CPMI do Cachoeira é necessária para pôr fim à hipocrisia na política

Goiás e o país vão entender melhor por que é tão necessária e urgente uma reforma política



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Em política é comum o auxiliar se sacrificar em favor do chefe. É dele a função de ser uma espécie de “pára-raios”. Os bônus vão para o executivo (seja ele prefeito, governador ou presidente). Os desgastes devem ser assimilados. No boxe golpes são absorvidos. Na política, sapos são engolidos.

Mas a cadeia de acontecimentos deflagrada pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, mostra que o estoque de pára-raios pode não ser o suficiente para poupar de um grande desgaste o governador Marconi Perillo (PSDB). Antes da operação, convenhamos, as coisas já não estavam uma maravilha: Greve na educação, ameaça de greve na polícia civil, caos na saúde, estradas esburacadas, déficit nas finanças, apagões na Celg e a impressão de que, por mais que o governo crie factoides, nada de concreto acontece de fato.

A Operação Monte Carlo cercou o Palácio das Esmeraldas. No rastro das investigações feitas pela PF descobriu-se que auxiliares muito próximos do governador tinham ligações com o contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.

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Tal qual dominós enfileirados, caíram nos grampos a sua Chefe de Gabinete, Eliane Pinheiro, o presidente do Detran, Edvaldo Cardoso e parte da cúpula da PM e Polícia Civil, como o Coronel Katayama, Comandante do Policiamento Metropolitano e o Corregedor-Geral da Polícia Civil Aredes Teixeira. Outros citados também devem sofrer as consequências como o secretário de Educação, Thiago Peixoto e os deputados Leonardo Vilela (PSDB), Carlos Leréia (PSDB), Jovair Arantes (PTB) e Sandes Júnior (PP).

Até a bancada marconista na Câmara de Goiânia, foi pêga nos grampos evidenciando que também comporta-se como Bancada do Cachoeira, caso dos vereadores Santana Gomes (PSD), Elias Vaz (PSOL), Maurício Beraldo (PSDB) e Geovani Antônio (PSDB).

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O churrasquinho de auxiliares e parlamentares tem como aperitivo a virtual cassação do senador Demóstenes Torres (sem partido) e recebe mais fogo e carvão com o início da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que deve investigar as ações de Cachoeira junto a agentes públicos e empresas privadas. Leia-se: investigação das atividades do bicheiro com autoridades do governo de Goiás e as relações siamesas entre o esquema do contraventor e a empreiteira Delta, que presta serviços em Goiás, Tocantins, Distrito Federal e Rio de Janeiro.

A eventual cassação de Demóstenes e de outros parlamentares da base marconista, e a queda de outros auxiliares, não afeta tanto a imagem do governo e do governador quanto a revelação de negócios não-republicanos entre o governo de Goiás e empresas ligadas ao bicheiro. Mas o que provavelmente o que gera mais desconforto ao Palácio das Esmeraldas são as notícias de que o Grupo Cachoeira está entre os principais financiadores da campanha do governador Marconi Perillo, do senador Demóstenes Torres e, provavelmente, de muitos deputados estaduais e federais. Só de recursos contabilizados o montante chega a R$ 4,8 milhões. Haverá doações não-contabilizadas? O tempo, a CPMI e as investigações da Polícia Federal irão dizer.

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A CPMI vai tocar num dos tabus do sistema político brasileiro: o financiamento de campanhas. Mas, no caso goiano, não pode ser tratado apenas sob a ótica do caixa 2, pois não foram apenas empresas legais que doaram dinheiro para as campanhas políticas do governo demo-tucano. Foi dinheiro da contravenção, o mesmo que derrubou os tucanos do governo do Mato Grosso , no esquema Dante Oliveira-Comendador (já sitados neste blog http://migre.me/8EmS0 ).

A sedução do jogo do bicho no governo no Goiás de hoje, e em Mato Grosso no passado, reforça a necessidade de que os parlamentares, ao final dos trabalhos da CPMI, estejam convictos da urgência da reforma política, que pela complexidade, talvez só terá êxito se for debatida numa Constituinte Exclusiva. É isto, ou continuaremos ouvindo declarações cândidas:

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Cachoeira: “Queria dizer ao senhor que estou trabalhando na legalidade”.

Marconi: “Na boa fé, eu acreditei".

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