Mistério: citada 62 vezes, Odebrecht segue poupada
Levantamento do jornalista Lauro Jardim aponta que a Odebrecht, de Marcelo Odebrecht, foi citada nada menos que 62 vezes pelos delatores da Operação Lava Jato; apesar disso, a empreiteira não foi atingida por decisões do juiz Sergio Moro e não teve nenhum executivo preso, ao contrário dos concorrentes

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Paraná 247 - A blindagem da Odebrecht na Operação Lava Jato continua intrigando analistas. Neste domingo, o jornalista Lauro Jardim publicou que, embora citada 62 vezes pelos delatores, a empresa de Marcelo Odebrecht não sofreu nenhuma punição. Leia abaixo:
A Odebrecht não teve nenhum executivo preso. E sempre que é necessário publica desmentidos veementes rechaçando qualquer ligação com a Lava-Jato.
Apesar disso, os delatores continuam a envolvê-la no Petrolão. Entre os treze que já fizeram delações premiadas, quatro a citaram: Paulo Roberto Costa, Pedro Barusco, Alberto Youssef e Júlio Camargo.
Nos depoimentos, o nome da construtora aparece pelo menos 62 vezes, em 38 páginas nas delações já tornadas públicas.
Estes números ainda devem aumentar. Shinko Nakandakari, ex-gerente da Odebrecht, fechou acordo de delação para contar o que sabe.
Entre os delatores, Costa, que disse ter recebido 31,5 milhões de dólares da Odebrecht em contas na Suíça a título de “política de bom relacionamento”, foi quem mais falou sobre a empreiteira em sua delação. Dos 35 termos da colaboração de PRC publicados pela Justiça, 17 trazem o nome da Odebrecht 35 vezes, em 22 páginas.
O ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco, que assumiu ter recebido um milhão de dólares da empreiteira em uma offshore no Panamá, citou a Odebrecht 16 vezes ao longo de onze páginas em cinco termos de colaboração. O nome da construtora aparece outras onze vezes na planilha em que Barusco detalhava a distribuição de propina sobre contratos em obras da Petrobras.
Já Alberto Youssef, cujas revelações levaram o MP a recomendar a diminuição de sua pena à metade, citou a Odebrecht nove vezes, em quatro páginas de quatro termos de colaboração.
Segundo o doleiro, a empreiteira depositou dez milhões de reais em propina a José Janene, falecido deputado do PP, em um paraíso fiscal, além de ter feito pagamentos a Leonardo Meirelles, laranja de Youssef, em dois bancos em Hong Kong.
Júlio Camargo, executivo da Toyo Setal, contou aos procuradores que a Odebrecht pagou propina relativa a contratos do Comperj a PRC, Barusco e Renato Duque por meio do executivo Marcio Farias. Nos poucos trechos da delação de Camargo divulgadas pela Justiça, o nome “Odebrecht” aparece duas vezes.
Por Lauro Jardim
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