Pela 2ª vez, Aécio complica o “aliado” Pimentel
Em 2008, a união do senador tucano e do ministro petista foi anunciada como um marco no debate político brasileiro. Em 2010, o PSDB ignorou Pimentel e fez de Anastasia o governador de Minas. Agora, quatro anos depois da insólita aliança com petistas, Aécio age nos bastidores pela saída do PT da coligação pela reeleição de Marcio Lacerda (PSB)

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Minas 247 - Os petistas mineiros costumam dizer, em tom de elogio pero no mucho, que o ministro Fernando Pimentel é um jogador frio e calculista na hora de fazer política. Por isso mesmo colecionou vitórias dentro do partido: foi prefeito de Belo Horizonte, ajudou a eleger seu sucessor e hoje é o poderoso ministro do Desenvolvimento no governo da amiga Dilma Rousseff. Mas também tem seus dissabores. Os dois maiores vêm do “aliado” Aécio Neves, ex-governador de Minas e atual senador.
Em 2008, os dois foram os protagonistas de uma união que dividiu opiniões no estado mas que, do ponto de vista pragmático, foi vitoriosa: o PT de Pimentel e o PSDB de Aécio apadrinharam um até então desconhecido empresário chamado Marcio Lacerda e fizeram dele o prefeito de Belo Horizonte. A aliança, diziam seus defensores, representaria um “novo patamar” para o debate político brasileiro.
Para Aécio e o PSDB, o acordo permitiu a entrada dos tucanos na Prefeitura de Belo Horizonte após anos de domínio dos petistas. Para Pimentel e o PT, porém, o resultado não foi assim tão feliz. Em 2010, dois anos depois do acordo, os petistas ficaram a ver navios na eleição para governador. Pimentel, que em tese seria o candidato ao cargo, não emplacou, o PT teve de se contentar com a vice do peemedebista Hélio Costa e assistiu à eleição no primeiro turno de mais um desconhecido “fabricado” por Aécio, o hoje governador Antonio Anastasia.
Agora, Aécio novamente complicou a vida do “aliado” Fernando Pimentel. O senador tucano agiu pesadamente nos bastidores da escolha dos candidatos à prefeitura da capital mineira. Fez chegar a Lacerda e ao PSB a mensagem de que o PSDB abandonaria a aliança pela reeleição do prefeito se houvesse proporcionalidade nas eleições para vereadores. A razão explícita era que que, numa chapa proporcional com petistas, os tucanos elegeriam menos parlamentares. Mas era mais do que isso: Aécio sabia que o PT dificilmente aceitaria passivamente não coligar-se também para o Legislativo.
O ex-governador de Minas fez mais. Também avisou que usaria sua influência junto a partidos menores que fazem parte do “chapão” pró-Lacerda: caso a proporcionalidade para a Câmara Municipal fosse aprovada, essas legendas também abandonariam a composição.
O resultado, como se sabe, foi o e-mail do PSB ao PT informando que sairá sozinho na eleição para vereadores. E a consequente decisão da executiva municipal petista de romper com os socialistas em BH e lançar candidatura própria.
Não era o desfecho dos sonhos de Pimentel. No sábado, dia da convenção petista, o ministro compareceu ao encontro do PSB, saudou a aliança com Lacerda e a união das forças políticas no estado.
Petistas favoráveis à reeleição de Lacerda ainda têm esperanças de revisão da decisão da executiva petista na capital. Independentemente do que vier a ocorrer até quinta-feira (prazo final para o registro oficial das candidaturas), porém, o estrago no PT já foi feito: o partido novamente enfrentará uma eleição em BH rachado. Pimentel, por sua vez, demonstrou não ter tanta força quanto se imaginava dentro do próprio partido. Para reverter isso, o jogador “frio e calculista” precisará de algo mais. E, provavelmente, saberá que não poderá mais contar com a “ajuda” do Aécio Neves.
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