Fernando Haddad

Decisão da Moody's mostra que Haddad está no caminho certo e deve ser apoiado pelo PT e pelo governo

Aproxima-se a volta do país à condição de bom pagador. Atingido este grau, volumosos fluxos de investimento estarão liberados para estimular o crescimento

A essa altura já é de amplo conhecimento a elevação da classificação de risco dos títulos da dívida brasileira pela agência Moody's, uma das três mais respeitadas do mundo. 

Agora, o Brasil está classificado apenas um degrau abaixo do assim chamado grau de investimento, o patamar mais alto. Mais do que isso, a agência sinalizou uma perspectiva positiva para uma nova elevação da nota nos próximos meses.

A classificação do país subiu de Ba2, dois níveis abaixo do grau de investimento, para Ba1, um nível abaixo dessa categoria. O grau de investimento representa a avaliação de que o país não corre risco de deixar de honrar sua dívida pública.

A conquista deve ser atribuída principalmente, como registra comunicado da Moody’s,  ao robusto crescimento da economia brasileira nos últimos anos. Vale notar, porém,  que esse crescimento decorre por sua vez do trabalho incansável do presidente Lula, de seu fiador, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Este e sua equipe vêm contornando imensas dificuldades para fazer o país crescer ao mesmo tempo em que constroem o indispensável apoio político para manter a governabilidade e realizar as reformas, negociando intensamente com a Câmara,  o Senado e o Judiciário 

De maneira engenhosa, Lula e Haddad, depois de assumir em meio a uma intentona golpista, conseguiram, contra todas as previsões dos analistas do mercado, abrir uma vereda de crescimento robusto sobre bases fiscais coerentes, e construir a sustentação política necessária para que o conjunto do arranjo tivesse credibilidade.

Já pela mídia brasileira associada à Faria Lima a elevação da nota brasileira foi recebida com choque, seguido de muxoxos e até lágrimas de crocodilo. Com a Moody’s, absolutamente todas as previsões de baixo crescimento e queda iminente do edifício econômico, a torcida pelo desastre, se desmancharam no ar. A surpresa decepcionada tomou conta dos analistas e economistas sabichões associados ao rentismo. A ciência dos doutores cobriu-se de miséria. Baixada a névoa,  ficou claro que o fanatismo contra Lula os leva a perder o pulso da economia e a ambicionar que o Brasil vá mal. A ironia é que os acordes a anunciar o fracasso desses falsos profetas venham justamente das trombetas sopradas de seu templo sagrado: Wall Street. 

A boa nova não representou, porém, qualquer surpresa para quem acompanha este 247. Em pouco mais de um ano, ao menos quatro editoriais, como este, registraram que o cenário econômico e fiscal apresentava sinais muito positivos, na contramão do que apontava o "mercado" e a mídia hegemônica. Estes desprezavam os dados objetivos da realidade para se guiarem por preconceitos políticos direcionados contra Lula e o Brasil. Agora os doutores já correm atabalhoados a jogar água fria no otimismo, alertando de novo que o país corre o risco iminente de desequilíbrios gravíssimos e sem controle. 

A agência Moody's mencionou, como razões da melhoria do crédito atribuído ao país, o crescimento da economia e as reformas econômicas e fiscais recentes. A Moody's ressalta a relevância do compromisso com as metas fiscais e com a trajetória de estabilização da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

Entre as reformas mais importantes, a Moody’s destacou a reforma tributária. Segundo a agência, o novo sistema aperfeiçoará o ambiente de negócios e a alocação de recursos, aumentando o potencial de crescimento no longo prazo. A Moody’s também citou a agenda de transição energética para atrair investimentos privados e reduzir a vulnerabilidade do país a choques climáticos.

Em relação às contas públicas, o comunicado informou que a Moody’s espera uma melhora gradual nos resultados primários do governo nos próximos três anos. A agência se baseia nos esforços para aumentar as receitas, principalmente por meio de medidas de arrecadação das classes mais ricas, e nas iniciativas de revisão de despesas.

Apesar da dívida pública e dos juros elevados, a Moody’s destacou que o Brasil tem expressivos ativos líquidos. Desde 2006, o país é credor externo, com as reservas internacionais superando a dívida externa. 

A agência também sublinhou que o governo brasileiro se financia principalmente em moeda local no mercado doméstico, em vez de buscar moeda estrangeira no mercado internacional.

Não escapou ao diagnóstico da Moody's uma consideração sobre o apoio que a agenda econômica do governo vem obtendo junto ao Congresso, onde Lula vem construindo ampla base, mesmo que instável em algumas situações.  Vale notar que o presidente partiu de uma base fiel muito estreita e logrou muito mais. É o resultado da arte de Lula, à testa de uma frente ampla bem sua articulada por seus líderes e ministros. 

Aproxima-se a volta do país à condição ambicionada de bom pagador. Atingido este grau, volumosos fluxos de investimentos vão estar liberados para estimular ainda mais o crescimento. 

Antes, o Brasil só tivera o selo de bom pagador no período de 2008 a 2015, também em governos petistas.

É mera coincidência que os governos fiscalmente mais responsáveis sejam vilipendiados sob o viés ideológico mais empedernido?

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