Pesadelo fascista na UnB: a caça às bruxas pega até quem não é "bruxa"
"A escalada fascista está atingindo dimensões surreais. Conheço há mais de vinte anos o historiador e jornalista Hugo Studart, professor da UnB que dá aulas sobre o período da ditadura militar e foi denunciado por um aluno anônimo por suposta doutrinação comunista. Fui colega de trabalho do Studart em mais de um lugar e posso dizer com certeza: se tem uma coisa que ele decididamente não é, é esquerdista, muito menos comunista", diz o professor Igor Fuser, da Universidade Federal do ABC

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Por Igor Fuser, em seu facebook – A escalada fascista está atingindo dimensões surreais. Conheço há mais de vinte anos o historiador e jornalista Hugo Studart, professor da UnB que dá aulas sobre o período da ditadura militar e foi denunciado por um aluno anônimo por suposta doutrinação comunista.
Fui colega de trabalho do Studart em mais de um lugar e posso dizer com certeza: se tem uma coisa que ele decididamente não é, é esquerdista, muito menos comunista. Ao contrário, suas posições como historiador,ao abordar temas do regime militar e especialmente da luta armada naquele período, fizeram com que ele recebesse duríssimas críticas, vindas do campo da esquerda, e que não cabe aqui avaliar.
O que importa é assinalar a loucura que estamos vivendo no Brasil. Um estudante com todos os sinais de estar intoxicado pela lavagem cerebral da ultra-direita, e sabe-se lá com qual motivação oculta, se vale do anonimato para acusar um professor de "comunista", como se isso fosse um crime, e essa peça acusatória, apesar de sua gritante fragilidade, é suficiente para transtornar a vida profissional e pessoal do acusado -- que é obrigado a se defender do ataque de alguém que nem sequer mostra seu nome.
Esse clima de pesadelo – retratado melhor do que ninguém por Bertolt Brecht em sua peça teatral "Terror e Miséria do Terceiro Reich" --
é um dos traços que caracterizavam a Alemanha nazista, a Itália fascista, os Estados Unidos durante a "caça às bruxas" do macartismo, a União Soviética no período stalinista. Agora começa a fazer parte do cotidiano no Brasil do golpismo.
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