Luiz Inácio Lula da Silva

A crise está na direita, não no governo Lula

Governo Lula vai bem, enquanto a extrema-direita afunda em escândalos e a mídia tenta fabricar crises artificiais

O indiciamento de Jair Bolsonaro pela Polícia Federal por roubo e venda de joias pertencentes ao patrimônio da União e pela falsificação de cartão de vacina contra a Covid-19 constitui a primeira mostra do que vem por aí.  

Bolsonaro e seus acólitos devem ter que enfrentar nos tribunais outros ainda mais sérios indiciamentos por crimes de golpe de Estado, associação para difusão de fake news e por contribuírem para agravar a mortalidade gerada no país em consequência da pandemia de Covid-19. 

Por óbvio, os processos vão atualizar a memória geral e contribuir para agravar o estado de decadência política para o qual caminha a extrema-direita no Brasil,  dificultando as condições de sua competitividade.

Já se fazem notar as debilidades e fissuras desse campo, incapaz de reeditar ao longo do primeiro semestre as mobilizações de rua que já exibiu. 

Sem falar dos entraves que encontra para impor obstáculos decisivos ao governo no Congresso. Ao menos não na medida da força nominal da representação parlamentar oposicionista. 

Menos frequentes, as mobilizações se reduzem aos adeptos mais extremados.

A lista de crimes em que o ex-presidente está arrolado revela-se fardo pesado quando se trata de sustentar um movimento.

O ambiente político, apesar dos espetáculos de personagens cada vez mais bizarros, se desanuvia em comparação com os tempos incandescentes que levaram na condução de Jair Bolsonaro ao poder.

Este é um intervalo de crise da extrema-direita. É também um outono para a articulação da direita tradicional que esteve associada ao bolsonarismo.

Num arranjo pleno de avanços surpreendentes e também de recuos desconfortáveis, parte dela está coligada no Congresso com a frente de apoio ao presidente Lula. Este se abre e se adapta para agregar uma tal amplitude em sua base de apoio, o que lhe tem propiciado vitórias importantes para a realização de seu programa de governo.

Completados 18 meses da posse, vive o mandato presidencial situação oposta à de seus adversários.

A inflação segue em queda convergindo para a meta. Pelo segundo ano seguido, o crescimento da economia vai surpreender as projeções pessimistas (um eufemismo para designar economistas e mídia de oposição). O comportamento do mercado de trabalho e da renda pode superar os melhores resultados do século. 

O desemprego caiu no trimestre encerrado em maio para 7,1%, a taxa mais próxima do recorde de 6,8%, observado em 2014 durante o governo de Dilma Rousseff. O número de pessoas sem trabalho caiu pela primeira vez em muito tempo para abaixo dos 8 milhões.

O Banco Central elevou suas projeções do Produto Interno Bruto de 1,9% para 2,3%, e todas as demais previsões apresentam viés de alta.

Esse crescimento apóia-se no vigor demonstrado pelo mercado interno, reflexo da melhora registrada na massa salarial e no consumo das famílias.  Cresce o investimento em máquinas e equipamentos enquanto o comércio exterior caminha para registrar outro resultado excepcional, próximo  do superávit de US$ 100 bilhões registrado em 2023.

Esses sucessos e suas repercussões políticas futuras, excitam reações ansiosas e contrárias.

A falsa crise do real, tema de tanta celeuma nas últimas semanas, foi usada pela mídia oligárquica a serviço de seus patrões do sistema financeiro. Mais uma vez, o contubérnio mídia-Faria Lima tentou controlar o presidente Lula atribuindo a este culpa por falar em defesa da preservação de valores dos benefícios aos aposentados e dos mais humildes no orçamento. 

Demonstra falta de argumentos querer atribuir a Lula uma flutuação de valor do real que de resto atingiu igualmente dezenas de moedas do mundo. Tentou-se encurralar o presidente e o ministro Fernando Haddad. Estes, porém, dispõem de instrumentos fiscais para, mantidos os contornos gerais de sua política de distribuição de renda e indução do crescimento, realizar ajustes necessários ao manejo da situação da correlação de forças políticas. Segue a carruagem em busca dos dividendos para a sociedade e de suas repercussões políticas para o futuro, pois 2026 já entra no horizonte.

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