Haddad Prefeito. O novo no lugar do velho!

Conheço a produção teórica do ministro: ele é o melhor preparado para dirigir São Paulo



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Heráclito percebeu a transformação do mundo, em constante processo de mudança, muito embora na política ela seja feita para continuar tudo igual. Em outubro encerra-se o prazo de mudança partidária aos habilitados na disputa eleitoral municipal. Em São Paulo, o candidato do PT, na visão pragmática de Lula tudo indica, é Fernando Haddad. Lula, nunca deve ter lido nada de Haddad, nem deve ter fixação por Fernando, seja Collor ou Cardoso, pois foi derrotado por ambos, três vezes. A quem não conheça o candidato in pectore de Lula é bom saber que esse esperto animal político atirou naquilo que viu e acertou no forte candidato que não viu. Na Grécia, o poder segundo Platão, deveria ser exercido pela inteligência, aqui os iletrados dão aula de sabedoria política.

São Paulo cresceu entre afluentes da calha do Rio Tietê, por isso tem várzeas, enchentes, pontes, deslizamentos, engarrafamentos, sem tetos, mas é pujante. Não é fácil administrar e planejar a metrópole. Cidade, com 300 mil habitantes em 1930, cuja população foi multiplicada 40 vezes em 80 anos. Na sua história, quem fez a urbanização e pensou no futuro foi sempre algum bom engenheiro. Prestes Maia foi o melhor, pois fez um planejamento, com obras importantes, quando com a Companhia City, surgiu a zona sul e retificou o canal do Pinheiros, com a represa Billings e a Usina Hidrelétrica de Cubatão, que deu luz e garantiu o desenvolvimento industrial. Abriu as avenidas Nove de Julho, com o túnel, Avenida Brasil e Rebouças. Construiu pontes e viadutos, além de obras na periferia. Foi seguido por Figueiredo Ferraz, Olavo Setúbal, Reinaldo de Barros, Mário Covas e Paulo Maluf. Este, com ajuda do arquiteto Júlio Neves, fez as operações interligadas, com abertura das Avenidas Faria Lima, Berrini, Juscelino, Hélio Pelegrino, Águas Espraiadas, Jacu Pêssego e vai por aí até os projetos Cingapura, as novas pontes e complexos viários. Os últimos prefeitos, quando continuaram obras anteriores houve avanços, sem deixar uma marca. José Serra começou a limpar a cidade que Gilberto Kassab, ambos engenheiros, deu continuidade às obras necessárias. Então, agora é preciso pensar São Paulo, com olhar de estadista e humanista, no centro e na periferia, pois é o terceiro orçamento nacional, abaixo da União e do Estado.

Quem é esse tal de Fernando Haddad? Pode dirigir São Paulo? Posso dizer que sim e que tem cabedal. Advogado da tradicional Faculdade da USP, do Largo São Francisco, que nos deu grandes políticos. Vários presidentes, governadores, deputados, prefeitos e ministros, da democracia e das ditaduras. Fernando, quando estudante, foi presidente do Centro Acadêmico XI de Agosto e trabalhou no balcão da loja do pai, na Rua 25 de Março. Quem trabalha sabe dos dois lados da moeda, tão difícil ganhar e fácil gastar, principalmente o dinheiro público. Formado fez carreira docente na Sociologia da USP, com mestrado na Faculdade de Administração e Economia – FAE, e o doutorado em Filosofia. Um acadêmico marxista, que procura usar a arma da ciência na busca da solução da contradição principal da sociedade, o embate entre o capital e o trabalho. Não é pouco, antes do trabalho assalariado, o dinheiro veio da acumulação primitiva e sempre alguém apropriou de alguém. A Rússia, a partir da Revolução de Outubro de 1917, usou deste capital e fez a partir do modelo asiático, o Estado Totalitário, socialista, que quase dominou o mundo, não fosse a burocracia e a lentidão do processo, conforme a tese de jovem mestre Haddad (Haddad, F – O sistema Soviético. Scrita Editorial, São Paulo, SP, 1992).

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A cerca delimitava a propriedade privada, agora o registro de uma marca, patente ou de um programa de computador, coisa imaterial, vale mais do que uma grande empresa, com patrimônio material. Coisa tão simples está num livrinho de capa vermelha do companheiro Haddad, uma ousada reinterpretação aos tempos modernos do Manifesto Comunista (Haddad F. – Em defesa do Socialismo. Editora Vozes, Petrópolis, RJ, 1998).

O homem faz o trabalho e se faz nele, a partir de quando um primitivo antropoide melhorou a vida, com um dedo virado de lado, cuja articulação de pinça deu o poder de criação do homem. Passou a andar em pé, dominou a semente na lavoura e os animais, aprendeu a preparar a comida, construir a casa, a lutar, a arte e até na pintura. A fala veio junto com o trabalho e ambos contribuíram para formar o homem, seja o da música, do fazer, do ter, do parecer ter ou da comunicação global. Isso também está discutido num livro do doutor Haddad (Haddad, F. – Trabalho e Linguagem, para renovação do socialismo. Azougue Editorial, Rio de Janeiro, RJ, 2004).

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Monteiro Lobato, ainda, não conseguiu realizar sua profecia: um país é feito de homens e livros. O professor Haddad na trilha de um amigo de Lobato, Anísio Teixeira e de Darci Ribeiro seu seguidor, no governo Marta Suplicy, foi chefe de gabinete do Secretário da Fazenda João Saiad, quando ajudou na retomada dos núcleos integrados de ensino. Nova versão das escolas de Anísio Teixeira e dos Cieps de Leonel Brizola e Darci Ribeiro que a Prefeita adotou em São Paulo e denominou de CEU, de custo caríssimo que só funciona se tudo for bem e tiver continuidade.

No governo Lula, o jovem petista, contribuiu como um soldado raso na assessoria do Ministério do Planejamento, quando coordenou com sucesso o programa de parceria publico-privado, as PPPs, que não funcionam melhor devido à ganância do particular e a ineficiência do Estado.

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Quando da saída do Ministro Cristovam Buarque, na entrada de Tarso Genro, Fernando Haddad foi nomeado Secretário Executivo. Fez os planos de melhoria das escolas, com mais vagas e maior acesso da população carente à Universidade, inclusive dos negros e índios, com o sistema de cotas. Na crise do mensalão, com a saída de Tarso Genro para ocupar a presidência do PT, Haddad foi nomeado Ministro da Educação. Ampliou o sistema de ensino superior, com maior número de Universidades – nem tudo das escolas criadas é bom, com unidades ainda no papel, falta de equipamentos, professores – e o melhor sistema de seleção para evitar o exame vestibular e a “indústria dos cursinhos”. Logo, em todo o Brasil, o aluno vai ser avaliado para qualquer curso, em qualquer Universidade, num único exame de seleção nacional. Um bom exemplo de democracia e avaliação pelo mérito do nível intelectual, se é que isso mede mesmo o potencial do cidadão. Houve problema na aplicação dos exames, inclusive, com vazamentos e na impressão das provas, que implicaram anulação e mudança na data do Enen. Mas, sem má fé ou corrupção, além de falhas do sistema e humanas, que precisam ser corrigidas. Nosso ensino não é perfeito. Todo professor sabe, não se constrói, nem se conserta o ensino numa geração. Há desmando na área? Deve haver e com o Ministro candidato vai aparecer, seja do inimigo ou fogo amigo, além daqueles do front das escolas particulares, que não podem continuar batendo as públicas. Ainda não falaram da vida pessoal, mas logo vão descobrir que o bonitão é casado com uma dentista, com quem tem filhas. A mulher acompanhou o marido na mudança à Brasília, tendo ido trabalhar no Ministério da Educação, antes dele, por isso tiveram de ajeitar para não parecer nepotismo, quando o esposo passou a ser o chefe da companheira. Fernando Haddad foi cogitado como uma das alternativas para disputar a sucessão de Lula, que ganhou com Dilma Rousseff e manteve no cargo o seu Ministro da Educação.

Educar é coisa séria. Tive a felicidade de estudar em escolas públicas boas, quando fazia feio estudar nas privadas. Em pouco tempo, as escolas deterioraram e o professor deixou de ser um bom partido. Todos nós esperamos – no meu canto do Jornal 247 desejo – que o colega professor Fernando Haddad, um homem de Partido, seja nosso prefeito partido entre a cidade e o povo de São Paulo. Há que mudar, sem que tudo continue como está. Boa sorte professor Fernando Haddad.

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*Geólogo, ex-professor da Universidade de São Paulo – USP e da Universidade de Federal de Minas Gerais – UFMG; foi presidente da Cia. Paulista de Força e Luz – CPFL. [email protected]

 

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