Kotscho: Lava Jato sitiada, Temer fala uma coisa e faz outra
"Está tudo dominado, como propagava o senador Romero Jucá, quando foi gravado por Sérgio Machado dando o roteiro para "estancar esta sangria". A Operação Lava Jato pode até sobreviver ao cerco, mas neste momento, ao completar três anos, está sitiada por todos os lado", analisa o jornalista Ricardo Kotscho

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Por Ricardo Kotscho - do Balaio do Kotscho
Gostaria muito de mudar de assunto para falar de alguma coisa boa, mas os fatos não deixam.
Onde quer que eu vá, só se fala sobre o que vai acontecer agora com a Lava Jato, quem vai ser preso, quem não vai.
Neste final de semana, foi tal o bombardeio nas capas de jornais e revistas sobre as manobras contra a operação, que o presidente Michel Temer se viu obrigado, logo na manhã de segunda-feira, a convocar a imprensa para fazer um pronunciamento em Brasília com o objetivo de acalmar os ânimos.
O problema é que o presidente também gostaria de mudar de assunto, mas os fatos o contrariam.
Com ar grave, ele anunciou "em caráter definitivo e talvez pela enésima vez, que o governo jamais pode interferir nessa matéria da Lava Jato", embora a realidade dos últimos dias demonstre exatamente o contrário.
Não se falou de outra coisa na pré-sabatina promovida na "Chalana Champanhe", na semana passada, por um grupo de senadores reunido em torno do ministro licenciado Alexandre de Moraes, indicado por Temer para o STF.
Afinal, se o nome de Moraes for aprovado, ele será o revisor da Lava Jato no plenário do STF.
Em outra frente, o presidente promoveu Moreira Franco a ministro, para lhe dar foro privilegiado, dias após a homologação das delações da Odebrecht em que seu nome foi citado mais de 30 vezes.
Na sua fala, sem citar o nome do amigo, Temer negou peremptoriamente qualquer tentativa de "blindagem" e prometeu afastar ministros que se tornarem réus na Lava Jato.
Como este costuma ser um longo processo no STF, que levou nove anos para tornar réu o senador Renan Calheiros, denunciado em outros dez inquéritos, os ministros poderão dormir tranquilos enquanto estiverem no cargo.
Renan continua mandando no Senado, onde acaba de colocar Edson Lobão, também denunciado na Lava Jato, como presidente da Comissão de Constituição e Justiça que vai sabatinar Alexandre de Moraes.
Na Câmara, o reeleito presidente Rodrigo Maia, denunciado na semana passada pela PGR, escalou Carlos Marun, da tropa de choque de Eduardo Cunha, para presidir e Comissão Especial da Reforma da Previdência, o carro-chefe do governo.
No STF, o ministro Gilmar Mendes, que apoiou a indicação de Alexandre de Moraes, nem faz mais questão de disfarçar suas intenções:
"Temos um encontro marcado com essas alongadas prisões que se determinam em Curitiba. Temos de nos posicionar sobre este tema que conflita com a jurisprudência que desenvolvemos".
Está tudo dominado, como propagava o senador Romero Jucá, quando foi gravado por Sérgio Machado dando o roteiro para "estancar esta sangria".
A Operação Lava Jato pode até sobreviver ao cerco, mas neste momento, ao completar três anos, está sitiada por todos os lados.
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