É preciso investigar quem financia a campanha contra Haddad

Há um movimento orquestrado de difusão de fake news contra Haddad

247 – Desde Primeiro de janeiro deste ano até 18 de julho, o ministro Fernando Haddad foi mencionado 2 milhões de vezes, o que resulta em uma média de 10.050 citações por dia. 

Por seu volume e foco trata-se de uma campanha de evidentes intenções políticas baseadas em mentiras.

O alvo da patranha busca estigmatizar mentirosamente o cerne do governo Lula que é sua política econômica. 

As menções e memes são padronizados, obedecem a modelos de variação, o que evidencia um movimento orquestrado de difusão de fake news contra Haddad. O ministro é associado ao aumento de taxas, o que se trata de uma falsidade. 

Como informou o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, a carga tributária, que no governo Bolsonaro chegou a 33,7% do Produto Interno Bruto, baixou para 32,4% no ano passado. 

O dado motivou que a presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, viesse a público defender Haddad. O mesmo aconteceu com o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, que no mesmo contexto fez questão de elogiar a atuação "incansável" de Haddad à frente da condução da economia brasileira.

São ataques feitos com uso de inteligência artificial sem que se conheçam seus reais autores. Pelo volume das inserções, depreende-se investimentos vultosos. A intenção é clara: atingir a imagem da gestão de Haddad. 

Estigmatizam o ministro porque ele e Lula prejudicaram interesses muito poderosos ao incluir os muito ricos na base tributária do país. Antes do governo Lula 3 e Haddad os milionários pagavam uma parcela menor de impostos em relação à sua renda do que os mais pobres.

Esta gestão já começou a reparar essa chaga histórica. São avanços evidentes a tributação dos fundos exclusivos, das offshores e agora a reforma tributária, que estava travada há mais de quatro décadas. Com essas medidas, finalmente começa-se a inverter a ênfase da taxação de impostos no Brasil. Estamos vivendo, afinal, uma silenciosa Constituinte tributária, mais condizente com o espírito da Carta de 88.

Além disso, a campanha se acentuou justo no momento em que se ampliou a faixa de contribuintes cujos rendimentos estão isentos de pagamento de imposto, para não falar de que muitos poderão se valer do novo "cashback".

Há que considerar ainda que a campanha contra Haddad tenha já conotação eleitoral. As classes dominantes brasileiras, historicamente reacionárias, alinham-se em torno do substituto do inelegível Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcisio de Freitas, para quem já fazem essa campanha antecipada. 

Tentam conter o potencial de atração de Haddad junto a setores que têm se mostrado permeáveis à atuação do ministro, equilibrada, mas distributivista.

Ao doar a Sabesp, Tarcísio passou no teste do chamado andar de cima. Volumosa e sorrateira, a campanha constitui crime. Precisa ser investigada e seus responsáveis punidos com o rigor da lei. Sem prejuízo da imediata regulamentação do uso da inteligência artificial em campanhas políticas nas redes.

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