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André Barroso

Artista plástico da escola de Belas Artes da UFRJ com curso de pós-graduação em Educação e patrimônio cultural e artístico pela UNB. Trabalhou nos jornais O Fluminense, Diário da tarde (MG), Jornal do Sol (BA), O Dia, Jornal do Brasil, Extra e Diário Lance; além do semanário pasquim e colaboração com a Folha de São Paulo e Correio Braziliense. 18h50 pronto

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Treta de Israel

"A extrema direita está se aproveitando e se reposicionando nas redes sociais, para aproveitar brechas e continuar o trabalho de desinformação"

Lula e Benjamin Netanyahu (Foto: Ricardo Stuckert/PR | Reuters/Ronen Zvulun/Pool)

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A cena é Benjamin Netanyahu, com as mãos pingando de sangue, se virando para o presidente Lula e dizendo que ele passou dos limites. Toda a extrema direita brasileira correu nas redes sociais para viralizar o quanto Lula foi fora do tom. Veículos da grande imprensa estão apoiando o discurso dos extremistas, afinal é ano eleitoral e querem ficar do lado daqueles que dão dinheiro para os grandes jornais. Logo depois do discurso do presidente, EUA, Áustria, Bélgica, Bulgária, Croácia, Chipre, Chéquia, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Itália, Letónia, Lituânia, Luxemburgo, Malta, Países Baixos, Polónia, Portugal, Roménia, Eslováquia, Eslovénia, Espanha e Suécia, decidiram pedir cessar-fogo condenando o genocídio em Gaza.

A extrema direita está se aproveitando e se reposicionando nas redes sociais, para aproveitar brechas e continuar o trabalho de desinformação nos grupos de zap. Não importa se as fake news terão no futuro algum desmentido, a propagação e a disseminação do ódio são mais importantes para eles. Afinal, o que o Lula falou?

Celso Amorim já aconselhou Lula que está na direção certa, afinal as declarações oficiais de Israel dizem que os ataques do país são banais, normais em uma guerra. Ora, seria o mesmo que se o governador Cláudio Castro do Rio de Janeiro, em nome da autodefesa, quisesse acabar com traficantes dos morros e da milícia da Zona Oeste disparando mísseis e bombas em toda região, colocasse uma faixa de isolamento não permitindo qualquer ajuda humanitária, água e alimento aos sobreviventes. Quando se fala em banalizar o Holocausto, está ao mesmo tempo tornando esse período como normal.

Lula faz a comparação e toda a extrema direita foca nesse trecho do discurso, para tentar reverter a situação. E quanto a todo o discurso do presidente? Quando ele fala das mais de 30 mil pessoas que morreram, na maioria mulheres, crianças e idosos? Quando alerta para a falta de ajuda humanitária? A reconstrução da faixa de Gaza? Culturalmente, Lula sempre foi um amante da diplomacia. Tanto que nunca viu problemas em conversar com setores da direita para governar o país. Aliás, esse é o mote de um grande governante. Porém, Israel avança com seu projeto sionista de destruição, passando por cima e tendo apoio americano. O presidente brasileiro traz novamente a questão para o debate internacional, se tornando protagonista.

A fala de Lula chamou a atenção não somente dos setores da extrema direita, mas do mundo todo. Nesse momento, o debate retorna às discussões. E ainda foi além. Denunciou Israel em Haia e vai romper relações diplomáticas e econômicas. O mundo precisa mudar de atitude e não pode ficar calado diante do genocídio do povo palestino. Esse protesto está propagando pelo mundo, principalmente em próprio solo Israelense. Netanyahu, que está enfraquecido politicamente, até entre a ala conservadora do país, tenta se salvar através de uma guerra, que nesse momento foi um tiro no pé. O próprio Hamas já nem se encontra na Palestina e o trator da destruição continua exterminando o povo para cumprir o projeto de limpeza étnica e ter o país único.

Netanyahu justificou a guerra sem tréguas citando a religião como suporte de suas ações. Da mesma forma, Hitler, em 1924, na sua autobiografia, o Mein Kampf falava: "E, assim, eu creio, como sempre, que o meu comportamento está de acordo com a vontade do Onipotente Criador. Enquanto me mantiver de pé, serei contra o Judeu, defendendo a obra do Senhor. Recentemente, Netanyahu falou que rejeitava a solução de dois Estados e que apenas tirando ele do poder isso aconteceria. Isso não é genocídio?

Lula se torna pessoa não grata em Israel, no caso, para a extrema direita de Israel. Assim como já é para Milei e Viktor Orbán, ou até para os apoiadores de Bolsonaro. Mas ninguém fala que o Hamas foi criado por Israel para conter o grupo armado Fatah, que lutava contra os 75 anos de extermínio de Israel na Palestina. O próprio chefe de política externa da União Europeia diz que Israel financiou o Hamas. Uma tática criada pelo seu aliado, os EUA que criam o Talibã para combater a União Soviética, armando e financiando e depois se torna um problema para os próprios Estados Unidos.

Palestina livre!

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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