Reação a notícia falsa do Estadão evidencia a crise do oligopólio da narrativa única
O cacoete falsificador do Estadão busca recuperar protagonismo para um sistema informativo que já reinou solitário e soberano
A maneira como vem se precipitando, no oligopólio dos meios corporativos de comunicação do Brasil, a "cobertura" do desempenho do governo Lula parece confirmar o velho dito de Aparicio Torrelli, o barão de Itararé: "De onde menos se espera, daí é que não sai nada mesmo".
Desde a eleição presidencial do ano passado, seguida por atentados terroristas em 12 e 24 de desembro e a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro, o país assistiu a uma rara tolerância dessa mídia de direita com o governo de frente ampla que se iniciava.
Agora observa-se cada vez mais o retorno dessa mídia ao papel que desempenhava o escorpião em outra conhecida fábula.
Não chega a surpreender que a mesma mídia que engendrou as farsas do mensalão, da Lava-Jato e o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff ensaie agora repetir o mesmo canto monofônico.
A mais recente dessas orquestrações de virada de mesa forjou a notícia falsa que buscou estabelecer ligações entre o ministro da Justiça Flávio Dino e uma suposta "dama do tráfico", título conferido a Luciane Barbosa Farias pelo reacionário Estadão, seguido na mesma toada pelos veículos do conglomerado Globo, Uol-Folha, Jovem Pan et caterva.
Casada com um condenado do Comando Vermelho, Luciane foi indicada pelo governo do Amazonas para a reunião de um conselho no Ministério da Justiça. Jamais esteve com o ministro ou ocupou cargo formal na hierarquia do ministério, nem perto disso.
A fabricação do caso tem todas as marcas da notícia falsa, aquela que usa traços de verosimilhança que são exagerados publicitariamente até atingir a total invenção, alheia a qualquer verdade. Não é à toa que a farsa visando associar o governo ao crime vem a público na iminência da indicação presidencial para a vaga existente no Supremo Tribunal Federal, em que Flávio Dino consta como um dos preferidos do presidente Lula.
Dino, aliás, destaca-se pelo oposto do que sugere essa mídia. É um dos líderes políticos mais empenhados na defesa pública de um Executivo que não apenas não se dobra diante das pressões de qualquer lado do espectro político como desencadeia ações mortais contra a estrutura do narcotráfico. O governo federal assume responsabilidades inéditas nesse combate, lideradas justamente pelo ministro da Justiça e Segurança Pública.
Desconstruir Dino é passo necessário para a reedição do plano maior, o de fragilizar Lula também na área da segurança pública.
Este caso, porém, reveste-se de circunstâncias únicas, por revelar as entranhas da máquina de fake news em que se transformou a mídia corporativa. A tal ponto que um grupo de jornalistas recém-contratados no Estadão insurgiu-se contra a criação de notícias falsas neste caso. Em defesa da ética e do respeito à verdade, os profissionais abriram um processo contra a editora de Política do Estadão, Andreza Matais, citando o assédio falsificador imposto pela hierarca.
Desnecessário dizer que a falsificação tem interesses políticos. Visa gerar conteúdo mentiroso para as redes sociais. Alimenta a máquina de ódio contra o governo democrático e fornece combustível incendiário para o bolsonarismo em busca de reorganização.
Este caso, porém, reveste-se de circunstâncias únicas, por revelar as entranhas da máquina de fake news em que se transformou a mídia corporativa. A tal ponto que um grupo de jornalistas recém-contratados no Estadão insurgiu-se contra a criação de notícias falsas neste caso. Em defesa da ética e do respeito à verdade, os profissionais abriram um processo contra a editora de Política do Estadão, Andreza Matais, citando o assédio falsificador imposto pela hierarca.
O cacoete falsificador busca recuperar protagonismo para um sistema informativo que já reinou solitário e soberano. Esse oligopólio, assolado hoje por uma audiência e profissionais questionadores, enfrenta concorrência à altura.
Seu esforço golpista é evidente, mas será desperdiçado. Está em xeque a era da narrativa única, base para os seguidos golpes que assolaram a história do Brasil. A ordem informativa pela disputa em torno da verdade e da independência chegou para ficar.