Governo Dilma não acabou, mostra Ibope
"Levantamento sobre a visão dos brasileiros sobre 2016 mostra que o governo possui uma reserva de credibilidade. As mesmas pessoas que dão a Dilma os piores índices de reprovação da história recente dos levantamentos sobre desempenho de governantes dizem que o país pode ter um ano melhor do que 2015. Isso mostra que o governo tem margem para agir e, se atuar na direção correta, sair do fundo do poço", avalia o jornalista Paulo Moreira Leite; "A maioria de 50% a 32% mostra que a população pode não aprovar a presidente, mas não desistiu do país. Minha hipótese: isso pode acontecer porque, apesar do desastroso ano de 2015, não se perdeu inteiramente a memória das mudanças ocorridas no Brasil", completa

✅ Receba as notícias do Brasil 247 e da TV 247 no canal do Brasil 247 e na comunidade 247 no WhatsApp.
Ao examinar a visão dos brasileiros sobre 2016, uma pesquisa do Ibope estimulou profecias previsíveis em diversos Cavaleiros do Apocalipse de plantão nos tele-jornais. Compreende-se.
Para quem está empenhado em tentar demonstrar a incapacidade absoluta de Dilma Rousseff recuperar-se até o fim do mandato -- melodia obrigatória para embalar o projeto de impeachment -- a pesquisa deve ser apresentada como uma prova de que a paciência dos brasileiros esgotou-se e chegou a hora de mandar a presidente para casa sem muita demora.
O problema são os números. Para 50% dos brasileiros, o ano de 2016 será melhor do que 2015. Para 32%, será pior. Trata-se de um resultado claro, sem direito a tergiversações. Embora esse mesmo índice tivesse superado os 70% no início do primeiro mandato de Dilma, é impossível negar o significado de 50% no momento atual. A queda é inegável mas alguém vai achar que era inesperada?
O levantamento mostra que as mesmas pessoas que em todos levantamentos sobre o desempenho da presidente atribuem a Dilma os piores índices de aprovação da história das pesquisas de opinião, acham que o país pode melhorar até o final do ano.
Esta é uma grande notícia para qualquer governo, em qualquer época. Ainda mais para um país que atravessou um ano de recessão e corre o sério risco de repetir a dose em 2016, na opinião da maioria dos analistas, muitos deles simpáticos ao governo e ao PT.
Estes 50% mostram que iniciativas destinadas a melhorar a situação do país -- ou pelo menos tornar o quadro menos ruim -- terão acolhida junto a maioria dos brasileiros. Eles serão capazes de prestar atenção no que o governo vai dizer. Podem até acreditar que poderão vir medidas que podem dar certo. Para eles, em resumo, o governo não acabou.
Os dados sugerem que, mesmo com a popularidade baixíssima, o governo possui uma reserva de credibilidade para agir e tentar encontrar uma saída. Isso é ainda mais notável quando se considera o massacre permanente dos meios de comunicação contra tudo que se faz no Planalto. (Pode-se concluir, daí, que a mídia dispõe de uma credibilidade muito menor do que se costuma acreditar -- mas não vamos discutir isso agora.)
A maioria de 50% a 32% mostra que a população pode não aprovar Dilma, mas não desistiu do país. Minha hipótese: isso pode acontecer porque, apesar do desastroso ano de 2015, não se perdeu inteiramente a memória das mudanças ocorridas no país.
Seja como for, os 50% dão ao governo uma margem para agir. Caso venha a atuar na direção certa, oferecendo respostas que interessam à maioria, pode-se até pensar numa recuperação de verdade.
Esta é a questão a ser encarada, agora.
Assine o 247, apoie por Pix, inscreva-se na TV 247, no canal Cortes 247 e assista:
Este artigo não representa a opinião do Brasil 247 e é de responsabilidade do colunista.
Comentários
Os comentários aqui postados expressam a opinião dos seus autores, responsáveis por seu teor, e não do 247