Para Marconi, melhor defesa na CPI é ataque
Governador goiano do PSDB, orientado por advogado e empresa que cuida da imagem de políticos, procura levar a cabo a máxima que ensina que a melhor defesa é o ataque. Assim, age como candidato e bate principalmente em Lula. Mas, para passar credibilidade, terá de fazer mais que isso: pode, por exemplo, autorizar na CPI mista abertura de seus sigilos bancário e fiscal. Espontaneamente. Vai fazer isso?

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Vassil Oliveira_Goiás 247 – Em nome do discurso da transparência e da coragem acima de tudo, nos últimos dias o governador Marconi Perillo (PSDB) tem procurado agir por antecipação. O auge: antes que a CPI mista do Cachoeira o chamasse, foi até ela. Em um ato pirotécnico, nesta quarta, 29, chegou de surpresa a uma sessão da comissão e se ofereceu para depor.
Se quisesse mesmo passar credibilidade e verdade nas suas palavras, precisaria fazer mais do que isso: por exemplo abrir espontaneamente seus sigilos fiscal e bancário. Mais: convencer assessores seus, como Lúcio Fiúza, a fazer o mesmo. Seria um começo.
Na prática, o governador goiano, premido a dar respostas sobre suas ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira e as ligações deste com o seu governo, busca fazer o que em jornalismo se chama inverter a pauta. Ele é questionado? Então ele passa a questionar. Ele é cobrado? Então passa a ameaçar.
Assim foi que erguei a bandeira da CPI das Empreiteiras, que promete propor na sua ida à CPI. Assim foi também que fez aprovar na Assembleia Legislativa de Goiás CPI também do Cachoeira mas para pressionar adversários – serão chamados, por exemplo, prefeitos de cidades de adversários políticos dele, mas ele mesmo nem tem sua ida cogitada.
Atacar pra se defender não é uma arma nova na guerra, muito menos na guerra política. No que se refere a Marconi, a novidade é que ele nunca foi tão pressionado e jamais tinha chegado tão perto do fundo do poço, segundo relatos de amigos e auxiliares, que em determinado momento chegaram a temer que ele fosse “entregar os pontos”, como definiram, tal era a angústia que o tomava. Contam que ele chegou a ter problemas de saúde, por não ver saída para seu caso.
A decisão de levantar a cabeça e “voltar a ser o Marconi que sempre foi”, diz boa fonte do Palácio das Esmeraldas, partiu de assessores, e não dele. Partiu principalmente de um, que na campanha cuidou da contratação de empresa nacional para cuidar da comunicação. A mesma empresa foi contatada há pouco mais de um mês e assumiu a administração das ações de redes sociais e de administração da imagem do tucano em nível nacional.
A empresa e o advogado de Marconi, Kakai, é que definiram o modelo de ação que está sendo adotado. Em síntese: Marconi buscar estar sempre um passo à frente. É inevitável que vá à CPI? Então ele se adianta e propõe ir espontaneamente. É questionado sobre a casa? Atira em Lula, dizendo que é alvo do ódio do ex-presidente porque teria sido um dos avalistas da denúncia do mensalão. Vale tudo, e tudo é arma.
No Estado, a reação começou com a aprovação de um adicional ‘de emergência’ de R$ 20,5 milhões para propaganda. Com dinheiro para gastar, os governistas foram aos veículos e ofereceram uma mão e cobraram em troca basicamente duas coisas:
a – espaço para as ações positivas do governo;
b – sumiço do assunto “Cachoeira” do noticiário ou que fosse tratado sempre sob a perspectiva favorável ao governo, o que incluía cobertura farta da CPI da Assembleia, controlada pelos marconistas;
c – limitação de espaço, quando não exclusão total, para os adversários, entre os quais os três potenciais pré-candidatos a governador em 2014: Iris Rezende e Vanderlan Cardoso (PMDB), Júnior Friboi (PSB) e Rubens Otoni (PT).
Alguns pontos do discurso recorrente e batido à exaustão pela equipe de Marconi Perillo na imprensa goiana:
1 – Dilma é parceira, o inimigo “de Goiás” – porque não gosta de Marconi – é Lula;
2 – Lula te ódio de Marconi e tudo que está acontecendo é motivado por isso, tem como objetivo atingi-lo em ato de vingança pelo episódio do mensalão;
3 – PT tem medo de Marconi, porque é o único que pode derrotar Lula em 2014;
4 – não há nada que ligue Marconi a Cachoeira; tudo que foi publicado até agora faz parte de uma conspiração para atingir o tucano;
5 – quem tem a ver com Cachoeira é o PMDB e o PT, porque as prefeituras de Goiânia e de Anápolis, administradas por petistas, e de Catalão, governada por peemedebista, é que teriam assinado contrato com a Delta, e o que o Estado tem foi assinado pelo governo anterior (o fato de o governo atual ter renovado o contrato e aumentado o valor nem é mencionado);
6 – enfim, Marconi é vítima. Ponto final.
Junto com essa ação política o governador intensificou as ações de governo. O jornal Tribuna do Planalto chegou a anotar os muitos programas nos quais o governo tem investido (para ver, clique aqui – ), entre os quais um com o sugestivo nome de PAI, ou Programa de Ação Integrada, “lançado com o objetivo de priorizar certas obras, inspirado no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.”
Paralelo a isso, o governador tenta minimizar a fragilidade política dentro de seu próprio governo, que não deixa inclusive que faça as alterações que gostaria na equipe. Vontade, por exemplo, de tirar o presidente da Agência de Comunicacão (Agecom), José Luiz Bittencourt, e o secretario de Infra-estrutura, Alexandres Baldy. O primeiro tem as costas protegidas pelo presidente da Assembleia Legislativa, Jardel Sebba, e pelo líder do governo na Casa, Helder Valin; o segundo, é genro do empresário Marcelo Limírio, ligado a Cachoeira e a Marconi.
O fato é que Marconi Perillo ainda não conseguiu fazer o governo andar, mas está empurrando os aliados que resistem ao seu lado. Boa parte, no entanto, aguarda quieto. Quieto – o que não quer dizer que tem esperança de que o momento ruim passe logo.
O detalhe é relevante porque, em outros tempos, o boca-a-boca sempre funcionou como um veículo de comunicação poderoso – multiplicando com onipresença nos municípios – para o tucano. Agora, é um veículo com ruídos. Tem espalhado dúvidas e medo. E caso a situação do governador se complique, levará desespero em tempos de eleição.
Ou seja: Marconi age como quem está em campanha sabendo que é ganhar ou ganhar. Talvez a maior campanha de sua vida. Está em jogo a sua sobrevivência política. É o que tem. Porque a credibilidade, e o respeito, estes já foram derrotados. Em Goiás e no Brasil.
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