Marco Aurélio Mello mostra sua verdadeira face política
Moralista e piegas, Marco Aurélio brada contra a corrupção no Estadão lamentando o fim da ilegal Operação Lava Jato
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Quem é, afinal, Marco Aurélio Mello? O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal notabilizou-se por ser, nos julgamentos da corte, voto vencido. Tal característica conferiu-lhe uma aura de independência: enquanto os outros 10 ministros promoviam “arranjos” para que determinados posicionamentos prevalecessem, ele votava debruçado sobre o texto frio da lei.
Não foram poucos os votos de Marco Aurélio que irritaram seus pares. Ele costumava recheá-los com ironias à visão jurídica dos colegas. No “mensalão”, defendeu o advogado de José Genoíno, Luiz Fernando Pacheco, que teve a fala cassada pelo então presidente do tribunal, Joaquim Barbosa. A este jornalista, disse à época sobre o ocorrido: “Eu vi uma violação a uma prerrogativa do advogado. O advogado não tinha outro meio para escancarar o quadro a não ser ir à tribuna, porque ele tinha interposto, com o réu preso, agravos regimentais e o relator, ministro Joaquim Barbosa, não levava a julgamento esses agravos. É que, infelizmente - eu sou voto vencido - entende-se que não cabe contra a decisão proferida por integrante do Tribunal, mesmo no que alcançando a liberdade de ir e vir, a impetração de habeas corpus. O advogado protestou, protestou da tribuna. E quando foi à tribuna, o advogado o fez de forma ponderada, com urbanidade, como convém”.
Esse mesmo Marco Aurélio, antes aparentemente garantista, é agora entrevistado pelo Estadão (17/03) e tece os mais efusivos elogios à Lava Jato, chegando ao absurdo de afirmar não ver qualquer ilegalidade na relação Moro-Dallagnol - juiz e promotor - no decorrer da operação. Estas foram suas palavras ao jornalão: “Se fala em conluio entre a magistratura e o Ministério Público, julgador e acusador. Que conluio? O diálogo é saudável, o diálogo sempre existiu. O juiz sempre esteve aberto a ouvir o Ministério Público, fazendo a ponderação cabível. Colocar cada qual em uma redoma, em um isolamento de não poderem conversar é um passo demasiadamente largo e não é democrático. Na vida em sociedade, nós temos que presumir a postura digna, principalmente por aqueles que ocupam cargos públicos, e não que sejam salafrários até que provem o contrário”.
Cinicamente, Marco Aurélio classifica uma ação orquestrada entre aquele a quem cabe julgar e aqueles aos quais cabe investigar como “diálogo saudável”. Teria a aposentadoria obnubilado o garantismo do ex-magistrado? Ou só agora, livre dos formalismos impostos pela toga, ele mostra sua verdadeira face política?
Moralista e piegas, Marco Aurélio brada contra a corrupção no Estadão lamentando o fim da ilegal Operação Lava Jato: “Para mim, dar-se a Lava Jato como algo sepultado é ruim até mesmo em termos de ausência de imposição de uma seriedade. A decepção é incrível. E repito que não avançamos dessa forma. Nós retrocedemos. (...) Eu espero viver tempos em que se tenha realmente uma percepção, pelo homem público, de que o cargo é para servir aos semelhantes e não para o ocupante se servir do próprio cargo em benefício dele e da família”.
Esse paladino anticorrupção, quando ministro do Supremo Tribunal Federal, concedeu habeas corpus ao banqueiro Salvatore Cacciola, aquele do banco Marka, cuja carreira foi marcada por crimes financeiros e fuga internacional.
Este colunista entrevistou Marco Aurélio Mello em seu gabinete um ano e nove meses antes de sua aposentadoria. Indagamos ao magistrado o que faria da vida quando deixasse a toga. A resposta foi: “Não vou morrer de tédio. Tenho muito o que fazer”. Está-se vendo agora que tipo de atividade ele programava para seu futuro de aposentado.
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