Poupança vai tomando a dianteira

Aplicao preferida dos brasileiros j rende mais que fundos de renda fixa de curto prazo, mas Tesouro Direto continua imbatvel para quem quer segurana

Poupança vai tomando a dianteira
Poupança vai tomando a dianteira (Foto: Shutterstock)


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Luciane Macedo _247 - A caderneta de poupança, aplicação preferida dos brasileiros, já fornece rendimentos mais polpudos que fundos de renda fixa de curto prazo, e sua atratividade fica ainda mais acentuada conforme a Selic, a taxa básica de juros brasileira, se aproxima de um dígito. A constatação vem de cálculos da Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). Seria hora de mudar? Como ficam outras alternativas de investimento em renda fixa?

O Tesouro Direto continua imbatível em rentabilidade líquida para aplicações entre um e dois anos, com a Selic atual de 9,75% ao ano, indicam estimativas da Anefac. Em seguida, os CDBs (Certificados de Depósito Bancário) são os mais atraentes, ficando os fundos de renda fixa em terceiro lugar e, por fim, a poupança.

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No entanto, em um cenário de taxa básica de juros a 9% ao ano, a poupança bate os fundos de renda fixa em todos os prazos de aplicação e independentemente da taxa de administração, aponta a Anefac. Isso, é claro, se o governo não mudar as regras da poupança, que é remunerada mensalmente em 0,5% mais TR (Taxa Referencial) e não sofre a incidência de tributos ou taxas, como acontece em todas as outras modalidades de investimento.

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"Quem aplica no mercado financeiro sempre acha que a rentabilidade da poupança é muito baixa, mas já vemos um incentivo com a taxa de juros atual", comenta o diretor de Economia da Anefac, Roberto Vertamatti. "Mexer na poupança é um problema político, especialmente em ano de eleição, mas a remuneração vai ter de ser discutida em algum momento se quisermos ter juros mais civilizados", assinala. "Isso não é prejudicar ninguém e nem o pequeno poupador, que é 95% dos aplicadores em poupança, mas ter juros mais civilizados é melhor para a economia como um todo", continua Vertamatti. "É claro que só a poupança não é um empecilho para a redução dos juros, outros mecanismos que não sofreram mudanças desde o Plano Real terão de ser alterados".

No último dia 20, representantes da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio-SP) também discutiram a questão com o economista Antônio Delfim Netto. A Fecomercio-SP apresentou um estudo sugerindo que a poupança seja remunerada com base na taxa Selic. "É um momento próprio para esclarecer a sociedade de que o que está sendo proposto não é um mal, mas um benefício para os próprios poupadores", comentou Delfim Netto em entrevista à Fecomercio-SP ao final do encontro.

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Enquanto o debate se desenrola entre os analistas e o governo continuar sinalizando que a poupança fica como está, o melhor a fazer para quem tem dinheiro em fundos de renda fixa é, como primeira medida, negociar uma redução da taxa de administração para as próximas aplicações. "Mesmo que haja rentabilidade menor no momento, o investidor vai ter melhor rentabilidade no futuro", orienta o diretor de economia da Anefac, lembrando que, dependendo do prazo da aplicação, tirar dinheiro do fundo pode ser desvantajoso por causa da mordida do Leão. Quanto maior o prazo, menor a alíquota de Imposto de Renda, que vai de 22,5% a 15% na hora de resgatar as cotas.

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"A maioria dos fundos de renda fixa não justifica uma taxa de administração alta, cobrar entre 1% e 1,5% já é algo muito razoável para este tipo de fundo, que vai comprar títulos do governo", diz André Massaro, educador financeiro da MoneyFit. Neste patamar de taxas, os cálculos da Anefac apontam que os fundos só são melhores que a poupança para aplicações com prazos acima de seis meses (e taxa de 1%) ou acima de um ano (e taxa de 1,5%).

Com taxa de 0,5%, os fundos são melhores que a poupança em qualquer prazo. Em todos os outros casos, a poupança fica mais vantajosa por causa das taxas mais altas de administração dos fundos, mesmo com as alíquotas decrescentes de Imposto de Renda -- sem esquecer do recolhimento na fonte, o chamado "come-cotas".

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"Nos casos em que estes fundos perdem vantagem para a poupança, a alternativa é migrar diretamente para os títulos de renda fixa, que podem ser do Tesouro Direto ou mesmo CDBs", indica Massaro. "Os títulos do Tesouro Direto continuam vantajosos em relação à poupança, o Brasil é um dos poucos países do mundo onde ainda se consegue obter rentabilidade real, acima da inflação, com títulos do governo", lembra. "E há bancos menores que pagam boas taxas no CDB, entre 105% e 110% do CDI", ressalta o educador financeiro.

Os títulos do Tesouro Direto são garantidos pelo governo federal, mas é preciso respeitar os prazos para garantir a rentabilidade. O investimento em CDBs tem a proteção do Fundo Garantidor de Crédito até R$ 70 mil por CPF, mesmo mecanismo que resguarda os depósitos na caderneta. "Com títulos do Tesouro Direto e vários CDBs, o investidor pode montar seu próprio fundo de renda fixa", completa Massaro.

Na avaliação do educador da MoneyFit, com a taxa de juros atual, que permanece como a mais alta do mundo, ainda não é o momento de aumentar os investimentos em renda variável, embora esta seja a tendência natural à medida que a Selic cair mais e for se aproximando das taxas básicas de juros de economias desenvolvidas.

"As pessoas terão de se acostumar com a renda variável mais presente em seus investimentos", comenta Massaro. "Hoje, no Brasil, uma carteira com 20% em renda variável já é considerada agressiva", diz o educador financeiro. "Mas, nos Estados Unidos, ter 60% do dinheiro em renda variável e 40% em renda fixa é considerado normal".

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