Decisão histórica de Alexandre de Moraes contra Musk e o X é exemplo de combate ao golpismo e lição de soberania
O exemplo de Moraes é raro nesses tempos dominados por assédio, medo e tibieza
A ordem do ministro Alexandre de Moraes de suspensão das operações da rede social X no Brasil é lapidar, histórica e deve merecer todo apoio.
Ela representa um basta ao proprietário da rede X, Elon Musk, um trilionário arrogante e mimado, alinhado à extrema-direita estadunidense e sua variante brasileira.
A decisão tem repercussões importantes, além de múltiplos significados.
Como todos os expoentes do imperialismo, Musk julga-se imune às leis e acima das instituições de países que considera vassalos.
Só que a Justiça brasileira, após tantos episódios negativos do passado, fez ver que neste país e neste episódio as coisas não são assim. Há algo de inédito e singular diante do país.
Permite entrever o ideal de uma Justiça num país em que o poder ou a fortuna igualmente estariam submetidos à ideia de que todos são iguais perante a lei.
No dia a dia, o país ainda está longe disso. A decisão de Moraes abre um clarão. Estabelece um exemplo para que o país afinal exerça sua soberania contra a situação de submissão ao domínio estrangeiro e da riqueza sobre suas decisões soberanas. Permite vislumbrar uma situação de soberania em todos os setores, de acordo com a prevalência dos interesses nacionais.
O impulso inicial e específico de Moraes, em nome do Supremo Tribunal Federal visa dar um limite à difusão criminosa, indiscriminada e obsessiva de notícias falsas a respeito do sistema de Justiça brasileira.
De fato, a rede X, sob as ordens de seu presidente e proprietário, Elon Musk, tornou-se um santuário para facínoras de extrema-direita, criminosos foragidos da Justiça que reincidiam em seus delitos de difusão de discursos de ódio contra tribunais, juízes, e, fundamentalmente, contra a legalidade da eleição de Lula. As contas da plataforma que apoiavam a tentativa de golpe de 2023 e incitavam à derrubada do governo Lula são abrigadas sem qualquer restrição naquele valhacouto digital.
Alguns desses golpistas apoiadores de Jair Bolsonaro haviam sido condenados e proibidos de continuar difundindo seu conteúdo criminoso na rede X. Musk insistia reiteradamente em abrigá-los ao arrepio de dezoito seguidas determinações judiciais em contrário. Defendia criminosos. Ele mesmo insistia em endossar pessoalmente os ataques.
Ao contrário, reincidiu numa campanha de ofensas contra Moraes e o STF publicadas em sua rede social. Fustiga o que chama de "regime", a "ditadura" imposta pelo juiz ao Brasil.
Jamais em qualquer país do mundo uma rede social foi usada de maneira tão escandalosa por seu proprietário para atacar explicitamente uma instituição e um indivíduo, Moraes.
Não se pode ignorar a associação cada vez mais explícita de Musk com os planos de Donald Trump, nos EUA, e Jair Bolsonaro.
No Brasil, a atitude de Musk equivale a uma nova tentativa de reincidir numa prática golpista pela desmoralização da Justiça e pelo negacionismo em relação ao golpe e seus autores.
O exemplo de Moraes é raro nesses tempos dominados por assédio, medo e tibieza. Ao incluir a Starlink, outra empresa de Musk, no rol dos potenciais atingidos pela Justiça, o STF traz à luz a dependência perigosa das Forças Armadas brasileiras em relação a interesses contrários ao Brasil. As Forças Armadas brasileiras não operam sem a Starlink.
Será que o país deve seguir submetendo sua segurança estratégica a negócios de um golpista fora da lei?
Seja como for, agora o país deu um basta, pela voz de Alexandre de Moraes. Não pode haver volta atrás.
Bolsonaro é Musk. Musk é Bolsonaro. Este perde agora mais uma tentativa de desmoralizar e vandalizar a Justiça brasileira. Acabou.