Denúncia vazia da Folha e de Greenwald contra Alexandre de Moraes só serviu aos interesses de Bolsonaro
O papel da imprensa deve ser o de fortalecer a democracia – e não de miná-la e enfraquecê-la, como tentou fazer a Folha
A recente cobertura do jornal paulistano Folha de S.Paulo acerca das ações do ministro Alexandre de Moraes, em reportagens assinadas por Glenn Greenwald e Fábio Serapião, levanta sérias questões sobre a imparcialidade e as motivações políticas que se ocultam por trás dessas matérias.
Ao acusar o ministro de supostas ações ilegais na investigação das redes de fake news e milícias digitais, o jornal parece ignorar, ou pior, distorcer, a solidez específica das condutas de Moraes, além de ceder aos interesses políticos de defesa do bolsonarismo.
Desde que assumiu a condução do inquérito das fake news, Alexandre de Moraes tem enfrentado um cenário de constantes ataques, vindos especialmente dos que se sentem ameaçados por sua atuação firme em diversos inquéritos, da tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro à campanha de descrédito contra o sistema eleitoral brasileiro, das milícias digitais à disseminação industrial de fake news. Não por acaso, todos os inquéritos apontam para uma mesma organização criminosa, o denominado gabinete do ódio, sob o comando do próprio ex-presidente Jair Bolsonaro e seu clã.
Tudo leva a crer que nos próximos meses vários desses inquéritos a cargo de Moraes, convergirão em diversas denúncias que poderão resultar em condenações, inclusive do próprio Bolsonaro. Não está excluída a hipótese de que o ex-mandatário tenha que cumprir pena de prisão em regime fechado por crimes contra a ordem democrática.
Por isso, em diversas ocasiões, Bolsonaro tem procurado desacreditar o ministro Moraes. O intuito, por vezes rudimentar, visa a questionar imparcialidade de Moraes como comandante das ações penais, ou seja, declarar sua suspeição. Além das inúmeras ofensas públicas, algumas seguidas por falsas desculpas, Bolsonaro apelou para todo tipo de recurso. Aliados seus já tentatam até mesmo flagrar declaração comprometedora do ministro, em gravação secreta e obviamente ilegal, sem sucesso.
Se existe um graal buscado por Bolsonaro, este envolve a remoção de Moraes do comando dos inquéritos. Na lei ou na marra, como é do seu estilo.
Agora, a narrativa apresentada pela reportagem da Folha fortalece o intuito tumultuoso do bolsonarismo.
O jornal acusa Moraes de desobedecer formalidades na condução do processo, criminalizando condutas que são absolutamente legais, como atestaram em solidariedade os próprios ministros do Supremo, o chefe da Procuradoria-Geral da República, Paulo Gonet, e diversos juristas.
Desde o início de sua gestão, Bolsonaro tem se insurgido contra Moraes na tentativa de evitar ser punido por suas ações destinadas a desmoralizar a confiabilidade das urnas eletrônicas, além de seus ataques ao próprio Moraes, ao TSE e ao STF.
Ao afirmar que as ações de Moraes são ilegítimas, a Folha parece ignorar deliberadamente a gravidade do problema das fake news e a necessidade de uma resposta institucional forte.
Alexandre de Moraes solicitou relatórios e complementações de investigações a técnicos e auxiliares de modo absolutamente regular e republicano, dando dessas ações conhecimento amplo. Buscava apurar notícias e queixas contra expoentes da indústria de calúnias e fake news que se confunde com a maneira de ser do bolsonarismo.
Já a Folha, Greenwald e Serapião publicaram as acusações sem ouvir concomitantemente o outro lado, ou seja, o próprio Moraes.
Em um momento em que a democracia brasileira é constantemente ameaçada por forças golpistas que tentam minar a confiança nas instituições, o papel da imprensa independente deveria ser o de fortalecer e proteger a democracia, e não o contrário.
Conforme destacado pela presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, a investida da Folha contra Moraes serve diretamente aos interesses de grupos golpistas, ao tentar desacreditar um dos principais defensores da legalidade jurisdicional e da ordem democrática no país. Hoffmann sugere que a cobertura do jornal, ao invés de informar com precisão, atua a serviço de agendas obscuras que buscam desestabilizar o Estado de Direito.
A liberdade de imprensa é um pilar fundamental da democracia, mas é preciso que essa liberdade seja exercida com responsabilidade e compromisso com a verdade. Quando veículos de comunicação optam por atacar figuras públicas que trabalham em prol do interesse coletivo, com base em reportagens que carecem de equilíbrio, checagem, isenção e rigor técnico, eles se tornam cúmplices daqueles que buscam subverter a democracia.
É imperativo que o jornalismo brasileiro recupere seu papel de guardião da verdade, denunciando, sim, abusos de poder, mas também reconhecendo e apoiando aqueles que, com coragem e determinação, defendem a legalidade e os princípios democráticos. A adesão da Folha à campanha contra Alexandre de Moraes, ao contrário do que tenta sugerir, serve apenas para reforçar a narrativa dos que querem ver a democracia brasileira enfraquecida e suas instituições desacreditadas, perfilando-se, assim, com o ideário e a prática nefasta do bolsonarismo.
Ao fim da semana, a própria Folha concedia ao factoide espaço cada vez mais modesto.
Os seis gigabytes de conversas podem ter sido obtidas de um celular de um auxiliar de Moraes, apreendido numa operação da polícia do governador Tarcísio de Freitas.
Podem ter sido entregues por vingança ao jornal por este mesmo funcionário, demitido pelo ministro.
Seja como for, nunca tantos bytes deram margem para tão pouca notícia provada e verdadeira.