Cunha debocha: dinheiro na Suíça 'não tem nada de mais'
Em entrevista publicada neste sábado, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), sustenta a tese de que fez fortuna com a venda de carne ao Zaire, diz que não tem conta na Suíça, reafirma que não mentiu aos colegas parlamentares e não reconhece nem o crime de sonegação por não ter declarado ser beneficiário de um fundo com recursos no paraíso fiscal; "Não tenho falha nenhuma. Não entendemos que existe esta omissão, entendemos que na medida que você transferiu a propriedade para o trust e tem dez anos, você não é mais proprietário de nada. Eu não tenho ativo", diz ele; o dinheiro, no entanto, pagou vários de suas despesas pessoais

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247 – Em entrevista ao jornalista Valdo Cruz (leia aqui), publicada neste sábado, detalhou sua estratégia de defesa. Um caminho que, na prática, debocha da inteligência alheia. Cunha sustenta que não tem conta na Suíça e diz que nem o fato de não ter declarado os recursos utilizados por ele e sua família à Receita Federal configura sonegação fiscal.
"Não tenho conta não declarada e não tenho empresa offshore, não sou acionista, cotista. Tenho um contrato com um trust, e ele é o proprietário nominal dos ativos que existiam. O trust é responsável pela gestão e as condições pré-contratadas. Sou beneficiário usufrutuário em vida e os meus sucessores em morte", disse ele.
Ou seja: o detalhe técnico, de ser beneficiário de um trust, e não titular de uma conta, na visão de Cunha, afastam a tese de que mentiu aos colegas. "Eu não faltei com a verdade. Eu estou sendo acusado de mentir e não menti", afirmou.
Ele voltou a sustentar a tese de que vendeu alimentos à África e, assim, fez sua fortuna. "Na década de 80, eu fazia atividade de comércio internacional, comprava e vendia mercadorias brasileiras ou até estrangeiras e revendia. Era uma empresa de tributação favorecida. Vendia na maioria produtos alimentares, carne enlatada era um deles. A maior parte era vendida para países da África."
Ele afirma ter ganho cerca de US$ 2 milhões e disse que, depois disso, passou a se dedicar a "operações de Bolsa", ampliando assim sua fortuna.
Sobre o depósito do lobista João Augusto Henriques, que disse ter pago Cunha após ser favorecido num negócio na área internacional da Petrobras, cujo diretor, Jorge Zelada, era mantido pelo PMDB, Cunha saiu-se com outra explicação curiosa. "O dinheiro não é meu, não fui eu quem coloquei. O trust indagou sobre a origem destes recursos, para decidir se aceitaria ou não", afirmou.
Nem mesmo sonegação fiscal ele reconhece. "Não tenho falha nenhuma. Não entendemos que existe esta omissão, entendemos que na medida que você transferiu a propriedade para o trust e tem dez anos, você não é mais proprietário de nada. Eu não tenho ativo."
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