“Nós vamos derrotar esse relatório”, diz Álvaro Dias

CPMI do Cachoeira chega a impasse com apresentação de pelo menos três votos em separado ao relatório do deputado Odair Cunha (PT-MG). Reunião para votar o documento final da comissão está marcada para esta manhã

“Nós vamos derrotar esse relatório”, diz Álvaro Dias
“Nós vamos derrotar esse relatório”, diz Álvaro Dias (Foto: George Gianni / PSDB)


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Goiás247_ O senador Álvaro Dias (PSDB-PR) disse ontem em entrevista à Rádio Senado que a oposição vai derrubar o relatório da CPMI do Cachoeira. O motivo da insatisfação do tucano é o pedido do indiciamento do correligionário Marconi Perillo, governador de Goiás, feito pelo relator, deputado Odair Cunha (PT-MG).  “Nós vamos derrotar esse relatório. Ele é insuficiente, apenas colocou questões já investigadas pela PF e deixou de avançar. A CPI está chovendo no molhado”, afirmou o Dias, que vai apresentar voto em separado na reunião da CPI que está marcada para acontecer nesta manhã e que prevê a análise final do relatório.

Motivada pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal, que levou à prisão de Carlinhos Cachoeira e lançou luz sobre um amplo esquema de tráfico de influência e fraude de licitações públicas, a CPI mista que investigou o caso tem a missão de avaliar texto de 5 mil páginas de Odair Cunha, que provocou intensa polêmica, contrapondo a bancada do governo e a da oposição, já foi lido resumidamente pelo relator, mas teve sua votação adiada duas vezes.

Além de Perillo, Cunha pede indiciamento de dezenas de pessoas ligadas a Cachoeira. O relatório, porém, excluiu os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), amigo do dono da Delta Construções, Fernando Cavendish, cujo indiciamento é pedido no relatório.

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Depois de várias críticas, Odair excluiu, em uma segunda versão de seu relatório, o pedido de investigação, pelo Conselho Nacional do Ministério Público, do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, assim como o pedido de indiciamento do redator-chefe da revista Veja Policarpo Júnior e de outros quatro jornalistas.

Relatório alternativo

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O texto de Odair Cunha não será o único texto a ser votado. Um voto em separado, do deputado federal Ônix Lorenzoni (DEM-RS), coloca mais foco sobre a empreiteira Delta Construções, que de acordo com a PF estava envolvida no esquema de Cachoeira e repassou quase R$ 100 milhões a empresas de fachada.

A Delta detém contratos em diversos estados e prefeituras, e se destaca em obras de âmbito federal. Para Lorenzoni, a maioria na CPI “acovardou-se” ao não permitir o avanço nas investigações sobre o esquema de desvio de dinheiro público com a participação da Delta.

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O deputado do DEM destaca que, em 2011, a Delta recebeu mais de R$ 884 milhões do governo federal, tornando-se a maior empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Segundo ele, dados provenientes de quebras de sigilo revelam uma série de operações suspeitas, ocorridas principalmente em meses eleitorais.

Na segunda-feira, o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR), disse que também apresentará voto em separado questionando uma série de pontos que deixaram de ser investigados pela CPI, como os repasses da Delta para empresas de fachada do Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás, o crescimento de seus negócios com o governo após contratação de consultoria do ex-ministro José Dirceu e remessas suspeitas ao exterior.

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A ausência de investigações profundas sobre as atividades da Delta também tem sido apontada pelos senadores Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) e Pedro Taques (PDT-MT), o que pode motivar um segundo voto em separado.

Abaixo, pontos polêmicos relacionados ao texto:

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* Ministério Público: Pedido de investigação do procurador-geral da República, Roberto Gurgel desagradou a vários parlamentares. O relator sugeriu ao Conselho Nacional do Ministério Público que apure a possível omissão dele em relação à Operação Vegas, conduzida pela Polícia Federal.

* Jornalistas: Também desagradou a parte dos parlamentares o indiciamento do jornalista da Veja Policarpo Júnior por formação de quadrilha. Para o relator, ele teria “extrapolado o limite da relação entre fonte e jornalista”.

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* Laranjas: Quase meio bilhão foi repassado pela construtora Delta a empresas consideradas laranjas, e a CPMI só quebrou o sigilo de 20% delas.

* Requerimentos: Os trabalhos da comissão terminaram e mais de 600 requerimentos de convocação e quebras de sigilo nem sequer foram analisados.

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* Governadores: Apesar da proximidade entre o dono da Delta, Fernando Cavendish, e do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), não houve investigação sobre o assunto. O pedido de investigações do governador de Marconi Perillo, do PSDB, e a exclusão do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, do PT, também irritou a oposição.

* Cavendish: Foi indiciado apenas por formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. O relatório não lista outros crimes que teriam sido cometidos pelo dono da Delta, que sequer teve o sigilo bancário quebrado.

* Contas no exterior: Carlinhos Cachoeira teria contas fora do país, fato que não chegou a ser apurado pela comissão.

* Caixa 2 do PT: O ex-diretor do Dnit, Luiz Antônio Pagot confirmou que atuou junto a empreiteiras para pedir recursos para campanha do PT, mas o assunto não foi levado adiante pela CPI, para revolta de opositores do governo.

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