado devia à Celg, com registro no Tesouro, R$ 2,157 bilhões a um custo de IGPM + 12% ao ano, tjlp, diferença a favor do estado é de 14% de juros ao ano. Tomou 3,527 bilhões de Reais, a um custo de TJLP + 0,8% ao ano. Com esse recurso, liquidou a dívida. Sobraram R$ 1,37 bilhões, que foram aportados na Celg, dos quais R$ 1,278 bilhões voltaram para o Estado via de pagamento de ICMS. Em síntese, a dívida nova foi de apenas R$ 92 milhões.
CONTROLE ACIONÁRIO
Caiado: Há pouco tempo tínhamos uma negociação em que Goiás perderia apenas 5% do controle acionário da empresa.
Celg D: Não há um único documento que comprove essa assertiva. A verdade é que a Eletrobras, por acordo, assumiria o controle sem nenhum risco societário. Teria todas as Diretorias, menos a Presidência, e o domínio pleno do Conselho de Administração. Não assumiria nenhum risco. Hoje, 51% das dívidas são da Eletrobras.
VALORES DE VENDA
Caiado: A Eletrobras ficará com R$ 5 bilhões da venda. Goiás vai receber R$ 4 bilhões e ainda pagar o passivo?
Celg D: O Estado, se esse valor for confirmado, receberá praticamente os mesmos R$ 5 bilhões (a venda é "meio a meio"). O Estado não terá nenhum prejuízo, como já demonstrado.
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