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Valter Pomar

Historiador e integrante da Direção Nacional do PT

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2018

A pior das ilusões é a que ouvi, talvez não por coincidência, no Dia da Criança: se viéssemos a perder as eleições agora, voltaremos em 2018

A pior das ilusões é a que ouvi, talvez não por coincidência, no Dia da Criança: se viéssemos a perder as eleições agora, voltaremos em 2018 (Foto: Valter Pomar)

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Em 2010, na campanha eleitoral, eu ouvi que o melhor controle social da mídia seria o controle remoto.

Acontece que o oligopólio da mídia tem várias cabeças, mas fala uma só língua. E de pouco adianta mudar o canal.

Em 2013, lá na Quadra dos Bancários, durante o ato de inauguração do XIX Encontro do Foro de São Paulo, eu ouvi que os jornais estariam superados, que o futuro seria digital etc e tal.

Acontece que as redes não são tão democráticas e neutras como parecem ser. E, sem redações permanentes de nosso lado, quem define a pauta é o lado de lá. E se jornais e revistas semanais fossem instrumentos dispensáveis na luta política, por quais motivos a classe dominante investe tanto nos seus?

No início de 2014, eu ouvi que "venceríamos no primeiro turno", até porque nossos inimigos seriam "anões políticos".

A crença na vitória em primeiro turno eu já conhecia, de 2006 e de 2010. Nos dois casos, só serviu para produzir desânimo na tropa, quando chegou o segundo turno.

Já quanto aos "anões políticos", bom...

Aécio é um playboy, o candidato perfeito dos coxinhas e das madames. Mas não é a primeira vez que a direita brasileira recorre, no desespero, a "salvadores da pátria". Ademais, como subestimar um inimigo que prosseguiu mesmo quando viu sua campanha virando pó?

Lá para maio de 2014, foi a época das ilusões na chamada terceira via.

Havia de tudo: os que achavam que a terceira via não ia ter candidato, os que achavam que se tivesse não decolaria, os que achavam que se decolasse poderia ser até melhor, os que achavam que a candidatura da terceira via poderia nos apoiar contra os tucanos....

Hoje sabemos onde foi parar a terceira via.

A partir de setembro de 2014, foi a vez das pesquisas. Cada uma que saia apontando que podíamos ganhar no primeiro turno, consumia energias imensas em discussões infindáveis...

Agora, o mesmo: cada pesquisa que sai, gera também discussões infindáveis, consumindo energias que poderiam ser melhor aplicadas no debate político com a população.

Existem os que acreditam que, com nossos 10 minutos no programa de TV, seremos capazes de responder-bem-respondido cada uma das acusações feitas nas demais 23 horas e 50 minutos da programação...

Melhor, penso eu, utilizar nosso tempo demarcando os dois projetos e apontando ações de futuro que empolguem a classe trabalhadora, os setores populares, a juventude, as mulheres, os setores progressistas e de esquerda, todos os setores que vão garantir a nossa vitória.

Mas a pior das ilusões é a que ouvi, talvez não por coincidência, no Dia da Criança: se viéssemos a perder as eleições agora, voltaremos em 2018.

Bom, todo mundo é livre para sonhar. No caso, me fez lembrar uma história ilustrada da Segunda Guerra, da editora Renes, que eu lia quando tinha uns 10 anos.

Eram vários títulos: Tobruk, Guadacanal, Comandos, A batalha das Ardenas, O Dia D...

Dentre tantos, me impressionaram muito os que contavam a história da invasão da URSS.

No começo, os nazistas entraram com tudo. Mas a partir de certo momento, a resistência foi crescendo e a ofensiva nazi foi perdendo energia.

Há mil e uma razões para isto. Mas nos livrinhos da Renes, era citada uma que nunca esqueci: os nazistas eram muito cruéis.

Cruéis com o povo, pois eles consideravam que os eslavos eram um povo inferior. Para usar a linguagem de alguns coxinhas, os eslavos eram "nordestinos".

E cruéis com os oficiais do Exército e com os militantes do Partido, para quem havia ordens de fuzilamento sumário. Para usar a linguagem de algumas madames, eram "petralhas corruptos".

A crueldade nazista era tamanha, que num determinado momento da guerra não era mais necessário convencer ninguém: cada cidadão soviético, cada soldado raso, cada dirigente do governo ou do exército, sabia que a luta era de vida ou de morte.

Ou derrotavam os nazistas, ou seriam transformados em escravos por muitas e muitas gerações.

Acho que esta convicção, entranhada em cada indivíduo, motivou boa parte da bravura, do empenho, do espírito de sacrifício, de milhões de combatentes que, no final das contas, ganharam a guerra e derrotaram os nazistas.

Isto posto, a quem fica se iludindo sobre 2018, eu prefiro dizer o seguinte: o caminho para ganhar em 2018 passa por ganhar em 2014.

Se um feitiço entregasse a presidência ao playboy dos coxinhas e das madames, não acredito que viveríamos quatro anos normais e depois uma "eleição limpa".

Se um feitiço entregasse a presidência ao playboy dos coxinhas e das madames, o mais provável é que tivesse início um período de muitos anos de perseguição contra o povo, contra os sindicatos, contra os movimentos sociais, contra a esquerda, contra o PT e especificamente contra Lula.

Afinal, as elites aprenderam com 2005. Naquele ano, eles acharam que nós íamos sangrar, sangrar e perder nas eleições. E, de fato, nós sangramos, sangramos, mas também lutamos e ganhamos em 2006 e 2010.

Agora, se um feitiço desse a presidência ao playboy, é muito pouco provável que a direita cometesse o mesmo erro de 2005. Pelo contrário, tentariam criminalizar, processar e condenar o maior número possível de lideranças da esquerda. A começar por aquela que é a liderança mais querida pelo povo brasileiro.

Por tudo isto, não cabe ter nenhuma, absolutamente nenhuma ilusão no lado de lá. Eles já demonstraram várias vezes não ter limites.

É preciso que nossa militância, nosso eleitorado, nosso povo tenha muito claro o que está em jogo, até porque esta consciência aumenta o empenho que todos e todas estamos dedicando à reeleição de Dilma Rousseff.

E é desse empenho, do empenho de cada um dos milhões de brasileiras e brasileiros que sabem o que está em jogo, que virá nossa vitória no dia 26 de outubro.

* Este é um artigo de opinião, de responsabilidade do autor, e não reflete a opinião do Brasil 247.

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