Alô, Dilma: a primeira CPI a gente nunca esquece

Dilma Rousseff ter de enfrentar sua primeira CPI; em todos os governos, elas paralisaram a agenda legislativa e provocaram terremotos; em Braslia, o que se comenta que Carlos Cachoeira organizava um mensalo para liberar o jogo no Brasil; havia at uma tabelinha com o valor de cada deputado

Alô, Dilma: a primeira CPI a gente nunca esquece
Alô, Dilma: a primeira CPI a gente nunca esquece (Foto: Edição/247)


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247 – A primeira CPI é como o primeiro sutiã. Um momento transformador. Um rito de passagem. E que sempre embute dúvidas, riscos e incertezas. Por isso mesmo, como no clássico da propaganda, quando ocorre pela primeira vez, a gente nunca esquece. Desde a redemocratização, as Comissões Parlamentares de Inquérito têm abalado governos no Brasil. Com Fernando Collor, uma só bastou. Foi a CPI do esquema PC Farias, que selou seu impeachment. Com Itamar Franco, a dos “anões do orçamento” provocou grandes estragos. Fernando Henrique Cardoso estreou com a investigação dos precatórios. E a de Lula, a dos Correios, deu vazão ao maior escândalo político da história recente – o mensalão – que está prestes a ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal. Dilma estreará com a CPI do bicheiro Carlos Cachoeira. Uma CPI aparentemente inofensiva para o governo. Mas quem conhece a rotina de Brasília sabe que CPIs nunca são inofensivas. Sabe-se como começam, mas nunca como terminam. Especialmente quando o personagem em questão é um contraventor com tentáculos tão amplos não só no mundo no político, mas também com ramificações na mídia e no Judiciário.

Cachoeira tinha como braço direito o senador Demóstenes Torres, hoje sem partido, que será um dos grandes astros da festa. Mas a investigação pode incomodar parlamentares do PSDB, como Carlos Alberto Leréia, do PT, como Rubens Otoni, do PTB, como Jovair Arantes, e do PP, como Sandes Júnior, entre muitos outros. O risco maior é que a investigação revele o trabalho que Cachoeira vinha articulando para liberar o jogo no Brasil. De acordo com um senador, ouvido pelo 247, o burburinho atual em Brasília diz respeito a uma tabela com o valor de cada deputado. Sim, Cachoeira organizava um gigantesco mensalão para alimentar a sua bancada da jogatina. Eis aí um potencial escândalo para rivalizar com o próprio mensalão.

A CPI terá também o efeito de produzir notícias diárias desde a sua instalação, que pode ocorrer ainda nesta semana, até as eleições municipais. E, com ela, muitos governistas esperam desviar o foco do julgamento do mensalão – que poderá ocorrer também no primeiro semestre deste ano. Como a CPI teve o apoio de parlamentares do PT, muitos líderes da oposição já a veem como uma manobra diversionista para fazer com que os crimes do mensalão prescrevam.

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Se isso não bastasse, Carlos Cachoeira também exercia grande influência na mídia, especialmente na revista Veja, que se alimentou de vídeos e grampos ilegais produzidos por sua quadrilha. O deputado Fernando Ferro (PT/PE) já avisou que irá apresentar requerimento pela convocação de Roberto Civita, dono da Editora Abril. “Ele se associou ao crime organizado e isso não pode ficar impune”, disse ele. Nesse contexto, uma imprensa que sempre mergulhou de cabeça nas CPIs, desta vez, poderá ficar dividida. Parte irá comemorar a investigação, parte irá denunciar supostos ataques à liberdade de expressão no Brasil.

Mas como ficará o governo Dilma diante de tudo isso? Até agora, a presidente construiu uma boa imagem diante da opinião pública conduzindo sua “faxina ética”. Passa a imagem de ser uma pessoa séria, numa Brasília dominada pela corrupção. Ocorre que a CPI chega também em má hora para a presidente, uma vez que sua base de sustentação tanto na Câmara quanto no Senado encontra-se desarticulada. Quando Dilma substituiu seus líderes na Câmara (Cândido Vaccarezza) e no Senado (Romero Jucá), o que se comentava é que as velhas raposas do Congresso estariam se aninhando para pegar a presidente Dilma na próxima esquina.

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Seja como for, grandes emoções nos aguardam.

 

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