Putin ameniza tensão, mas não descarta guerra

Presidente russo disse que a Rússia só usará a força militar na Ucrânia como último recurso, em aparente tentativa de acalmar relações com o Ocidente e com os mercados financeiros; no entanto, se reservou o direito de usar todas as opções para proteger seus compatriotas que estão vivendo em "terror", após o que chama de "golpe anti-constitucional e tomada do poder pelas armas"; por trás de suas ações existe o interesse em preservar a base de sua frota do Mar Negro, em Sebastopol, na Crimeia; Europa julga crise como a maior já vivida no século XXI

Presidente russo disse que a Rússia só usará a força militar na Ucrânia como último recurso, em aparente tentativa de acalmar relações com o Ocidente e com os mercados financeiros; no entanto, se reservou o direito de usar todas as opções para proteger seus compatriotas que estão vivendo em "terror", após o que chama de "golpe anti-constitucional e tomada do poder pelas armas"; por trás de suas ações existe o interesse em preservar a base de sua frota do Mar Negro, em Sebastopol, na Crimeia; Europa julga crise como a maior já vivida no século XXI
Presidente russo disse que a Rússia só usará a força militar na Ucrânia como último recurso, em aparente tentativa de acalmar relações com o Ocidente e com os mercados financeiros; no entanto, se reservou o direito de usar todas as opções para proteger seus compatriotas que estão vivendo em "terror", após o que chama de "golpe anti-constitucional e tomada do poder pelas armas"; por trás de suas ações existe o interesse em preservar a base de sua frota do Mar Negro, em Sebastopol, na Crimeia; Europa julga crise como a maior já vivida no século XXI (Foto: Sheila Lopes)


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Por Vladimir Soldatkin e Alissa de Carbonnel

MOSCOU/KERCH, Ucrânia, 4 Mar (Reuters) - O presidente Vladimir Putin disse nesta terça-feira que a Rússia só usará a força militar na Ucrânia como último recurso, em comentários cujo objetivo aparente é acalmar as tensões entre Ocidente e Oriente causadas pelo temor de uma guerra na ex-república soviética.

A Rússia, entretanto, se reservou o direito de usar todas as opções na Ucrânia para proteger seus compatriotas lá que estão vivendo em "terror", disse Putin.

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Putin declarou em uma coletiva de imprensa em sua residência oficial, nos arredores de Moscou, que houve um "golpe inconstitucional" na Ucrânia, e que o presidente deposto, Viktor Yanukovich, aliado da Rússia, ainda é o líder legítimo do país, apesar de ter entregado o poder.

"Só pode haver uma avaliação do que aconteceu em Kiev, na Ucrânia em geral. Esse foi um golpe anticonstitucional e a tomada armada do poder. Ninguém discute isso", disse Putin, parecendo relaxado diante de um pequeno grupo de repórteres.

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"Quanto a levar forças. Por enquanto não existe tal necessidade, mas essa possibilidade existe", disse ele. "O que poderia servir como motivo para usar força militar? Ela seria naturalmente o último recurso, absolutamente o último."

Mais cedo nesta terça-feira, Putin ordenou que as tropas envolvidas em um exercício militar no oeste russo, perto da fronteira com a Ucrânia, voltassem às suas bases. Ele disse que homens armados que haviam tomado prédios e outras instalações na Crimeia eram grupos locais.

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PREÇOS DA GAZPROM

Aumentando a pressão sobre Kiev, a Gazprom, maior produtora russa de gás, disse que irá retirar um desconto nos preços do gás para a Ucrânia a partir de abril, segundo a agência de notícias Interfax citando o diretor da empresa.

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No final de semana Putin disse ter o direito de invadir a Ucrânia para proteger cidadãos e interesses russos após a queda de Yanukovich, depois de meses de revolta popular. A Frota do Mar Negro da Rússia tem uma base na Crimeia.

Mas os exercícios militares no centro e no oeste russos, que começaram na semana passada e despertaram temores de que a Rússia poderia enviar forças para regiões de fala russa no leste da Ucrânia, foram concluídos no prazo.

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"O comandante supremo das forças armadas da Federação Russa, Vladimir Putin, deu a ordem para que as tropas e as unidades, que participavam dos exercício militar, retornem a suas bases", teria dito Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, de acordo com agências de notícias russas.

Embora o fim dos exercícios tenha sido planejado, o anúncio enviou uma mensagem mais conciliadora que a maior parte da retórica das autoridades russas, que dizem que Moscou deve defender os interesses nacionais e aqueles de seus compatriotas na Ucrânia.

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Putin está desalentado que a nova liderança da Ucrânia, o berço da civilização russa, tenha planejado se aproximar da União Europeia, longe do que havia sido uma esfera de influência de Moscou durante gerações enquanto durou o comunismo soviético.

O enviado de Moscou na ONU disse, durante uma reunião tempestuosa do Conselho de Segurança, que Yanukovich enviou uma carta a Putin requisitando que ele usasse os militares russos para restabelecer a lei e a ordem na Ucrânia.

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A Ucrânia disse que observadores da Organização para Segurança e Cooperação na Europa, um organismo de segurança pan-europeu, viajarão a seu convite para a Crimeia em uma tentativa de desarmar o impasse militar ali.

REAÇÃO OCIDENTAL

Os Estados Unidos começaram a esboçar sua reação à incursão russa, anunciando uma suspensão de todo envolvimento militar com a Rússia, incluindo exercícios militares e visitas a portos, e congelando conversas sobre comércio e investimentos com Moscou.

O presidente Barack Obama se reuniu com assessores de segurança para discutir como os EUA e seus aliados podem "isolar ainda mais" a Rússia, disse uma autoridade da Casa Branca.

"Ao longo do tempo, esta é uma proposta custosa à Rússia", disse Obama aos repórteres.

O Departamento de Estado disse que os EUA estão se preparando para impor sanções à Rússia, embora nenhuma decisão tenha sido tomada ainda.

Membros do Congresso norte-americano estão estudando opções como sanções aos bancos russos e o congelamento de bens de instituições públicas russas e de investidores privados, mas dizem querer que Estados europeus se envolvam mais.

Um assessor do Kremlin disse que se o EUA de fato impuserem sanções, Moscou pode abandonar o dólar como reserva monetária e se recusar a pagar empréstimos para bancos norte-americanos.

Uma missão do Fundo Monetário Internacional (FMI) está em Kiev para discutir uma assistência financeira à Ucrânia para ajudar a evitar a falência. Os novos líderes de Kiev querem um pacote financeiro de pelo menos 15 bilhões de dólares, com a liberação rápida de parte do dinheiro.

A União Europeia ameaçou com medidas que não especificou a menos que a Rússia ordene o retorno de suas tropas às bases e inicie conversas com o novo governo ucraniano.

Líderes ocidentais enviaram uma série de alertas a Putin contra a ação armada, ameaçando consequências econômicas e diplomáticas, mas não cogitam uma reação militar.

Não houve sinais imediatos de nenhum movimento novo das forças russas na Crimeia, embora o presidente interino da Ucrânia tenha dito na segunda que a presença militar russa na península do Mar Negro esteja aumentando.

Forças russas enviaram três caminhões repletos de tropas por balsa para a Crimeia depois de assumir o controle do posto de fronteira do lado ucraniano, disse o porta-voz dos guardas de fronteira da Ucrânia.

Leia a matéria anterior do 247 sobre o assunto:

247 – Após a queda de seu aliado Viktor Ianukovich, a Rússia, de Vladimir Putin, está determinada a defender os interesses russos na Ucrânia, nem que isso represente uma intervenção militar.

Apesar dos protestos das lideranças internacionais e das ameaças dos Estados Unidos, a Rússia fez manobras militares nesta segunda-feira como forma de intimidação. Barack Obama afirmou que a Rússia violou a legislação internacional após a intervenção militar na Ucrânia e disse que o governo dos EUA tem alertado que vai buscar uma série de sanções econômicas e diplomáticas que isolarão Moscou.

Segundo o embaixador da Ucrânia na ONU, Yuriy Sergeyev, os russos deslocaram cerca de 16.000 soldados para a região autônoma ucraniana da Crimeia desde a semana passada.

Putin afirmou que a Rússia se reserva o direito de recorrer a "todos os meios" para proteger os cidadãos na Ucrânia, após o "golpe anti-constitucional e tomada do poder pelas armas". No entanto, por trás de suas ações existe o interesse de preservar o domínio sobre a região da Crimeia, que tem maioria de cidadãos russos e a base de sua frota do Mar Negro em Sebastopol.

A escalada da tensão na região derrubou os mercados financeiros. A bolsa de Moscou caiu 11,3 por cento, tirando quase 60 bilhões de dólares do valor de empresas russas em um dia, e o banco central do país gastou 10 bilhões de dólares de suas reservas para sustentar o rublo enquanto investidores se assustaram com as crescentes tensões com o Ocidente sobre a ex-república soviética.

Investidores europeus também se assustaram nesta segunda-feira com a intervenção militar, o que arrastou o índice da zona do euro Euro STOXX 50 para sua maior queda diária desde junho.

O índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais ações do continente, terminou com queda de 2,2 por cento, a 1.318 pontos, recuo mais forte desde 24 de janeiro, quando preocupações econômicas e políticas provocaram ansiedade em relação a ativos de mercados emergentes.

Já o Euro STOXX 50 perdeu 3 por cento, para 3.053 pontos, maior queda desde 20 de junho de 2013.

Empresas expostas à região, como o austríaco Raiffeisen Bank International, foram as mais afetadas.

"Investidores haviam subestimado os riscos de uma escalada na Ucrânia, então os eventos no fim de semana são um chamado para o mercado", disse David Thebault, chefe de vendas quantitativas do Global Equities.

As bolsas de valores dos Estados Unidos também recuaram.

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