Folha de S.Paulo confirma crise no jornal impresso
Jornal de Otávio Frias exigiu e obteve vitória na Justiça para a retirada de suas reportagens do clipping da EBC, agência de notícias do governo; textos eram compartilhados na íntegra com as principais autoridades federais; tudo faz parte de uma tentativa da Folha de fechar seu conteúdo para não assinantes
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247 – A Folha de S.Paulo confirmou a crise dos jornais impressos ao noticiar, na noite deste sábado, que obteve vitória na Justiça para que suas reportagens fiquem de fora do clipping da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), agência de notícias do governo. A relação de notícias diárias era encaminhada para as principais autoridades federais, na íntegra, num momento em que o jornal tenta fechar seu conteúdo para leitores não assinantes.
Em dezembro do ano passado, uma liminar (decisão provisória) determinou que a EBC parasse de usar conteúdo do jornal em seu clipping diário. A agência, subordinada à Secom, tentou derrubar a decisão, que foi mantida agora pela Justiça Federal. Antes de entrar com processo sobre o caso, o jornal tentou cobrar direitos da EBC, mas não houve acordo com a empresa, que também distribui textos de vários outros jornais.
Leia abaixo reportagem do 247 de 9 de dezembro passado, quando saiu a liminar:
Folha intensifica guerra com governo federal
Jornal de Otávio Frias obtém liminar que proíbe a Empresa Brasileira de Comunicação, subordinada à Secom, comandada pela jornalista Helena Chagas, de reproduzir seu conteúdo num clipping enviado às principais autoridades federais; é uma tentativa de fechar seu conteúdo no momento em que a crise do papel se acelera
A crise dos jornais impressos deu, neste sábado, mais um sinal de vida. Pela primeira vez em 27 anos, a "Mídia Impressa", uma coletânea dos principais artigos e reportagens publicados no País e distribuída pela Empresa Brasileira de Comunicação às autoridades do governo federal, circulou sem conteúdo da Folha de S. Paulo. O motivo: uma liminar obtida pela própria Folha para ficar de fora do clipping oficial.
Até recentemente, todos os veículos brigavam para constar desse serviço. Afinal, ser lido pelas autoridades é algo que reforça o prestígio e a influência das publicações.
A Folha, no entanto, vem tendo dificuldades para proteger seu conteúdo na era digital, assim como todos os demais veículos impressos. Na internet, o jornal de Otávio Frias instituiu o chamado "muro de cobrança", permitindo que internautas acessem apenas uma quantidade limitada de artigos por mês. Agora, a Folha transmite a mensagem de que, para ser lido em Brasília, o jornal também deverá ser comprado pelas autoridades – e não mais reproduzido.
Este não é o único embate entre a Folha e a Secretaria de Comunicação do governo federal, comandada pela ministra Helena Chagas. A Folha também foi à Justiça para tentar obter os dados relativos à publicidade oficial – o que vem sendo contestado pela Secom.
No momento em que a América Latina se vê tomada pelo debate em torno da Ley de Medios argentina, a Folha luta para se preservar como uma das poucas vozes relevantes na sociedade brasileira.
Assim como outros grandes veículos de comunicação, o jornal da família Frias também saiu em defesa do Clarín, periódico argentino que poderá ter que se desfazer de algumas concessões na Argentina.
A exclusão do clipping oficial ainda não é definitiva. A EBC pretende recorrer para continuar levando conteúdo da Folha às autoridades governamentais.
Leia, abaixo, nota publicada hoje no "Mídia Impressa":
Prezado leitor,
A nove mil oitocentos e cinquenta e cinco dias ou 27 anos, a Mídia Impressa seleciona e publica conteúdo dos principais jornais e revistas do País que são distribuídos para um seleto grupo de autoridades em Brasília. A empresa Folha da Manhã S/A obteve decisão judicial que impede temporariamente a Empresa Brasil de Comunicação de incluir o conteúdo do jornal Folha de S. Paulo nas versões em papel, digital ou no banco de notícias. A EBC está envidando todos os esforços para que a situação seja rapidamente revertida.
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