Casseta & Planeta: o preço do engajamento

Nova roupagem do programa humorstico da TV Globo fracassa em audincia. H vrias razes para isso, mas uma delas o engajamento da trupe, que perdeu seu lado anrquico para abraar causas polticas

Casseta & Planeta: o preço do engajamento
Casseta & Planeta: o preço do engajamento (Foto: Divulgação)


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Heberth Xavier_247 - O retorno do Casseta & Planeta às casas dos telespectadores não tem sido fácil. Para qualquer lado: o espectador ansiava a volta da velha turma, na esperança que eles resgatassem as piadas que tornavam as noites mais divertidas; os humoristas queriam provar que o formato do programa ainda é atual. Ambos se decepcionaram.

Em 6 de abril, por exemplo, o Casseta & Planeta Vai Fundo chegou a amargar a terceira colocação no Ibope. Exatamente às 23h57, a Globo marcou apenas 7,6 pontos, ante 8,5 do SBT e 10,7 da Record. Na reestreia, vitória magra (15 a 12). No programa da semana seguinte, o programa perdeu para a Record, que exibia a novela Vidas em Jogo e o Câmera Record: 12 a 13 de média para a TV de Edir Macedo. A Globo traçou como meta até o fim deste ano chegar aos 20 pontos com o novo programa. Como começou muito mal, decidiu aumentar o número de chamadas ao longo de sua programação.

Há várias razões que explicam a dificuldade de voltar a atrair audiência. O formato do programa já não representa algo novo como era nos anos 1990, naquele misto de documentário recheado de piadas. A repentina morte de Cláudio Besserman Viana, o Bussunda, também contribuiu - Bussunda era certamente o mais popular dos cassetas.

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Mas há um outro aspecto: a trupe ficou muito “politizada”, séria, engajada, a ponto de comprometer o trabalho. Difícil aliar humor a tanta militância, sobretudo um humor que precisa da anarquia como condição maior, como é o caso do Casseta & Planeta.

O mais raivoso dos políticos do grupo humorístico é Marcelo Madureira. Em 2010, num acesso, ele chamou o então presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de “picareta” e “vagabundo”, entre outros adjetivos bacanas.

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Não se trata da defesa de Lula. Fosse outro o presidente, a desproporção da raiva manifestada por Madureira no programa Manhattan Connection, da GNT, também não combinaria com o humor anárquico dos velhos tempos. Em outro momento, quando participava - não por acaso - de uma reunião do chamado Instituto Millenium, Madureira também não poupou o governo de Lula. Se disse ameaçado por censura, mas não conseguiu demonstrar com fatos. Em certo momento da entrevista (veja abaixo os dois momentos, capturados do Youtube), Madureira interrompe a fala para cumprimentar um deputado. “Como vai deputado?”, afirmou em tom de complacência. O Millenium se apresenta como uma entidade dedicada a defender a liberdade de expressão no Brasil - segundo ela, ameaçada nos últimos anos. Já participaram de seus eventos o apresentador Pedro Bial, o jornalista Merval Pereira, o ex-cineasta Arnaldo Jabor, o sociólogo Demétrio Magnoli, entre outros.

Não se sabe quando os cassetas começaram sua guinada conservadora. Mas, em outubro de 2003, eles foram capa da revista Primeira Leitura, na época de propriedade do ex-ministro das Comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros. A reportagem era altamente elogiosa - eles mereciam, diga-se de passagem, pois na época tinham audiência e faziam um humor desapegado a crenças. Coincidência ou não, com o tempo o programa foi se desgastando.

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Em tempo: a revista Primeira Leitura era dirigida pelo blogueiro Reinaldo Azevedo…

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