"Aí eu ataco!", prometia Rosemary Noronha
E-mails revelados pelo Jornal Nacional mostram como a ex-chefe da gabinente da Presidência da República Rosemary Noronha negociou os cargos de diretor em agências reguladoras para os irmãos Rubens e Paulo Vieira. Ela se referia ao então presidente Lula como "PR" e prometia se valer da proximidade com ele para influenciar nas nomeações. Em nota, ela diz que não favoreceu o ex-ministro José Dirceu ou Lula enquanto esteve no cargo. Mas, até agora, 'Rose' não foi acusada de ter beneficiado ninguém além de sua própria família

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247 - Depois de as mensagens de e-mail enviadas pela ex-chefe de gabinete da Presidência da República em São Paulo Rosemary Noronha mostrarem que ela se gabava de conversar diariamente com o ex-presidente Lula, novas mensagens, reveladas pelo Jornal Nacional, mostram detalhes de como Rose negociou com os irmãos Rubens e Paulo Vieira indicações para cargos nas agências Nacional de Águas (ANA) e Nacional de Aviação Civil (ANAC).
Em 2009 e 2010, Rosemary disse a Rubens e Paulo Vieira que usaria a proximidade com o então presidente Lula para influenciar em suas nomeações. Em mensagem enviada no dia 20 de janeiro de 2009, Rubens se oferece para o cargo. "Vou tentar falar com o PR", responde Rosemary em outra mensagem, usando o termo com que se refere ao 'presidente da República'. Rose diz que vai apresentar Rubens a Lula, só para o então presidente se lembrar dele. "Aí eu ataco!", escreveu.
Em mensagens eletrônicas trocadas entre si, também reveladas pelo Jornal Nacionla, os irmãos Vieira falam em planos de poder na Bahia e em São Paulo. Do outro lado, Rosemary pede a Paulo Vieira emprego para a filha na ANAC. A mensagem foi enviada enquanto ela estava em Maputo, em viagem oficial com o então presidente Lula, no dia 8 de novembro de 2010. Os documentos expostos pelo Jornal Nacional não revelam contato entre Rosemary e Lula, nem por telefone nem por e-mail.
"Devassada"
Em nota distribuída nesta quinta-feira, Rosemary se queixa de ter a vida "devassada" e nega ter cometido irregularidades no exercício do cargo para favorecer o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, a quem assessorou por 12 anos, e o ex-presidente Lula. "Enquanto trabalhei para o PT ou para a Presidência da República, nunca fiz nada ilegal, imoral ou irregular que tenha favorecido o ex-ministro José Dirceu ou o ex-presidente Lula em função do cargo que desempenhavam. Nunca soube também de qualquer relação pessoal ou profissional deles com os irmãos Paulo e Rubens Vieira", escreveu, em nota divulgada por seu advogado, Luiz José Bueno de Aguiar.
O problema é que até agora Rose não foi acusada de ter favorecido ninguém além de ela mesma e de sua própria família. "Há mais de dez anos, tenho com o senhor Paulo Vieira uma forte relação de amizade, hoje abalada por detalhes da operação da Polícia Federal. Mesmo perplexa com o caso, tenho absoluta certeza de minha inocência. Não cometi tráfico de influência nem qualquer ato de corrupção, como em breve ficará provado", defende-se na nota.
Ela também tenta explicar as 24 viagens oficiais que fez quando chefe de gabinete: "Quero dizer que todas as viagens que fiz ao exterior foram por solicitação do cerimonial da PR (Presidência da República), em decorrência de meu cargo e função e, para isso, fiz curso no Itamaraty, não havendo, portanto, nada de irregular ou estranho neste fato".
Rose foi orientada pelo advogado a não dar entrevistas. "Do dia para a noite, tive minha vida devassada e apontada como pivô de um esquema criminoso que atrai a atenção de toda a mídia. Sou, portanto, a pessoa mais interessada em provar que não tive qualquer participação em supostas fraudes em pareces técnicos ou corrupção de servidores públicos para favorecimento a empresas privadas."
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